Capítulo 30

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Susanah
Duas semanas depois

  Sou acordada com várias ligações perdidas de um número desconhecido

  Ligo de volta. Atende no terceiro toque

- Alô? - digo, com a voz ainda sonolenta. Eu ainda estou na cama

- Susanah?

- Ela mesma - digo, coçando os olhos - Pois não?

   Giro o meu corpo, colocando o meu pé no chão gelado

- É o Matias...

- Ah, oi, Matias - digo, interrompendo ele

- Susanah, você pode vir pra cá? Pro hospital? - ele pergunta

- Agora? - deixo a minha cama como ela está: bagunçada

- Isso - ele diz - Agora, por favor

   Tiro o telefone da minha orelha e olho o horário. São oito horas da manhã

- Não está meio cedo? - pergunto - Não querendo ofender só que eu...

- Agora - ele acabou de roubar meu papel de interromper pessoas

- Posso pelo o menos saber o motivo? - pergunto, acenando para o Juan no sofá

- Quando chegar eu te explico - ele responde - Tchau

  E desligou

  É de me preocupar? Não vou, por enquanto

- Juan? - o chamo - Quer me levar no hospital, tipo agora?

    Ele me olha e franze o cenho

- Você não trabalha de uma hora? - ele pergunta, enquanto eu pego uma banana para comer de café da manhã

- É, eu sei. Mas, me ligaram e disseram que era pra eu ir imediatamente. Me leva?

    Ele assente

    Como a banana em segundos, tomo um banho troco de roupa e pego a minha mochila. Agora só ver o que me espera

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    Agradeço ao Juan quando saio da moto. Depois sigo para dentro do hospital

   O Matias está na recepção

- Bom dia - digo quando ele vem na minha direção - Espero que seja algo sério

   Ele me puxa pelo o pulso, me leva até a cafeteria que eu não sabia que existia até hoje

- Vou te explicar o que aconteceu nas últimas vinte quatros horas - ele diz, se sentando em uma cadeira de uma mesinha redonda

    Me sento também na outra cadeira

- Explique - digo, olhando para ele

- O Bento pegou outra infecção e, ele não está reagindo mais a quimioterapia. Susanah, ele precisa urgentemente de um transplante de medula - ele suspira - Eu refiz o exame mas, por favor, qualquer ajuda é aceita

- Descobriram quando? - digo, minha perna começando a tremer - Posso ver ele? Agora?

- Bom ele tá desacordado agora e a base de drogas como eu e ele de chamar os remédios - ele diz, e solta uma leve risada - E, tive que esperar ele dormir pra te ligar, mas achei que a minha cunhada deveria saber

    Isso não aliviou nada da minha preocupação

- As chances de achar um doador é muito pequena? - pergunto, pequenas lágrimas de juntando nos cantos dos meus olhos ao pensar em perder mais alguém

  Tiro esse pensamento da minha mente logo. Não vou me preocupar, não quero pensar nisso. Não vou pensar nisso

    Vai ficar tudo bem. Vai. Ficar. Tudo. Bem

- É- ele responde- Bom, principalmente pro tipo sanguíneo do Bento. Os médicos recorrem à família. Eu pensava que nós tínhamos os mesmo tipo sanguíneo - ele suspira, fazendo uma pausa dramática - Acho que ele já deve ter dito pra você que não. Bom, o tipo sanguíneo da minha mãe também não é e nosso pai...

- Ok - digo - Faço o que for preciso

- Ótimo

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  Depois de ter tirado sangue para o laboratório e descobrindo que eu não consigo olhar para o sangue por mais de cinco segundos, eu tô lendo uma revista esperando o resultado com o Matias no meu lado

- Nada dele acordar? - pergunto, folheando páginas da revista de perfumes

- Não - ele diz, e então se despoja na cadeira destruindo sua postura - E acho melhor assim, pelo menos ele não sabe do que está acontecendo

   Assinto, absorvendo a informação

   Pelo o que o Matias disse, o Bento não queria que eu tivesse sabido. Bom, querendo ou não eu iria saber

   Sou surpreendida com o toque no meu telefone. Que não seja mais notícias ruins

   É a Esther

   Atendo

- Pois não? - digo quando atendo no segundo toque

- Tudo bem? O Juan me disse que você teve que ir mais cedo pro hospital, aconteceu alguma coisa? - um barulho alto de gente falando no fundo. Shopping

- Seu namorado é fofoqueiro - solto - Tá, mas, nada que você precise se preocupar

- Tudo que envolve você me preocupa - ela diz, com um ar de irmã mais velha

- Não precisa. Quando chegar em casa eu te conto -  bocejo - Tchau

   Escuto ela suspirar

- Ok, tchau, se cuida. Beijos

    E desligo. Jogo o telefone dentro da mochila deixando no silencioso. Se querem se preocupar que se preocupem de verdade com o meu desaparecimento do nada

- Quem era? - o Matias pergunta, tinha me esquecido da existência dele

- Minha melhor amiga - respondo, suspirando - Quando eu vou poder ver ele?

- Quando ele acordar ou não sei

- Nem se eu ficar quietinha? - pergunto - Por favor

   Ele assente quando se levanta

- Vou ver com a Joana. Se ela permitir você vai lá

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   Estou aqui, entrando no quarto dele. Cheia de proteção: máscaras e luvas, até uma capa estranha

   Ele ainda está desacordado. E me sentindo preocupada eu faço a primeira coisa que me vem a mente: livros

    Procuro, por três minutos do livro que nós estávamos lendo

   Puxo uma cadeira e começo a ler em voz alta

 

WHITE ROSE GARDENS · HELOISA CARDOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora