Derek ainda tentava entender tudo o que estava acontecendo em sua vida. Ainda que tentasse pensar racionalmente no que tinha visto em casa, nada parecia racional. Era tudo confuso, fora de ordem, baixo, e sujo, para que pudesse entrar no campo da racionalidade. A experiência de questionar toda sua vida estava sendo péssima. Se questionava se tudo o que tinha vivido com Addison foi uma mentira. Lembrava que Carolyn tinha passado a vida inteira avisando que ela não prestava, que o casamento deles era um erro, que ele não deveria ficar com ela; e também se perguntava sobre o quanto Mark tinha sido seu amigo durante todos aqueles anos.
Não podia confiar em seus sentimentos, na sua intuição, nos seus pensamentos. Tudo o que acreditava até então, tinha que ser questionado. Ele não tinha mais certeza de nada.
Estava magoado com Addison. Muito magoado com Addison. Pensar em tudo o que viveu com ela e questionar sobre a legitimidade daquilo era doloroso. Sentia que ao esquecê-la teria que apagar 1/3 de sua vida adulta. Aquilo era muito. Ela tinha feito parte dos melhores momentos até então, mas com Mark isso era ainda mais doloroso. Mark tinha sido seu amigo de uma vida inteira, praticamente o irmão que ele não teve. Os dois viveram juntos desde a infância, e agora ele teria que questionar toda uma existência?
Era doloroso perceber que naquela história toda só ele estava perdendo duas vezes. Addison o perdeu, Mark o perdeu, mas ele perdeu os dois. A mulher de sua vida e seu melhor amigo.
Estava hospedado em um hotel em Manhattan. Um que não fosse tão óbvio pra Addison procurar. Um que não tivesse cinco estrelas, o que tornaria as buscas dela muito difíceis, já que ela era uma Forbes Montgomery e eles não se hospedavam em qualquer hotel. Ficou na cama, olhando pro teto, sem conseguir fazer movimentos além de estender o braço pra pegar alguma coisa no frigobar ao lado. Não abria as janelas, nem a porta quando o serviço de quarto batia. Tinha a impressão que se alguém assaltasse um banco aquela semana, ele seria o principal suspeito por estar tendo o comportamento parecido com o do personagem principal daquele filme dos anos 90: Bank Robber. Addison costumava dizer que tinha tesão naquele personagem porque o ator parecia com ele.
Addison... Ele precisava tirá-la da cabeça, das lembranças, das referências.
Ela continuava ligando pra ele. Na verdade, toda ligação que chegava no celular era dela, mas ele não atendia. Ouvia os recados que ela deixava na caixa postal.
- Der... Onde é que você está? Volta pra casa. Eu estou preocupada com você.
Bipe.
- Meu amor, eu preciso explicar o que aconteceu. Você precisa me dar uma chance de explicar.
Bipe.
- Oi, Derek. Sou eu de novo. Eu sei que você não quer falar comigo, mas eu preciso saber se você está bem. Eu estou preocupada.
Bipe.
- Eu vou ficar esperando você aqui em casa. Eu acho que a gente precisa conversar. Eu estou péssima.
Algumas vezes pensava em ouvir as explicações. Gostaria de entender porque ela fez aquilo, em que momento resolveu jogar o casamento deles no lixo, que parte de culpa ele tinha naquela decisão, mas não conseguia imaginar o que aconteceria se ficasse de frente com ela de novo. Tinha medo da própria reação.
***
Savvy ainda continuava sem acreditar no que tinha acontecido na casa da amiga na noite passada. Ela nunca imaginou que ela e Mark poderiam ter alguma coisa. Era tudo muito triste, confuso, quase sem explicação, mas não questionou o que Addison lhe contou. Ela estava visivelmente arrependida e tão perdida quanto qualquer pessoa que tentasse entender aquela história. De maneira alguma ela era culpada e sim mais uma entre as vítimas. Todos eram vítimas. Aquila era uma história sem culpados.
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The Only Exception
Fanfiction"You didn't want to raise a child, Mark. You wanted to trump Derek. You wanted to win." (Addison) * * Ao questionar a vida que idealizou ao lado do marido, Addison percebe que tudo poderia e ainda pode ser diferente. * * {Os personagens da série Gre...