Capítulo 25

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Erik andava de um lado a outro do cômodo, se sentindo estranho. O sonho que tivera fora muito real. Via Ayla pedir ajuda. Ela estava ensanguentada e com marcas por todo seu corpo. Ele acordara assustado, pela madrugada, enquanto a chuva caia, batendo sobre a vidraça do seu quarto.

Não conseguia compreender o motivo de sonhar tanto com ela, desde que soube do seu casamento com o conde de Chagny. Ele sabia que seriam felizes. Que seria um casal muito bonito. E teriam filhos ainda mais bonitos. Mas, dentro de si, sentiu seu coração se despedaçando. Era como se perdesse Christine pela segunda vez. Mas, não era em Christine que ele pensava. Era na dama de cabelos negros que parecia assombrá-lo de dia e de noite. Por mais que ele tentasse acreditar que poderia ser feliz distante dela.

Ele não sabia o que pensar. Já deveria fazer três meses de casamento. O tempo passara rápido, enquanto ele se estabelecia. Já tinha conseguido certa fama como músico. E assumido os negócios de Lê Champ. Mas, deixara algumas coisas a cargo de Leon, com negociar com os clientes. Seus projetos de arquitetura também eram feitos e sempre mediados por Persa. A vida de Erik era agitada. Não havia tempo para pensar em ninguém, nem em si mesmo e nos seus sentimentos. O que era ótimo. E não pensava nem um par de olhos turquesa, é claro. Mas, a quem estava tentando enganar? A noite vinha como uma tormenta. Nos seus sonhos, ela estava presente e isso o fazia não conseguir esquecê-la. E nesses sonhos agridoces, ele valsava com ela no telhado, além de tocar melodias com seu violino, apenas para o deleite dela. Ah, e o mais doce veneno, que ele beberia com gosto: ouvia ela lhe dizer que o amava. Isso era o ápice da sua paixão. Mas, quando ele pensava em tocar seu belo rosto, estendendo sua mão para sentir sua pele aveludada, ela esvanecia por entre seus dedos. Como fora tolo! Que espécie de idiota era para te-la deixado partir? Um dos piores, ele presumia. Mas é claro, por um fugaz momento Erik acreditou que poderia ser normal. Que poderia oferecer a ela tudo. Mas, que vida ela teria diante de um homem alquebrado? Com um rosto desfigurado? Ele acreditava que só a faria sofrer. E perderia sua admiração assim que o visse sem a máscara. E aí que estava sua desculpa ainda mais fajuta, fugira para não ter que ver seu coração quebrado novamente pelo horror e recusa dos seus sentimentos mais caros. Não, não iria se sentir rejeitado de novo. Tinha seu orgulho. Talvez, talvez quem sabe, ele não fosse tão idiota assim. Era isso.

Suspirou, sentindo seu corpo cobrar pelas semanas de trabalho ininterruptas e das noites de insônia. Estava exausto. Emocionalmente e fisicamente. Cansado dos seus sonhos estranhos. Até mesmo Christine aparecia para ele, pedindo que ele resgatasse a jovem Ayla. Eram tolices, pensou. Persa tinha razão e ele precisava esquecer dos sonhos, esquecer Christine, até mesmo de Ayla e viver sua vida. Mas, como poderia ter paz, se não conseguia dormir? Inferno!

Saiu do seu quarto, percorrendo a escuridão da casa. Não precisava de luz, pois era habituado a enxergar no escuro. Chegou ao escritório e abriu seu armário de bebidas, pegando um copo de cristal e se servindo de uma dose de conhaque. Pensativo, ele teve uma resolução. Voltaria a Paris. Comprovaria que Ayla estava bem e voltaria a sua vida normal. Era isso. Estava decidido.

***

A viagem fora feita de trem. Erik chamava a atenção devido a sua máscara e seu porte físico atlético e alto. Todos os fitavam com estranheza. Persa estava ao seu lado, quando embarcaram na plataforma. Chegaram há pouco tempo a Paris.

Erik se sentia afoito. Não acreditava que veria Ayla novamente, depois de quase um ano. Estava tentando entender seus sentimentos e ser racional. Acreditou que aquele tempo que passaria longe dela, o faria esquecê-la, esquecer-se dos seus lábios macios e dos seus olhos que pareciam pedras preciosas. Mas, não conseguia esquecer. E estava no momento de admitir isso. De que ela tinha seu coração e que nada iria mudar isso.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora