Ciclo Olímpico | Hande Baladin & You

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Aeroporto de Istambul, lá estavam as três amigas aguardando o vôo para o Brasil. Roberta, Gabi e *You* estavam na sala de embarque, cada uma presa em seu próprio mundo enquanto mexiam em seu telefone. As malas já haviam sido despachadas, restando apenas a bagagem de mãos, então não tinham muita coisa a fazerem ali. A central brasileira, acabara de oficializar seu namoro com a ponteira turca, Baladin, dias atrás. Mal haviam tido tempo de aproveitar o novo status de relacionamento.

*PLAY MERCY – SHAWN MENDES*

Horas mais cedo, Hande e *You* estavam deitadas, frente a frente, só se olhavam, não diziam nada. As mãos da central brasileira passeavam pelo rosto da ponteira turca. Admirada. Assim se sentia ao ver aquela mulher na sua frente, a fazia lembrar a beleza das deusas descritas nos mitos ao redor do mundo. Ali, naquele momento, era o seu mundo acontecendo, e Baladin, sua deusa.

- Eu vou sentir saudades de você. – A turca quebrou o silêncio entre elas. – Eu estou tão acostumada a te ver todos os dias.

- Sei disso, meu amor. – Depositou um beijo singelo na testa da mais nova. – Vou sentir saudades também. Pensa pelo lado positivo, podemos ter encontros em países diferentes. Olha que romântico...

- Olhando por esse lado, é bem positivo até. – Riram, mas voltaram a ficar em silêncio. Queriam só aproveitar a companhia uma da outra. O toque, o cheiro, a sensação de pertencerem uma à outra. Hande pegou seu lado ao lado da cama e pediu que a brasileira se juntasse a ela para tirarem uma foto.

A turca se aconchegou no seu lugar favorito, a curva do pescoço da brasileira e registrou aquele momento. As duas sorriam sem mostrar os dentes, mas tinham o semblante feliz e leve por estarem ali. A conexão que as duas criaram durante a temporada de clubes era forte, conseguiam se entender dentro e fora de quadra apenas se olhado, talvez tanto tempo conversando tenha feito com que as duas pudessem decifrar e gravar e o jeito da outra. Era fácil perceber o carinho que as duas tinham uma com a outra, mas não era algo que extrapolasse a ponto de alguém deduzir que elas tinham algo além da amizade.

Hande e Simge se prontificaram a levar as brasileiras ao aeroporto, mas não poderiam ficar lá até o avião decolar, pois tinham compromissos com seus patrocinadores para o início da temporada com a seleção. As quatro tomaram café da manhã juntas em uma cafeteria, aproveitaram para combinar como seria quando pudessem se ver nos intervalos entre os jogos e o que pretendiam fazer no pequeno período de férias que teriam após a VNL.

A todo momento Baladin e *You* davam um jeito de seus corpos se tocarem. Já no caminho para o aeroporto, elas foram no banco de trás, com a turca deitada nas pernas da brasileira, que fazia carinho em seus longos cabelos. O clima já era de despedida ali, estavam a poucos minutos do seu destino.

De pé, em frente a sala de embarque, se abraçaram pela última vez em Istambul. Foi um abraço forte, não muito demorado, mas demonstrava o tanto que sentiam por ter que separar, pelo menos por algum tempo. Se despediu também de sua nova e tão querida amiga, Simge. A abraçou e a suspendeu no ar, sabia que a mais nova fingia não gostar, mas amava quando era carregada por suas amigas.

- Não sinta minha falta, pequena. – Brincou e viu a pequena turca lhe devolver uma careta.

- Alguém já vai fazer isso por nós duas. – Olharam para Hande, que conversava com Roberta.

As brasileiras se despediram de vez e foram em direção ao guichê fazer o check in e despachar as malas. Lá trás, as turcas esperaram até perde-las de vista e foram embora. Dentro do carro, uma sensação estranha tomou conta de Hande, ela não sabia explicar, talvez fosse a saudade, mas dentro dela algo a alertava.

- Simge, tenho uma sensação ruim. – Falou para a amiga que a fitou curiosa. – Sinto que algo ruim vai acontecer, não sei explicar como e nem o que é.

- Pode ser porque vocês estão se separando assim pela primeira vez em meses, acho que é normal. – A amiga tentou tranquilizar a outra.

- Não sei, não sei. – Tirou seu pingente que estava para dentro de sua blusa, o olhou por instantes e logo guardou. Pediu que aquela sensação passasse e que nada de ruim acontecesse com sua namorada.

Ultima chamada feita no aeroporto, as brasileiras já haviam embarcado em seu avião, apertaram seus cintos, e, lado a lado mais uma vez, as amigas embarcaram em mais um capítulo das histórias.

O que o destino reservara para elas afinal de contas?