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Ilha Orak, no Mar Egeu parecia um bom lugar para o tão sonhado descanso que Hande vinha procurando nas últimas semanas. Estava deitada em uma espreguiçadeira, de frente para o mar, usava um biquíni preto, óculos escuros e um chapeuzinho da mesma cor. Não tinha aberto o guarda sol que estava na mesa ao seu lado, queria sentir o calor em seu corpo, era quase terapêutico para ela, que muitas vezes ficava enfiada dentro de quadra ou academia. Aproveitar esses momentos em ar livre era o que a fazia relaxar.

- Ei, trouxe uma bebida - Zehra entregou o copo longo para a ponteira que sorriu.

- Obrigada, Zeh! - Olhou para o lado esperando a central sentar na espreguiçadeira. Voltou a fitar o mar azul a sua frente, dando uma golada em seu drink.

Na última noite em Ankara, depois que Hande foi para o hotel, Gunes reparou nos olhos inchados e na cara de tristeza da companheira de seleção. Perguntou a ela o havia acontecido e a ponteira abriu seu coração, contou que havia terminado com a brasileira porque estava com medo de colocar sua carreira em risco. Chorou copiosamente nos braços da amiga, não sentia em Gunes um ar de julgamento ou desprezo, afinal, as duas conheciam bem essa situação.

Há anos atrás, quando ainda eram adolescentes, Baladin e Zehra se conheceram na seleção de base turca, não demoraram a ficar amigas, isso fez com o que laço entre elas se estreitasse muito, o que fez com as famílias das meninas se tornassem próximas. As meninas se viam sempre que era possível fora das quadras, ficavam horas falando sobre vários assuntos, estudavam e morriam de medo de medo dos seus pais chegarem enquanto faziam algum teste bobo ou viam alguma coisa que não deveriam no computador. Um dia, Hande descobriu, através de sua amiga Samia, que havia um menino de sua escola que gostava dela, aquilo deixou a jovem Baladin nos ares, nunca um menino havia se interessado nela. Ela era menina alta, magrela e desengonçada. A primeira coisa que fez foi contar a melhor amiga a novidade quando se encontraram para o treino. Zehra ouviu tudo atentamente, mas nada disse. A central havia passado todo treino sem interagir muito com a ponteira, falava apenas o indispensável.

- Ei, você está calada! Aconteceu algo? - Hande apressou o passo para alcançar Zehra. - Nós não iríamos a sorveteria hoje?

- Verdade, mas não me sinto muito bem. - Estavam lado a lado até que a deu mais um passo largo para que ficasse frente a frente com a amiga que a evitava. Estavam sozinhas na parte de trás do ginásio, onde tinha um pequeno atalho para a rua de baixo onde seus pais a buscavam. Ali, sem muito pensar, Zehra tomou o rosto de Hande entre as mãos e selou seus lábios aos dela rapidamente.

Assim que as bocas se desgrudaram, ambas estavam com os olhos arregalados. As jovens seguiram seu caminho para casa sem dar uma palavra sequer, foram dias com o clima estranho entre elas, até que um dia, sozinhas estudando da casa de Zehra, Hande lhe roubou um beijo. A partir dali as duas começaram a fazer isso tantas e mais tantas vezes, sempre escondido de seus pais e familiares, nem mesmo seus amigos sabiam o que as meninas faziam quando estavam a sós.

Um ano. Esse foi o tempo ques duração essa relação às escondidas. Güneş se declarou para Baladin um mês após o primeiro beijo, e a pediu em namoro de uma maneira fofa, enquanto as duas estavam no alto da roda gigante em um parque em Istambul. Um dia, na casa da central, as duas esperaram ficar a sós em casa já que a mãe da mais alta foi buscar suas duas outras irmãs na escola, então ali na sala elas começaram a se beijar enquanto algum filme na TV.

Dois minutos depois, a porta foi aberta pela mãe que havia voltado, pois havia esquecido a carteira na cozinha. As meninas se assustaram, e mais que depressa se afastaram seus corpos, mas não foram rápidas o suficiente, a senhora Agnes viu quando as bocas se desgrudaram e o olhar de pânico ao serem pegas.

Os pais da ponteira foram chamados, conversaram primeiro com os Güneş a sós. Depois chamaram as meninas, falavam que entendia que elas passavam muito tempo juntas e que aquilo pode tê-las confundido de alguma maneira sobre o que sentiam, falaram sobre o quanto isso podia arruinar a carreira recente que elas estavam começando a construindo e que isso não era permitido aos olhos de Allah.

Ciclo Olímpico | Hande Baladin & YouOnde histórias criam vida. Descubra agora