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*POV YOU*

As meninas chegaram para mais uma noite de confraternização, isso já fazia parte da nossa rotina. Ter esse ciclo de amizade tão movimentado fazia com que eu e Roberta sentíssemos menos falta de nossas casas, amigos e familiares, não que isso não ocorresse, mas procurávamos nos distrair mais para que a saudade não doesse tanto.

- Elif, trouxe baklava? – A levantadora turca riu, e entregou a vasilha do doce feito pela sua mãe. – Vem, gente! Podem entrar, Hande já está na sala.

As meninas foram ao encontro da turca que já havia chegado, exceto Saliha, que foi comigo para a cozinha guardar as bebidas e alguns petiscos que elas trouxeram.

- Ei, Bae! Como vão as coisas entre você e a Yas? – Perguntei enquanto lavava algumas garrafas de refrigerante.

- Estão muito bem, sabia? Eu sou apaixonada por ela e eu sinto que é bem recíproco. – Ela deu de ombros – Só não sabemos como vamos contar isso para os pais dela. Os meus já sabem.

- Eles foram de boa quanto a isso? – Perguntei esticando a mão para que ela me passasse as garrafas de cerveja.

- Foram, no fundo eles já sabiam. Acho que todos os pais desconfiam – Nós rimos daquilo.

- Eu acho que sim, os meus sempre souberam. Mas você já conhece os pais dela, né? – Saliha confirmou. - Então não vai ser difícil eles gostarem de você. Você é um amor... – Ela me lançou aquele olhar tão fofo.

- Eu espero que sim, não sei no que isso vai impactar a gente, entende? – Saliha falava com um tom de preocupação – Sei o quanto a família dela é importante, eles são conservadores e e não quero ficar entre eles.

- Você não vai. E você não pense em desistir caso algo saia daquilo que planejou. Vocês se amam e merecem uma a outra. E se precisar de qualquer coisa, inclusive conversar com eles, eu estou aqui. Dou um jeitinho brasileiro.

- Você não existe, sabia? – Ela passou o braço pelo meu ombro e meu deu um beijo em meu rosto. – E você já pensou no que vai fazer com a Hande?

- Pois é, também gostaria de saber. – Simge deu as caras na cozinha com um sorriso desafiador no rosto. – Eu espero que você seja bem esperta.

- Eu já pensei em algo, queridinha – Fui em sua direção para abraça-la. – Quero ver se vocês apoiam... – Ela me olhou com uma expressão que entendi que era para continuar a falar – Eu quero pedir ela depois que a gente vencer a final da Champions – Recebi olhares curiosos das meninas.

- Se a gente não vencer, não vai ter pedido? – Saliha disse dando uma leve cotovelada em Simge.

- Lógico que vai! Vocês não acreditam que a gente vai passar? O Vakif pegou o confronto mais difícil contra o Conegliano. Nós vamos pegar o Monza. Vamos para a final com o time da Itália. Querem apostar?

- O que vocês vão apostar? – Roberta chegou na cozinha. – E por que vocês estão sozinhas aqui e não na sala?

- Nós contra o Conegliano. Segundo a lindona aqui, o Vakif cai e passaremos do Monza, então na final do campeonato ela vai pedir a Hande em namoro. – Simge explicou a Roberta.

- Então vai ser assim! Confio nos palpites dela. – Roberta piscou para mim e eu a abracei de lado.

- Enfim, vou pedir antes do jogo, não depois. Comprei algo para dar a ela enquanto faço o pedido.

- Você comprou um anel? – Saliha perguntou empolgadíssima.

- Não, as pessoas questionariam caso vissem o mesmo anel na mão dela. Comprei um colar, ela ama e pode usar sempre.

- Own, que coisa mais fofa. Você conhece mesmo aquela girafinha. – A líbero foi fofa ao dizer aquilo. – Fico feliz em ver vocês assim.

- Simge Akoz fofa comigo? Eu amoleci esse coraçãozinho aí? – Antes de escutar sua resposta já fui ao seu encontro e a prendi no meu abraço.

