Capítulo 42

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Bento

Ando pelo jardim do hospital. Gosto de ficar sozinho, quer dizer, não exatamente sozinho porque tem algumas crianças que os pais deixaram brincar perto das árvores. Mamãe, se Matias já não avisou, não deve imaginar que estou quebrando várias descrições médicas

   Bom, lá dentro realmente não dá para ficar. É muita gente em um lugar só, o que não é bom para mim e acho que já me acostumei a ficar longe de multidões, porque fico agoniado ao ficar perto de muitas pessoas 

   Ando perto das crianças alegres, enxugando algumas lagrimas soltas. Me sento num banco vazio perto de uma árvore. Diferente de lá dentro, só têm poucos adultos  

    Alguns meninos e meninas estão jogando uma bola pequena e amarela, enquanto eu os observo. Mexendo na barra da minha camisa, essa bola vem parar no meu colo 

- Desculpa - uma garota de cabelos encaracolados e com as bochechas rosadas do calor diz, chegando perto de mim 

  Lhe entrego a bola, forçando-me a abrir um sorriso 

- Na próxima passe a bola para a outra garota - a conselho - Garotos pensam que tem posse de tudo - lhe lanço uma piscadela 

 Ela assente, me devolvendo a piscadela 

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   Entro no hospital minutos depois, encontrando a Esther brigando com a recepcionista 

   Batendo na bancada, enquanto o Juan atrás, tentando contê-la 

- Você é uma irresponsável - Esther diz, indo bater de novo, mas o Juan segura seu braço - Eu perguntei não foi uma, duas, três vezes - ela diz, agressiva - MILHARES DE VEZES - ela berra 

- Esther - o Juan diz, afastando-a, acho que ela seria capaz de pegar o pescoço da recepcionista e enforcar -, ela não teria como saber

- Claro que tinha! Pelo amor de Deus, ela poderia já ter visto! Ela que não quis! - ela exclama - Agora a Susanah está em sei lá aonde por culpa da irresponsabilidade da merda desse hospital e dessa MULHER  

    Chego perto de meu irmão, meu semblante confuso já é mais que suficiente para ele responder as milhares de perguntas em minha cabeça 

- A Susanah  não está nesse hospital, ela foi transferida na parte da manhã - ele diz, colocando a mão no meu ombro - Ela saiu daqui com vida, mas não sabemos se ainda está 

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    As rosas brancas pesam em minhas mãos 

    Esse hospital pelo menos é menos cheio, menos problemático

   A Susanah está viva, seu estado é grave e só não sei quando poderei vê-la  

  A floricultura que achei no hospital agora é a minha nova moradia, toda a vez que fico angustiado compro uma flor, me sentindo melhor

   Já estou com sete, sete vezes que pensei em coisas que minha mente ia para lugares em que sentia fraco, quando pensei na possibilidade de perder minha Julieta 

   As três primeiras rosas estão murchas e sem vida, esse que estou pegando está desabrochada e bela

   Estou me sentindo melhor 

WHITE ROSE GARDENS · HELOISA CARDOSOOnde histórias criam vida. Descubra agora