˗ˏˋ ↳ 28 Mᴇ́xɪᴄᴏ

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   Quando eu era criança adorava fazer coisas bobas como vestir sapatos de cores diferentes, tentar andar em linha reta depois de dar várias piruetas, manchar a sala de atendimento do papai com tinta guache na parede, ver Sebastien jogar vídeo gam...

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Quando eu era criança adorava fazer coisas bobas como vestir sapatos de cores diferentes, tentar andar em linha reta depois de dar várias piruetas, manchar a sala de atendimento do papai com tinta guache na parede, ver Sebastien jogar vídeo game até tarde da noite e pegar no sono no sofá sem me preocupar com o dia de amanhã, eu sabia que Vicenzo ou Allie me colocariam na cama logo cedo e ainda ganharia um beijinho de boa noite.

Quando eu era criança morria de medo de piscinas e tubarões, me lembro de quando meu irmão me fez assistir o filme e passei o resto da noite chorando, como se aquele enorme monstro fosse invadir minha banheira durante os banhos.... Eu sempre fui fascinada por aventuras, me vestir como uma princesa ou uma soldada todos os dias e criar histórias fictícias onde eu fazia o bem, onde as pessoas gostavam de mim. Tenho certeza que se a Aya criança se olhasse no espelho agora, se sentiria como aquelas vilas malvadas que criava no seus sonhos...

Eu estava sentada no banco com os olhos bem abertos observando a janela, observando a pista e as pessoas por qual o ônibus passava, vi passarinhos levantarem voo logo de manhã rasgando os céus, vi barraquinhas de frutas na beira da estrada e hotéis baratos que teria medo de entrar. Uma memória peculiar veio a minha mente durante o trajeto, uma vez em que Kreese me treinou para um regional na cidade vizinha, eu já tinha 12 anos e meu sonho era ir em um parque de diversões, curiosamente o que estava se apresentando na cidade naquela época.

Me lembro de praticamente implorar para que pudéssemos ir, era perto do nosso hotel e fiquei todos os dias pendurada na janela observando as pessoas, ficava lá do início da noite até os primeiros raios da luz do sol aparecer, vi os funcionários fecharem o parque e apagarem as luzes... No dia do campeonato dei meu melhor como sempre, ataquei todas sem compaixão e impedindo que marcassem pontos, estava tão furiosa e tão brava que não me importei em descontar naquelas pobres garotas, ver suas caras tristes e lágrimas nos olhos era minha felicidade.

Saindo de lá com um troféu em mãos, Kreese pediu para que fechasse os olhos e quando abri, tinha dois ingressos do parque nas mãos. Naquele momento só consegui pensar quanto tempo perdi sonhando com o parque, tempo que poderia usar para treinar e descansar. Então em um ato repentino, esmaguei aqueles dois pedaços de papel e pedi para voltar para casa, porque o parque não era importante para mim, não mais.

Depois daquele dia não tive muitas coisas a dizer quando John falava não, fiquei calada o ouvindo e seguindo suas ordens.

Hoje naquele ônibus me encontrava na mesma situação, eu não tinha nada para falar, só sentia angústia no peito por ter perdido o torneio... Aquele chute de Sam ainda estava marcado em meu abdômen, conseguia sentir a dor limpa e clara do seu ataque, conseguia sentir os olhares alegres na direção de Larusso.

— Acho que vamos chegar logo. — Miguel comentou espiando o caminho pelo vidro da janela, soltei um suspiro pesado concordando com a cabeça. — Tá tudo bem? Você tá estranha. — Me ajeitei no lugar e passei a língua sobre os lábios os umedecendo um pouco, tentei forçar um sorriso.

Legado Kreese  - Cᴏʙʀᴀ KᴀɪOnde histórias criam vida. Descubra agora