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Louise Borges

São 8 horas da manhã e acordo com uma ligação do Leonardo dizendo que o tio levou um tio e não aguentou. Na mesma hora eu pedi para que alguém viesse me buscar por que eu queria voltar para o morro, eu precisava abraçar os meninos, eu precisava ver meu tio mais uma vez antes de enterrarem ele.

Acordo a Kayla com a notícia e a mesma se senta na cama em choque, não piscava e nem falava nada. Já eu me levantei, lavei o rosto e procurei meus pertences para que quando alguém chegar para nos buscar eu já esteja pronta.

Minha ficha ainda não caiu por que não derramei uma gota de lágrima ainda, eu quero me manter forte para dar apoio pros meninos.


- Vamos kayla, o Kauê tá vindo nos buscar e ele já deve tá aqui embaixo.

Kayla se levanta ainda em choque, vai até o banheiro lava o rosto e pega as coisas dela. Saímos do quarto, passamos na recepção e pagamos pela hospedagem. Saímos do hotel e entramos no carro que estava nos esperando na porta, abro a porta e entro no banco da frente ao lado do Kauê.

- e ae - olha pra mim e para kayla ele olha através do retrovisor.

- como tá o clima lá? - pergunto.

- me deixem na penha, esse momento é de vocês... - Danone fala.

- não não, cê é minha amiga não? então fica comigo na porra do momento ruim - olho pra ela e digo e a mesma se cala.

- Clima tá pesado lá, geral tá sentindo a morte dele, até mesmo os moradores...

- como tá o Léo e o Arthur?

- Léo tá sem chão, tá quietão do lado do Degê e o Arthur tá chorando igual criança...

Que dor de ouvir isso...

Léo vai guardar tudo pra ele como sempre, isso é pior pra ele... é melhor ele colocar tudo pra fora agora e seguir em frente, foi isso que fiz com a Rose quando ela faleceu. Tudo bem, eu era uma criança e não entendia quase nada.

Kauê pega a rota da favela e começa a subir o morro até a cara do tio degê. Acho que lá está todos e o corpo...

Ao entrar na favela eu sinto algo, uma presença e para ser sincera não era algo ruim. Eu me acostumei com essa sensação de ter algo ou alguém comigo após sentir isso durante uns dois minutos, depois desses dois minutos eu já estava acostumada.

Chegamos no alto do morro, na casa do meu tio, desci correndo e entrei direto na casa na procura dos meninos. Fui correndo até o Leonardo e o abracei forte.

- Ele morreu na minha frente lu...

- Ele tá em paz agora Léo, calma vamos ser fortes por ele.

- Lu, ele disse que amava nós, ele ressaltou isso umas quinhentas vezes.

- Que bom, pelo menos antes dele ir ele te passou amor através da palavras, isso é um ato de amor...

- E eu disse também... acho que foi a primeira vez...

Abraço ele mais forte, eu não sei como reagir a isso mas espero estar ajudando.

- Não me abandona nunca beleza?

- Que papo é esse Leonardo, é nós sempre pô - olho pra ele.

Arthur está sentado em um canto e chorando horrores.

- Eu vou lá tá?

- Jae

Vou até o Arthur.

- ei...

Criação do Morro Onde histórias criam vida. Descubra agora