Capítulo 36

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ANTONELLA POV:

A tensão que estava no Maracanã já estava me dando desespero. O Corinthians tinha empatado a partida próximo do fim e isso significava que a gente ia para os pênaltis. Eu olhava para o Gabriel e já sentia ele cansado, mas mesmo assim eles tentavam, só que hoje a bola parecia de mal com a rede, porque não entrava de jeito nenhum.

Quando o juiz apitou o fim do jogo, ouvi as meninas resmungarem e eu apenas mantive meu olhar no campo, acompanhando Gabriel. Ele também me olhava e estava tenso, por isso dei o meu sorriso e apontei para o símbolo do Flamengo em meu peito e Gabi concordou, entendendo.

- Todo mundo aqui está em dia com o cardio? - Bruna perguntou, brincando e eu ri, desviando a minha atenção do campo.

- Por quê eles insistem em tornar tudo mais difícil? - Fernanda perguntou, tomando um pouco de água -  Era só ter matado esse jogo logo, agora a gente fica nessa tensão toda! 

Eu me sentei um pouco, estava bem nervosa mas confiava no Flamengo e sabia que eles poderiam sim ganhar. Então fiquei um pouco sentada e hora ou outra eu comentava algo com a meninas, mas me levantei quando vi que a disputa iria começar.

O Corinthians estava bem, não tinha errado nenhuma das cobranças e o Cassio tinha defendido o chute do Filipe Luís. A situação ficou igualada quando Fagner bateu no travessão e comemoramos aquilo como um gol. 

Gabriel pegou a bola e caminhou para a marca do pênalti e eu suspirei fundo. Marília deu leve tapinhas na minhas costas.

- Ele não erra! - disse e eu concordei, rezando para que de fato isso acontecesse mesmo.

O camisa 9 deu alguns passos para trás depois de posicionar a bola e suspirou fundo, bem concentrado, antes de chutar e o Maracanã explodir com a bola balançando a rede. Soltei a respiração que nem tinha percebido estar prendendo.

Gabi pediu calma para a torcida do Corinthians e atiçou à do Flamengo, fazendo com que ela se animasse ainda mais. Sorri, o vendo. E quando Mateus Vital isolou a bola, me deu uma baita esperança de que era agora que a gente levantaria a taça. 

- Ai, meu Deus! - Nina resmungou ao meu lado, ao ver o marido caminhar para o outro lado do campo para fazer o lance que poderia definir o campeão - É o Rodi que vai bater esse pênalti... Não quero nem ver! - disse e pegou Maria Alice no colo e se sentou, chorando e rezando algo abraçando à filha. 

Naquele momento eu senti o medo dela: Se o lateral perdesse a chance, com certeza seria massacrado pela torcida, mesmo que o flamengo vencesse com outra cobrança.

- Calma, vai dar tudo certo! - eu disse me abaixando ao lado dela, vendo que Rodinei já estava na marca do pênalti, respirando fundo antes de ser autorizado. 

A mão de Nina segurou a minha firmemente e só ouvimos o grito da torcida. Nós levantamos e nos abraçamos meio desengonçadas por conta da Maria no nosso meio, mas tínhamos um sorriso enorme e lágrimas nos olhos também.

- Obrigada, meu Deus! - ela dizia, não podendo conter a alegria. As outras mulheres também vieram nos abraçar.

- Nem estou acreditando, Anto! - Marília disse, também chorando muito. Eu ri e a abracei.

- Nem eu! - comentei e peguei Guto no colo, que queria ver o pai em campo. Ele acenou para o Everton, que mandou beijos para o filho.

Gabriel estava com o seu olhar sobre mim e sorriu quando também o encarei. Ele tentou me dizer algo por leitura labial, mas eu apenas fingi que entendi e sorri.

- Vamos lá embaixo? - Fernanda me perguntou e eu assenti, acompanhando todo mundo ainda com Guto no meu colo. 

Bruno Henrique e João Gomes, que tinha assistido todo o jogo no camarote com a gente,  vinham fazendo a festa atrás de nós, me fazendo rir. 

- Como está se sentindo? - Marília me perguntou, depois de começar a andar ao meu lado com o filho mais novo.

- Feliz demais, parece coisa de outro mundo! - sorrimos.

- Tomara que sábado que vem a gente possa comemorar mais um título!

- Nossa, é a Libertadores! 

- Você vai com a gente, né?

- Ainda não sei, Gabriel tinha comentado comigo!

- Vamos sim, Anto! Temos que tirar altas fotos em Guayaquil! - ri - e Também sei que o Gabi vai querer muito você lá, ainda mais que ele vive dizendo que você costuma dar sorte para ele nos jogos!

- Ele diz isso? - ela assentiu e eu ri - Tudo bem, vou pensar sobre!

- Pensa com carinho! - concordei e ficamos um tempo somente andando, até que ela mudou de assunto um pouco - Soube que seu irmão estava aí semana passada!

- Estava sim, mas foi embora no final de semana! Everton te contou? - assentiu.

- Foi, eu te disse que eles eram fofoqueiros! Eve disse que o Gabriel estava quase passando mal porque ia conhecer ele! - gargalhei.

- Eu não sabia disso!

- Não? - ela também riu.

- Não! Depois o Everton vai me contar essa história direitinho! - nós rimos e chegamos na escadaria, logo para a entrada do campo. Coloquei Augusto no chão e ele correu em direção ao pai e Marília foi atrás. Ri deles, mas fiquei na escada, observando de longe a festa, vendo todo mundo se abraçar. Nunca imaginaria ver um título do Flamengo assim, bem de pertinho!

Depois Que Te Conheci - G. BarbosaOnde histórias criam vida. Descubra agora