Capítulo 16

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GABRIEL POV:

Depois de uma madrugada turbulenta, recebi alta um pouco depois do almoço e nós todos fomos para a minha casa. Fui recebido por Rosa, agitadíssima, o que me fez rir.

- O que você foi arrumar, Gabi? - ela disse, me abraçando de modo desajeitado.

- Foi só um susto, mas estou bem agora, Rosinha! - disse dando um beijo na sua bochecha - Cadê a Antonella e a Dhiovanna? - perguntei enquanto Fabinho e meu pai me ajudaram a chegar na cozinha.

- Já estão na cozinha esperando para almoçar! - Rosa disse um pouco na minha frente. As duas tinham saído do hospital mais cedo para irem no apartamento da Anto, ela precisava pegar umas roupas e algumas coisas para passar o dia com a gente, depois que a minha mãe insistiu ao ver o estado que ela estava. Realmente toda essa história do acidente tinha mexido muito com ela.

- Vai ter que ficar em esse negócio no pé por quanto tempo? - Rosa me perguntou, enquanto se sentava para comer também.

- Uma semana, talvez um pouco mais, não quebrou então vai ser mais rápido a recuperação! - ela assentiu depois que eu falei.

Eu comia com muita vontade, porque odiava comida de hospital, mas do meu lado Antonella mal tocava no prato.

Apenas a minha família falava enquanto eu coloquei minha mão sob a perna de Antonella e ela colocou a dela por cima da minha, entrelaçando nossos dedos.

Depois de um tempo, todos acabaram de comer, alguns foram para a sala, mas fiquei ali com Antonella e Rosa, enquanto a minha garota pedia desculpas para a mais velha por não ter comigo tudo, alegando que estava com fome.

- Não se preocupa com isso! Toda esse clima de tensão deixa a gente meio chocha, né? - Rosa disse e Antonella riu.

- Vou te ajudar com os pratos! - disse se levantando.

- Nada disso! - a impediu - Esse é o meu trabalho! Pode ir descansar um pouco, cuidar do Gabi! - deu um riso e eu acabei rindo também. Antonella me olhou, com as bochechas coradas.

- Tudo bem então!

- Pode me dar uma mãozinha? - perguntei para ela, que vinha na minha direção. Ela sorriu e me ajudou a levantar.

- Quer ir aonde?

- Vamos ficar lá na varanda um pouco, tô precisando de vitamina D! - comentei, brincalhão e ela soltou um riso fraco.

Meus pais assistiam TV enquanto Fabinho e Dhiovanna estavam no celular. Passamos pela sala e chegamos na varanda. Ela me ajudou a se sentar e ficou sentanda ao meu lado, me olhando.

- O que tá pensando?

- Nada, só que é bom estar aqui com você! - sorri e segurei sua mão, levando até a minha boca e dando um beijo ali.

- Também é sempre bom estar com você! - ela sorriu e ficou quieta novamente - Um beijo pelos seus pensamentos! - ela riu e me olhou novamente.

- Só estou cansada, foi um final de semana agitado!

- É, tem razão! Uma hora dessas, já estaria indo para o Maracanã!

- Vai ter que se acostumar a ficar de molho por um tempo, Gabi! - fiz uma careta.

- É, tem razão! - a olhei, com um risonho no rosto - Pelo menos não foi por conta de cartão! Se não os torcedores iriam me xingar e você não iria querer me ver nem pintado de ouro! - ouvi a risada gostosa dela.

- Ainda bem que você sabe! - sorri. Ficamos mais um tempo ali, apenas trocando carinho.

Só entramos quando estava próximo de iniciar o jogo. Todos nós nos ajeitamos na sala para assistir o Flamengo, todos juntos.

Nós xingamos bastante ao longo do jogo, enquanto Antonella permanecia em silêncio, com a cabeça encostada em meu peito.

- Pedro tá um nojo! - comentei, vendo mais um gol do meu colega.

- E foi um golaço! - meu pai disse, vendo o replay. Sorri, ao ver que mais uma vitória se encaminhava muito bem.

- Mais três pontinhos para a conta! - eu disse quando o juiz apitou o fim da partida.

Fiquei conversando com Fabinho e meu pai sobre o jogo enquanto as mulheres sairam para a cozinha. Tempo depois, nos chamaram para jantar. Então comemos e como o cansaço bateu, resolvemos nos deitar mais cedo. Antes das oito, toda casa estava silenciosa, exceto pela garota ao meu lado e agora eu.

Vi Antonella se remexer na cama pela milésima vez até que por fim, ela se levantou e ficou próximo à janela, observando lá fora. Me acomodei na cama, sendo percebido por ela.

- Te acordei?

- Já estava acordado! Está tudo bem com você?

- Está, só não consigo dormir! 

- E o que tem tirado seu sono? - a observei caminhando em direção à cama novamente.

- Nada! - disse num sussurro.

- Antonella, sabe que pode confiar em mim! - disse alisando suas costas, só daí percebi que ela estava chorando. Me ajeitei para ficar mais perto dela e dei um beijo por trás em seu pescoço, afastando algumas mechas do seu cabelo - Desde que você chegou naquele hospital, tem estado aérea e quieta demais!

- Já conversamos sobre isso, Gabriel! - disse entre soluços.

- Mesmo assim! Você tá chorando, Anto! - a fiz deitar ao meu lado. Ela ficou um tempo chorando e eu a olhando, alisando seu rosto, tentando fazê-la se acalmar. Um tempo depois, ela respirou fundo e colocou suas mãos sobre o rosto.

Quando destampou o rosto, tentando ficar mais calma, ela me olhou no fundo dos meus olhos, mesmo com a pouco claridade que vinha da janela.

- Eu...  Eu perdi meus pais num acidente de carro! - prendi a respiração diante sua confissão.

- Você quer me contar mais sobre isso? - ela assentiu e se virou para mim. Sequei algumas lágrimas que insistia em escorrer pelo seu rosto delicado - Tudo, bem, eu estou disposto a ouvir! 

Depois Que Te Conheci - G. BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora