É engraçado como pais funcionam, sempre são os primeiros a te dar o maior sermão que já ouviu em sua vida e logo depois estão ali para te consolar. Aprendi com as primaveras a deixar cortar algo para que voltasse florescer, e acho que isso era o processo com Valentim.
Apesar de não estar presente conosco, ainda era vivo em meu coração. Morreu como as flores morrem em todo inverno, mas um dia iria renascer como a mais bela flor de um campo limpo no fim de tarde, meu avô era uma força que mantinha todos os Mills de pé por mais que fossem desajeitados e enigmáticos. Nunca contestei seus métodos e decisões por mais que passasse a vida toda refletindo sobre eles, sempre apreciei sua companhia e o recebia em um abraço carinhoso quando precisava voltar para a casa.
Eu precisava voltar para a casa agora, mas Valentim não estaria lá... As luzes acesas, móveis novos e um cheiro de tinta fresca na parede, tudo parecia ter mudado e as lembranças do meu passado apenas queimadas, cinzas sendo levadas pelo sopro de vento.
Me ajoelhei em frente a lápide de meu avô e coloquei um arranjo delicado de flores sobre ela, minhas mãos trêmulas alçaram a pedra acariciando seu nome como se fosse a pele do seu rosto. Fechei os olhos baixando a cabeça e vi lágrimas caírem no chão, me sentia culpada por ter odiado Valentim tantos anos por guardar segredos, agora que eles eram expostos conseguia entender o porque não estava pronta na época para saber, era apenas uma criança que foi obrigada a crescer mais rápido com o tempo, mas não significava que havia amadurecido o suficiente para suportar o que estava de baixo dos panos.
Refleti noite inteira até chegar à conclusão que Thea não poderia de jeito algum se aproximar de Mike Barnes e saber que ele é seu filho biológico. Nossa família estava frágil e isso só acabaria nos separando mais, Allie ficaria furiosa em ver a mãe se aproximando de alguém com sangue do Silver e iria se afastar de Thea, novamente os Mills rachariam no meio.
Eu era a única que tinha aquela suspeita e poderia usar ao meu favor, privar minha vó de se redimir do seu pior erro infelizmente não era minha escolha agora, mas ameaçar Silver com essa informação sim. Iria usar o amor de Thea como uma arma, me sentia enojada por isso mas era necessário, uma vez ou outra não podíamos ter compaixão.
— Vou continuar protegendo o segredo. — Murmurei baixo para a lápide de Valentim, se Thea não achou os documentos do seu filho era porque alguém dos Mills tinha achado antes, e Valentim apesar de amar minha vó com todas suas forças, nunca iria admitir Terry na família de novo.
Querendo ou não Sebastien é frouxo, Thea está toda quebrada que não faço ideia se um dia voltará ser a mesma, Vicenzo e Allie são tão frágeis que não fazem ideia de como encarar uma guerra como a que está acontecendo agora. Eu era a única, a única na família que conseguia defendê-los como Valentim fez um dia. Amanhã teria que lutar por mim, mas mais por eles.
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Minha próxima parada foi para um lugar bem longe do cemitério, meu carro parou algumas ruas antes do antigo dojo do cobra kai e aproveitei das sombras da noite para me esconder. Era quase três da manhã e a rua a minha frente era um completo deserto, ajeitei a capa do meu moletom sobre a cabeça e me serpenteei até o galpão.
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Legado Kreese - Cᴏʙʀᴀ Kᴀɪ
Fiksi PenggemarDepois de dois anos presa em um reformatório pelos hábitos violentos do passado, Aya Kreese sai do reformatório e vai recomeçar uma vida ao lado de seu avô, John Kreese. O que ela não esperava era cair no meio de uma guerra entre dojos, ser perseg...