Capítulo 18

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Meg e Ayla desciam por um corredor escuro e íngreme. Ayla havia entrado em um dos camarins e puxando uma espécie de alavanca e parecia torcer para que o corredor as levasse para o covil do fantasma. Meg sentia seu coração acelerado e a boca seca. Se todas as histórias sobre ele fossem reais, aquele suposto fantasma poderia matá-las por ousar descer até os subterrâneos. Mas, Ayla insistia em dizer que ele não era fantasma coisa nenhuma. Era seu amigo e de carne e osso. E pediu várias vezes que Meg guardasse para si mesma o grande segredo de um homem atormentado e solitário. Meg tentou raciocinar aquela maneira. Tentando realmente acreditar nas palavras de Ayla, contudo, mesmo sendo racional, seu coração disparava e seu cérebro enviava alertas de que estar ali não era uma boa ideia. E que acabariam mortas. Não importava se ele fosse ou não fosse fantasma.

Logo encontraram uma escada de pedras que descia e com a ajuda da vela que Ayla carregava, ela pode ver um lago e um barco. Nunca havia estado naquele lugar, mas as lendas sobre aquele os subterrâneos vinham a sua mente com força. Tudo que os funcionários do ópera diziam, os mais antigos no caso, era que existia um rio que corria debaixo da construção do teatro. E que lá vivia um fantasma que controlava tudo por ali. E inclusive causava problemas nas apresentações, quando não era atendido. Lembrou-se das cartas que sua mãe recebia, com um selo em formato de caveira. E talvez, nem tudo fosse lenda, Meg pensava. Ali estava a prova. O rio existia e ao que parecia, estaria em frente ao fantasma, que era amigo de Ayla. E que talvez tenha matado Christine do incêndio, pensava com os pelos dos braços arrepiados.

Ayla, alheia ao medo de Meg, a puxava e clamava por Erik. Encontrou a casa do lago com as velas acesas e entrou no local, mesmo Meg se recusando a entrar.

- Erik? - ela chamou, olhando para duas portas fechadas e pode ver a sala ricamente decorada e o quadro de uma dama loira na parede. Fitou os traços aristocráticos da jovem e apostava ser Christine naquela tela. Ficou deslumbrada com a beleza da jovem e com os traços do artista que havia retratado a jovem soprano. A pintura a óleo parecia imitar as pinturas renascentistas, Ayla notou.

- O que faz aqui? - perguntou uma voz atrás dela. Era soturna e ela sabia que pertenciam ao maestro. Se virou e encarou o olhar sombrio de Erik - E vejo que trouxe companhia.

Ayla engoliu seco.

- Eu não fiz por mal, Erik - ela disse, com voz agoniada - Eu fiquei preocupada com você. Eu...soube que houve mais uma morte hoje e vim conferir se estava tudo bem.

Ele relaxou a postura defensiva, deixando um suspiro escapar. Apertou os punhos, em claro desagrado, mas um lampejo passou pelos olhos esverdeados dele. Parecia agradado pela preocupação dela. Que era genuína.

- Ayla, fez mal em trazer a senhorita Meg aqui. Sabe que não podem saber de mim. O que contou a ela?

Ayla passou a narrar os sucedidos na noite e o que contou a Meg. Erik fez uma careta, ouvindo a jovem e parecia muito irritado com ela. Contudo, Ayla continua a narrar os eventos daquela noite e falando sobre sua preocupação com ele. O quanto teve medo por ele devido ao assassino estar no teatro e ter atacado a senhorita Rosalinda. E isso o fez esboçar um sorriso.

- Senhorita, você não deveria ficar tão preocupada. Esqueceu-se que sei me esgueirar por todos os lugares? – Ela o fitou com um olhar zangado – Não me olhe desse jeito. Eu sei muito bem que sua preocupação é genuína. Somente espero que a senhorita Meg não relate nada sobre mim. Isso não seria bom.

- Ela nunca faria isso. Prometeu que guardaria segredo – Ayla garantiu. Confiava em Meg e sabia que a amiga jamais contaria um segredo dela. E era óbvio que Meg não estava acreditando que um homem que se dizia ser um fantasma vivia nos subterrâneos da Ópera de Paris.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora