˗ˏˋ ↳ 26 I ᴅɪᴅɴ'ᴛ ᴋɴᴏᴡ

1.5K 184 317
                                    

 De longe os vizinhos escutavam a gritaria que vinha da casa dos Mills, o senhor Carl que regava suas plantas toda manhã como sua fiel rotina, não conseguia tirar os olhos da janela dos Mills e acabou afogando alguns de seus alfaces

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


De longe os vizinhos escutavam a gritaria que vinha da casa dos Mills, o senhor Carl que regava suas plantas toda manhã como sua fiel rotina, não conseguia tirar os olhos da janela dos Mills e acabou afogando alguns de seus alfaces. Três meses antes de ser presa e minha pior face ser revelada para minha família, eles já estavam tendo uma ideia de quem eu realmente era.

— Eu não quero essas porcarias suas na minha casa! — Valentim vociferou andando até a cozinha, Thea estava ao lado dele gritando e chamando minha atenção pelo o que encontraram no meu quarto.

Fui passar férias com meus avós e admito que fiquei tão chapada na noite passada, que cai no sono no sofá e deixei meu baseado sobre o sofá. Além de Thea estar furiosa por ter queimado seu sofá caro e de origem romana, estava furiosa porque a casa fedia a cigarro de maconha.

— Isso é meu! — Gritei puxando o braço de Valentim com força, o mais velho me empurrou para trás em um movimento rápido como se meu peso significasse nada. Se aproximou jogando o baseado na pia e ligando triturador, ao se virar para mim pude analisar com cuidado sua face contorcida pelo ódio.

— Você nem faz ideia o quanto essa merda faz mal a sua saúde! Sua garota burra, onde que tá com a cabeça?!

— Vai se foder! Vocês dois! — Gritei alto mostrando o dedo do meio para ambos, sentia todo centímetro do meu corpo queimar e torcer com raiva. — Eu odeio vocês, prefiro mil vezes Kreese!

— Então vai com ele! Vai lá com aquele velho idiota que te usa para ganhar troféus! — Thea ordenou apontando o dedo para a porta da cozinha, a pele de seu rosto estava toda avermelhada de ódio e seu peito subia e descia com respirações curtas e pesadas. — Mas já aviso mocinha, se for sair daqui, não volte mais. — Sibilou apontando o dedo em minha direção.

— Eu quero que vocês dois morram. — Determinei cuspindo no chão em um gesto de repulsa, saindo da cozinha chutei a cadeira da ilha e derrubei algumas cerâmicas de enfeite no chão causando uma bagunça e tanto.

  Já se passaram três dias desde do enterro de Valentim e ainda sentia no peito a mesma sensação que tive quando anunciaram sua morte. Mesmo com todos estando em casa ainda sentia ela vazia, Thea andava pelos corredores como uma alma penada sem pronunciar uma palavra ou querer conversar, Allie se afundou tanto no trabalho e nas suas cirurgias pendentes que mal a vi nesses dias. Sebastien foi o que mais me deixou preocupado, ele mal dormiu em casa ou tocou em suas roupas de crochê, o vi chegar a noite pelas 3 da manhã e bater a porta do quarto com força o suficiente para acordar a casa toda, em seguida ligou o som no último e ficou assim até amanhecer... Me senti mal a noite inteira e chorei no silêncio sobre a luz fraca do luar entrando pela janela do meu quarto, me lembrei dos antigos tempos e a imagem do meu irmão bebado e drogado voltou na minha mente. Será que ele tinha tido uma recaída?

Respirei fundo passando a mão pelo meu rosto, estava sentada sobre o chão de carpete encarando o tabuleiro de xadrez na minha frente. Tinha o arrumado perfeitamente para minha partida com Valentim, até mesmo separei um presente para o vencedor... Me levantei arrumando o cabelo em um coque e caminhei para fora do meu quarto, passei as mãos pelos braços sentindo o ar frio pairar sobre a casa e fui até o quarto de Sebastien, dei duas batidas na porta o esperando abrir mas não escutei nada além do seu ronco alto.

Legado Kreese  - Cᴏʙʀᴀ KᴀɪOnde histórias criam vida. Descubra agora