Capítulo 10

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Bento

     Coloco o regador no chão, ao lado do banco e começo a andar na direção da garota. Eu realmente preciso saber que cena foi aquela que aconteceu

     Ando mais rápido que o normal, mas não correndo. Em menos de cinco minutos eu a encontro

      Sentada sobre os joelhos, Susanah chora. E não é pouco. Lágrimas é o que menos falta, e os soluços... Ela está embaixo de uma árvore. Me sento ao seu lado, distanciado

    Ela não para seu choro

    Eu fico em silêncio por uns cinco minutos, deixando ela chorar a vontade.                 Depois de uns cinco minutos, suas lágrimas, mais controladas fazem ela me olhar

- Desculpa - ela diz, secando o rosto com o braço - Isso não tem nada a ver com você. É só...

- Não precisa explicar - interrompo - Só queria saber se você estava bem

      Ela me olha, me encarando e sorri fraco

- Bem ninguém sempre está, não é mesmo? E principalmente agora que a minha roupa está molhada e a maquiagem acabada. Se eu passar na frente da minha diretora, e na minha maquiadora eu vou levar uma bronca - ela suspira - Deveria ter se controlado - ela diz, para si mesma

- Tem uma porta nos fundos. Perto dos banheiros. Se quiser eu posso te mostrar, porque até eu não quero esbarrar naquela mulher chata - um riso arrancado

- É, ela é insuportável - ela cruza os braços - Você pode me ajudar? Por favor, quer dizer se não estiver ocupado. É porque a minha necessaire tá lá naquele camarim improvisado, sabe? Só que eu não posso entrar lá assim, e Deus, eu vou ter que me maquiar sozinha?

     Seus ombros se curvam ainda mais, mas eu coloco levemente a mão sobre seu braço

- Eu te ajudo. Fica tranquila, a gente dá um jeito

     Ela sorri

- "A gente". Gostei. Você me conhece por te derrubar. Não sabe meu nome, e nem quem eu sou e, me ajuda sem eu pedir duas vezes - ela ajeita sua postura - Tá, ótimo. Temos menos de quinze minutos. É agora ou Márcia

- Agora - respondo imediatamente

    Nos levantamos, e andamos por onde digo que é

- Susanah - ela diz, ao meio dos passos ligeiros -, meu nome

    Viro a cabeça para olha-la

- Eu sei - comento - Bento

    Ela assente

    A porta que disse, praticamente fez com que a gente caísse mas, entramos

- Plano é o seguinte. Você entra no camarim, e logo você vai ver uma mochila verde, laranja, amarela e rosa neon. Você pega ela, discretamente, enquanto eu vou estar no banheiro, do lado da porta - assinto, tentando lembrar desse plano maluco - Tente ser rápido

     Seguimos por caminhos diferentes. O camarim fica num lugar super improvisado. Entro sem bater na porta, e bem lentamente

Duas pessoas: a tal diretora e uma moça qualquer. Elas falam tão alto que não notam minha presença. E, sim, a mochila foi a primeira coisa que eu vi na sala

     Prendendo a respiração eu vou em direção ao prego que ela está pendurada. Esticando meu braço eu consigo tira-la

     A moça se vira, e então eu fico parado ao lado da porta. Ela se vira novamente e, como um caranguejo eu saio andando de lado

Vou em direção ao banheiro e, quando dou a primeira batida ela se abre

- Obrigada, obrigada e obrigada - ela, Susanah diz, ao pegar na bolsa - Amanhã podemos nos ver?

- Claro - respondo - Tchau

- Tchau

WHITE ROSE GARDENS · HELOISA CARDOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora