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*POV YOU*

Se na noite anterior eu fui dormir de mau humor, certamente naquela manhã meu humor não estaria o mesmo. Estava pior. Depois daquela discussão ridícula com Baladin, meu sangue ferveu. Fazia tempo em que ela mal me respondia, não queria me ver ou simplesmente sumia. Só depois do que aconteceu ontem eu não fechei meus olhos para o que vinha sendo recorrente. E me dava ainda mais raiva daquela ceninha de ciúmes com a Haak, assunto já superado por nós duas. Pelo menos eu achei que estivesse.

- Eu sei que sua cara é bem fechada pela manhã, mas hoje você está com uma carranca medonha. – Rosa disse ao sair do banheiro. Eu estava na cama, já de roupa trocada para irmos para a arena. – O que foi? – Não quis responder. Rosa não forçou a perguntar novamente, mas dois minutos depois Roberta entrava no quarto com cara de preocupada.

- O que tá acontecendo? - Olhei incrédula para Rosa e neguei com a cabeça.

- A grandona ai amanheceu com essa cara horrível e mal falando comigo. Não deu nem um bom dia ainda. – Disse tranquilamente ao pentear o cabelo.

- Quer me falar agora ou no caminho? – Era difícil dizer não a Roberta, até porque ela não me deixou essa opção.

- A Baladin foi uma estúpida comigo ontem. Juro. E eu percebi que não foi só de ontem. Desde o fim da etapa no Brasil ela está assim, distante, fria. Eu não sei se fiz algo, na verdade ontem ela deu um mini chilique porque me viu com a Haak, não sei o que deu na cabeça dela sinceramente. – Pausei e olhei para Roberta, que nada falou, só deu o sinal para que eu continuasse. Ela é toda fofa quando tá comigo, mas quando tô longe, ela simplesmente muda. E eu estava deixando isso de lado porque a gente está trabalhando, esse é o nosso trabalho, mas isso afeta diretamente o meu psicológico, por mais que eu não queira. Ontem eu fui levar uma merda de doce e ela simplesmente me mandou embora, ME MANDOU EMBORA. – Tive que parar para respirar um pouco. Olhei o semblante sério de Roberta, mas rapidamente desviei o olhar para Rosa que estava na cama, de pernas cruzadas e as mãos entrelaçadas na frente dos joelhos, como se aquilo fosse entretenimento para ela. – Não acredito nisso Rosamaria Montbeller...

- Ei, calma! – Riu de nervoso, se levantando e indo para trás de Roberta. – Eu só estava pensando em tudo o que disse. – Levantou as mãos e voltou a se sentar atrás da levantadora.

- Olha, pode ser difícil, mas ela pode estar passando por algo que ela não te contou e nem sabe como contar. – Falou calmamente. – A gente não lida bem com tudo, você sabe disso e ela pode estar nesse momento. Longe de mim defender essas atitudes, mas acho que tudo tem uma justificativa, por mais imbecil que possa ser. Acho que vale a conversa, meu bem.

- Eu concordo. – Nós duas olhamos para Rosa. – Sério, conversa com ela. Só vai saber o que está acontecendo se conversarem.

- Eu não sei quantas vezes perguntei se estava acontecendo algo e ela disse que não. Que não precisava me preocupar. – Estava chateada mesmo. – Eu não sei. Realmente não sei.

- Olha, já tem um tempo que eu tenho alguns pressentimentos ruins, sabe? Não sei explicar, mas desde que deixamos a Turquia, eu sinto algo de errado contigo. Eu não quero te preocupar e não quero me preocupar também. – Segurou minha mão e depois fez um carinho leve na minha bochecha. – Eu não quero que se torne real, mas eu estou aqui para o que precisar, não faça e nem fale nenhuma besteira, ok? – Aquela informação mexeu comigo, não só comigo, mas com todas ali no quarto. Quando olhei para a ponteira, ela estava com os olhos arregalados e correu para segurar minha mão.

Eu não esperava que algo de muito ruim acontecesse, mas o pressentimento de Roberta me deixou atordoada. Podia não ser algo diretamente comigo, mas com meu possível envolvimento.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora