Capítulo 5

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Susanah

     Meu Deus!

     Eu não acredito que eu acabei de derrubar um paciente!

Como eu sou destrambelhada, atrapalhada, burra, eu sou burraaa!!!

Eu deveria ter vindo de um tênis, não com um salto -de dois dedos-

Me levanto, tirando ou melhor puxando os saltos dos meus pés

Eu vou perder a minha carreira, a única coisa que passava na minha cabeça. Até eu olhar para o garoto no chão, que eu derrubei

Estico a mão que está livre dos saltos de dois dedos

Ele aceita, e eu faço impulso para ele se levantar

- Desculpa - digo, praticamente suplicando pelo seu perdão - Foi sem querer. É que eu sou uma destrambelhada

Ele assente

- Sem problemas - ele diz, e seus olhos ficam pequenos como se ele estivesse sorrindo, mas eu não posso comprovar: ele está de máscara -não máscaras que cobrem o rosto inteiro, aquelas máscaras de cirurgiões ou sei lá- - É bom, animou esse lugar que não é animado

Os cantos dos meus lábios sobem, e sim, esse lugar parece ser bem sem graça

E, nossas mãos ainda estão cruzadas. Eu, como uma ótima pessoa, aperto, como se fosse um aperto de mão normal

- Desculpa, de novo - falo, e descruzo as nossas mãos se essa palavra existe

- Sem problemas- ele diz -, de novo - completa

Podemos dizer que eu deveria já estar no camarim improvisado do que aqui, apertando a mão de um desconhecido que, na verdade, nem é considerado um aperto de mão

- Acho que eu tenho que ir - ele diz, e olha na direção das cadeiras atrás da gente

Assinto, e também vou. Mas vou em direção ao camarim improvisado

Sorrio pensando na cena mas meu sorriso desaparece quando eu vejo ela: Márcia, a diretora

- Você é um desastre - ela diz, e nossa, como alguém pode ser tão sincera? - Você deve dar graças a Deus que aquele paciente não se machucou e muito menos se importou

Suas sobrancelhas pretas de uma caixa de tinta estão franzidas num formato de v

Assinto, me sentando na cadeira de plástico fingindo me importar muito

A maquiadora, também sem se importar, logo começa a maquiagem. Fecho os olhos, escutando as reclamações de Márcia, e sentindo a esponjinha dando batidas leves no meu rosto

WHITE ROSE GARDENS · HELOISA CARDOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora