2. Prólogo

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13 de Agosto de 2022

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13 de Agosto de 2022

- Conta pra mim o que aconteceu, Maria Clara. - Chloe, minha terapeuta, pediu.

FLASHBACK ON

- Você tem certeza que quer ficar em Milão, Maria Clara? - Gabriel me perguntava insistentemente enquanto estava na fila do embarque.

- Tenho, Gabriel. Eu criei minha vida aqui, você sabe, né? Tenho minha carreira. Prometo que vou ficar bem.

- Tá bom, princesa. Se cuida, tudo bem?

- Pode deixar. - Dei um sorriso.

FLASHBACK OFF

- Acho que... escolher ficar sozinha com 17 anos não foi a minha melhor escolha, sabe? No primeiro ano foi tudo muito incrível por aqui. Eu completei meus 18 anos, fiz amizades que eu nunca imaginei ter, minha carreira deslanchou.

- E depois?

- No meio do ano de 2020, mais ou menos, as consequências começaram a bater na porta. Era difícil não ter família por perto, eu tive anemia e não tinha ninguém pra cuidar de mim. Digo, eu tinha meus amigos, mas nunca é a mesma coisa. Passar meus aniversários sem eles foi uma das piores coisas, porque era meio que uma tradição nossa. E eu não tinha noção nenhuma do que isso poderia me causar.

- E o que você sente agora, Maria Clara?

- Eu tenho quase certeza que são crises de ansiedade. Tenho medo de qualquer barulho que ouço em casa e... quando fico doente, ou de tpm, eu choro. Porque eu sinto falta de como o Gabriel cuidava de mim, de como a minha mãe estava sempre lá pra nós dois, nosso pai me mimava como ninguém. Eu choro quando fico sozinha, choro quando saio de casa, choro quando vejo uma família na rua. Parece que meu coração vai sair pela boca. - Enxuguei as lágrimas que insistiam em cair. - E eu sou uma pessoa muito difícil, Chloe. Eu cresci com muitos privilégios e não é uma coisa que eu posso negar. Eu não conheço tanto do mundo como outras pessoas conhecem e... sinto que ninguém realmente quer me conhecer.

- Então, Maria Clara. - Ela suspirou. - Pelo que você me conta, realmente me parece com ansiedade. Vou te encaminhar pra um psiquiatra pra ele te passar um remédio, porque eu mesma não posso prescrever. E vamos iniciar os trabalhos com essa parte da história, tá bom?

- Não, Chloe... eu acho que você não entende. Eu faço terapia com você há algum tempo, mas nunca comentei sobre essa parte porque focamos mais na mídia. Só que... eu tô cansada. Cansada demais de viver isso tudo. Não tem remédio ou médico que possa suprir a falta que eu sinto da minha família.

L O S T  C A U S E | Pedro GuilhermeOnde histórias criam vida. Descubra agora