Depois Que Te Conheci - G. Barbosa

Capítulo 25

ANTONELLA POV:

FLASHBACK ON

- Preciso da sua ajuda! - entrei no quarto do meu irmão, o assustando.

- O quê você está aprontando agora?

- É, meio que... - sorri amarelo e liguei a tela do meu tablet, mostrando pra ele.

- Vestibular  de Veterinária, é?

- É, uma coisa que eu meio que gosto, mas a vovó não ia deixar!

- E eu entro aonde nessa história?

- É que eu tenho que arrumar um jeito de ir fazer a prova!

- Quando é?

- No próximo mês, dia 18! - eu comentei, vendo meu irmão olhar o edital com um pouco de calma.

- Tudo bem, vou  pensar num jeito de nós dois paramos no Rio de Janeiro mês que vem e eu também pago essa taxa de inscrição pra você!

- Sério? - ele assentiu, sorrindo.

- É uma maneira de dizer que eu te apoio, se essa for mesmo a sua escolha! - o abracei.

- É sim, obrigada! 

- Eu te amo muito, Anto! Nunca se esqueça disso, ok?

- Eu também te amo, Fonfon! - vi ele fazer uma careta.

- Não sou fã desse apelido!

- Mamãe que te chamava assim!

- Eu sei, mas ficava menos brega quando ela me chamava! -ri.

(...)

- Mês que vem vai ter um congresso de Medicina no Rio! - Afonso comentou, quebrando o silêncio enquanto jantávamos.

- Que dia? - minha avó perguntou.

- Hum, se não me engano no final de semana do dia 18, algo assim! - olhei pra ele e dei um sorriso - Estava pensando em ir!

- Se quer ir, vai então! 

- E estava pensando em levar a Antonella comigo, acho que consigo fazer ela entrar lá! - olhei imediatamente para vovó, que também me olhou rapidamente - Quer dizer, vai ser bom para ela conhecer um pouco mais sobre essas coisas da medicina, quem sabe não dá um gás nessa reta final? - aguardei a resposta da minha vó com os olhos fechados.

- Você tem razão! Vai ser bom pra você, minha querida! - apertou a minha mão carinhosamente, sobre a mesa. Sorri.

- Tudo bem! - olhei para o meu irmão com um sorriso que dizia mil vezes obrigada e ele apenas me lançou uma piscadela.

(...)

Eu estava com o resultado dos meus vestibulares em mãos, ainda sem acreditar. Li e reli aqueles "APROVADA" um milhão de vezes.

- O que você vai fazer agora? - meu irmão me questionou, porque eu tinha uma escolha difícil. Me matricular na faculdade de medicina e ser tudo o que a minha vó sempre quis ou ir para o Rio e fazer Veterinária e ser tudo o que eu sempre quis.

- Não sei, capaz da vovó me deserdar! - ri, nasalmente, sem muita graça. Me levantei e desci, encontrando a mais velha tomando café junto com meu avô. Afonso estava no meu encalço - Saiu o resultado da prova! 

- E? - ela me perguntou e eu estendi o celular, que pegou prontamente - Luís, a nossa bebezinha conseguiu a vaga! - disse com um largo sorriso - Viu como se esforçar, adianta! Graças a Deus, estava achando que ia ter que pagar a faculdade para você, Antonella! - disse me abraçando.

- É, tem mais uma coisa! - eu disse, pegando o celular novamente e abrindo o resultado do outro vestibular - Eu fiquei em 1º lugar em veterinário, no Rio! - meu avó sorriu.

- Veterinária? Por quê você fez esse vestibular? Antonella, isso nem é medicina de verdade! - minha avó disse, após saber da grande notícia.

- Claro que é, os animais também precisam de cuidado!

- Pessoas precisam de cuidados e não animais! 

- Bom, eu queria ir para o Rio e fazer isso!

- Você ficou louca, só pode!

- Mas é o que eu quero, vó! Você já pode sair por aí e dizer que os seus três netos foram aprovados em medicina, se isso é o que você tanto queria, mas eu não vou ser obrigada a fazer uma coisa que eu não gosto!

- Antonella, preste bem a atenção: se você for para o Rio estudar veterinária, fique sabendo que você não é mais bem vinda nessa casa! Você está decepcionando a toda a sua família, está decepcionando os seus pais! E vai pra lá de mãos abanando porque eu não vou contribuir em nada para que você se sustente lá e a sua parte do hospital, vai ser dividida só entre quem realmente é Garcia!

- Não quero o seu dinheiro, vou conquistar o meu próprio! - ela riu.

- Sendo veterinária? Boa sorte então, espero que ache alguém que te sustente, garota mimada!

- Por quê não importa tudo que eu faça, nunca será suficiente para te agradar? - ela não respondeu. Olhei para o meu irmão, que tinha algumas lágrimas no rosto. Me afastei dali.

Bati a porta do meu quarto e me sentei no chão próximo da minha cama, chorando como se as minhas forças também estivessem escorrendo junto com as lágrimas. Ouvi batidas e pensei ser o Afonso, mas era o vovô. Ele me ajudou a levantar do chão e me abraçou firmemente. 

- Fiquei muito orgulhoso de saber que a minha menina passou em primeiro lugar no vestibular!

- É, mas pra minha avó não é o suficiente! 

- Não liga pra ela! Sabia que sua mãe teria muito orgulho de você uma hora dessa?

- Queria que ela estivesse aqui!

- Eu sei, eu também queria, meu amor! - secou as minhas lágrimas - Olha, se é isso que seu coração manda, eu vou te apoiar muito! Sua avó acha que pode ter o controle da sua vida, como ela fez com a sua mãe e com o Afonso, mas ela não conseguiu fazer o mesmo com você! - me abraçou mais forte e ficamos um tempo em silêncio - Anto, só quero que você me prometa uma coisa!

- O quê?

- Que vai fazer tudo que tiver ao seu alcance para salvar o seu paciente? - sorri.

- Prometo!

FLASHBACK OFF