Deixamos o assunto do namoro de lado e nos juntamos as outras meninas na sala. Sentei ao lado de Hande, que me deu um beijo na bochecha e passou meu braço pelo seu ombro, ficamos conversando sobre bobeiras diversas até chegar em histórias de terror, as turcas contaram algumas lendas urbanas de seu país e seus principais medos em relação ao sobrenatural. Esses assuntos prendiam minha atenção de tal forma, que me empolgava contando as lendas do Brasil, as experiências da minha família e amigos. As meninas pareciam ter ficado com medo, menos Roberta, que já conhecia todas histórias.

- Tá bom, acho que podemos fazer outra coisa. Vamos jogar 'eu nunca'? – Elif propôs e todas aceitaram rapidamente.

- Vamos, por favor. Mais histórias de terror e eu não passo nem da porta, durmo aqui. – Yasemin soltou a frase, o que fez com que todas rissem.

- Então quem começa? – Simge questionou.

- Eu! – Saliha logo se manifestou – Eu nunca...fiquei com uma pessoa do mesmo time. – Eu, Saliha, Hande, Yasemin e Roberta bebemos.

- BETINHA? – Hande disse surpresa e a minha amiga deu de ombros.

- História longa e sofrida, Mãozinha. – Eu lhe ofereci um olhar de consolo que só nós conhecíamos. – Conto quando eu beber mais do que isso aqui.

- Eu sou a próxima! – Foi a vez de Simge. – Eu nunca fui expulsa de um jogo. – Eu fui a única a beber e todas arregalaram os olhos para mim.

- Em minha defesa, eu era mais nova, tipo uns vinte anos. O árbitro fez duas marcações absurdas, eu não era capitã, mas fui lá reclamar, ele me advertiu na primeira. Na segunda, todos do time ficaram loucos, e eu já não era santa, mandei o árbitro tomar no cú, ele me expulsou. Foi isso. – As turcas riram muito, alegando que era louca em fazer isso. – Bom, então eu sou a próxima. Eu nunca beijei alguém famoso.

- Outras jogadoras de vôlei contam? – Roberta perguntou aos risos.

- Não, alguém fora do nosso meio. – Não tinha ficado com ninguém além do vôlei, nossa rotina era difícil.

- Jogador de futebol conta? – Imediatamente olhei para Hande, lembrando do namoro dela com o jogador.

- Não, ele não é famoso famoso, só aqui. – Elif explicou, então ninguém bebeu.

- Minha vez! – Disse Yasemin ao levantar seu copo. – Eu nunca...fiz um ménage. – As reações após essa frase foram as mais variadas. Saliha deu um grito advertindo a namorada, Elif caiu no chão, Roberta ficou vermelha, Yasemin ria sem parar, Simge ficou pensativa e eu, antes que pudesse ter qualquer reação, vi que Hande olhava fixamente para mim esperando uma resposta. – Vamos gente, quero respostas. – Eu e Roberta bebemos.

- Mentira! – Hande disse indignada. – Mas vocês... VOCÊS DUAS?

- NÃO! QUE LOUCURA! – Roberta se apressou em se defender. – Foi numa época sombria da nossa vida, mas não fizemos juntas. A gente queria aproveitar a vida, né? – Ela olhou para mim rindo e ficando vermelha.

- Eu tinha uns dezenove anos, foi numa festa sáfica que tem no Brasil. Eu bebi e acabei me jogando nisso aí. Já a dona Branquela foi em outra ocasião. Foi numa aposta entre umas amigas nossas de que ela não teria coragem fazer a três, porque, taurina né? E ela foi lá e acabou ficando com as meninas.

- Nossa, muita informação numa resposta. Nunca nem me imaginei numa situação dessa, pensa fazendo? – Simge balançou a cabeça tentando jogar esses pensamentos para longe. – Mas me conta, foi bom?

- Eu vou deixar esse assunto para lá, baixinha. Sua Girafinha já está me matando com os olhos, não quero arriscar minha vida nessa resposta.

Depois disso a brincadeira se tornou uma longa conversa sobre coisas absurdas que já tínhamos feito, nisso fomos até de madrugada. Todas as vezes que nos reuníamos era assim, a gente se entretinha e hora passava voando. Quando perceberam o horário, as meninas se ajeitaram para ir embora, mas eu havia pedido para que Hande ficasse comigo aquela noite.

- Você não quer chamar mais uma pessoa? – A turca ainda não havia esquecido do assunto.

- Se ficar aqui, linda, eu te provo que só precisa ser você. – A segurei pela cintura e ela bufou em resposta, mas resolveu ficar.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora