Capítulo 8

337 26 17
                                    

Derek não aguentava mais receber tantas ligações das irmãs. Nancy, Kathleen, Lizzie... Ele não fazia ideia do motivo de tantas ligações. Certamente elas já sabiam de tudo e queriam saber onde ele estava. Mas ainda assim ele duvidava porque Carolyn não tinha ligado ainda, e ele imaginava que assim que as irmãs tomassem conhecimento, a mãe tomaria também.

Tinha muito trabalho pra fazer em Seattle. Como boa parte dos internos do hospital estavam se preparando para se tornar residentes e um novo grupo de internos ainda não tinha sido integrado, sobrava muito trabalho pros atendentes na emergência também. Ele meio que estava gostando daquele ritmo, porque o fazia esquecer todos os problemas que tinha deixado pra trás. Ou, ao menos, deveria fazer esquecer se Nancy não ficasse ligando o tempo inteiro. Ela certamente estava com bastante tempo pra ser insistente aquele dia, nos outros era Lizzie quem fazia mais ligações.

- Nancy _ ele disse finalmente atendendo.

Queria que elas parassem de ligar.

- Porque vocês não param de encher meu saco? Aconteceu alguma coisa com a mamãe?

- Derek! Finalmente! Onde é que você está? _ ela perguntou parecendo aliviada do outro lado da linha.

Elas já sabiam. Agora ele tinha certeza.

- Eu estou bem _ foi o que ele respondeu _ Eu só atendi pra vocês verem que eu estou bem, eu estou vivo...

- Ok, mas onde é que você se meteu? _ Nancy perguntou novamente.

- Eu estou bem, Nancy _ ele repetiu o que achava que ela deveria saber.

- Derek, para com essa brincadeira ridícula. Está todo mundo preocupado aqui, a mamãe vai começar a desconfiar...

- O quê? Ela ainda não sabe? _ ele perguntou.

- Você sabe muito bem que se ela soubesse, ela já tinha pedido pra um detetive encontrar você. Onde é que você está? _ Nancy perguntou mais uma vez.

- Não interessa onde eu estou. Eu estou bem onde eu estou e eu não vou mais voltar pra Nova York.

- O quê? Como não? _ ela questionou _ E a sua vida aqui? Seu trabalho, sua mulher...?

Ele desligou à simples menção de Addison. Como ela podia achar que ele se preocuparia com Addison depois do que ela fez? Voltou a trabalhar sentindo a consciência menos pesada agora que as irmãs não tinham mais motivos para se preocuparem. Esperava que elas parassem de ligar.

Estava em período de adaptação na cidade, mas não estava tendo dificuldades com isso. Seattle era uma cidade como outra qualquer e o clima era um pouco parecido com o de Maine - de onde era sua família materna, e também onde ele morou por um tempo durante o undergraduate em Bowdoin. Passava a maior parte do tempo no hospital, mas aos poucos começou a organizar a vida na cidade. Adele tinha indicado um corretor de imoveis pra ele, que o levou para visitar alguns apartamentos muito bons, mas ele acabou comprando um terreno ótimo em uma região alta, de onde tinha uma vista privilegiada do horizonte de Seattle. Por algum motivo ficou apaixonado por aquele local quando viu por acaso no catalogo da agência enquanto esperava por Yan certo dia. Ele ia levá-lo em mais um apartamento, mas Derek quis visitar o terreno. Estar lá foi melhor do que ver por fotos. Ele comprou e não soube o que fazer com ele por alguns dias até que resolvesse comprar um trailer e se mudar pra lá de vez.

Aquela estava sendo uma experiência de autoconhecimento pra ele. Nunca tinha passado tanto tempo sozinho na vida. Sua rotina sempre foi cercada por irmãs, mãe, Addison... Às vezes tinham a impressão de que não conseguia pensar e ouvir o próprio pensamento. Estar sozinho, em um trailer, em um lugar afastado, em um completo silêncio, fazia com que ele lembrasse das conversas que tinha com o pai, da época em que eles acampavam. A diferença realmente era o silêncio, pois mesmo nos acampamentos deles sempre tinham as vozes das meninas rindo lá fora das histórias que Mark inventava de contar em volta da fogueira.

The Only ExceptionOnde histórias criam vida. Descubra agora