Capítulo 17

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Kana estava imersa em um realidade inexistente em sua mente. Um lugar para onde ia sempre que desejava fugir, um lugar que ficou durante dias quando se escondeu das pessoas. Ela estava em casa. Não sua casa física, mas sua casa que guardava em seu coração. Que desenhou durante meses em sua mente. Precisou preservar depois de perder todos eles naquela guerra quase que sem fim.

Estava em casa, nos braços de quem a amava mesmo que não demostrasse. Sua família tinha uma forma diferente de ver o amor, de demonstra-lo. Era as pequenas coisas que eles faziam, que a jovem havia guardado e transformado em seu porto seguro.

Durante anos usou aquele lugar enquanto estava pressa, ao retornar, não precisou mais usa-la, afinal, seu porto seguro estava lá, esperando-a mesmo que não quisesse admitir e ela era feliz com isso. Até tudo desmoronar com o anuncio do casamento, e novamente ela retornou ao seu ponto de paz, no seu subconsciente. Seu pai, sua mãe, seu tio, todos à quem amava estavam ali, mesmo que só psicologicamente, ela ainda podia usar isso para se sentir confortada.

Ela ouvia as vozes longe, como se estivessem a quilômetros dela, que iam se aproximando como um raio. identificou uma das vozes, mesmo que não desejasse, reconheceu a voz de Mito, o que a trouxe de volta para a realidade, acordou na hora errada, no meio da cirurgia, e logo foi posta pra dormir novamente, dessa vez contra sua vontade. Ouvia cada palavra, cada barulho das maquinas, pode ouvir até o medico decretando o óbito de seu bebê, o que doeu mais que tudo. Ela não sentia seu corpo, não tomava conta de suas reações, mas sentiu um leve conforto ao ouvir a voz de Mito. "Não chore, ele estar num lugar melhor." Ele... Ele... Um menino. Poucas semanas e já podia identificar o sexo. Um garoto, que ela nunca vai saber como era ou com quem se parecia. Estava chorando, podia fazer isso, mesmo que dormindo. Ela pode demostrar que estava de luto com sua perda. Mas um pouco e tudo ia terminar.

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Sakumo conseguiu tirar Neji de dentro do hospital, tratando de mantê-lo longe do hokage, que não saia do lugar. Mesmo contra sua vontade, Neji obedeceu.

— Neji, você precisa ouvir.

— Sakumo-san, não podemos conversar sobre isso depois?

— O que deu em você naquela hora? Porque enfrentou o hokage daquela forma?

— Por causa dele Kana vinha sofrendo muito. Vivia chorando as escondidas, e ficou trancada dentro de casa, sem comunicação com ninguém, durante dias. Eu me preocupo com ela, ele não.

— Você não pode perder a cabeça dessa forma. Controle-se e volte!

Sakumo disse tentando acalmar o jovem Hyuuga que estava andando de um lado pra outro, com a roupa toda suja de sangue e com indicies de sangue na pele. O platinado notou, algo que era impossível não notar.

— Há quanto tempo estar apaixonado por ela?

— O que?

— Há quanto tempo gosta dela, Neji?

— Há um tempo.

Sakumo suspirou entendendo perfeitamente o porque do garoto agir daquela forma, o porque a defender daquele jeito. Estava apaixonado, e não podia evitar de defende-la, não quando gosta demais dela. Sakumo aproximou-se e deu dois tapinhas no ombro do garoto, desejando conforta-lo.

Na sala de espera, a tensão era maior do que se podia imaginar, todos do clã esperavam ansiosos e preocupados, desejando e rezando para que as próximas noticias sejam boas. Mikoto ainda permanecia abraçada a Shisui e Itachi, que ainda choravam baixinho. Shisui não tirava os olhos da porta onde Kana se encontrava ainda em cirurgia. Tobirama estava encostado na parede, ao lado da porta, rodeando sua cunhada em busca de resposta. E Mikoto estava preocupada com o que poderia ser dito por Mito, depois do que acontecera com Kana, a mais velha sentira certos desconfortos em relação a família Senju.

Deveria te odiar, mas eu te amo... Senju TobiramaOnde histórias criam vida. Descubra agora