As situações que mais deixavam Erik nervoso eram quando ninguém o escutava. Ele sempre previa que algo poderia vir a dar errado, mas seus amigos nunca o escutavam. Uma vez, disse a Persa que seu amigo deveria parar de se encontrar as escondidas com a filha de um conde. A jovem frequentava a ópera com a família e parecia fascinada por ele. Os dois se envolveram de uma forma romântica, mas como Persa não tinha qualquer título, ele não poderia se casar com ela. Erik havia lhe dito isso várias vezes. Não queria ser cruel com seu amigo, mas o conde de Saint-Pol não iria tolerar que sua única filha se casasse com um homem sem títulos. E sua amada acabou se casando com um visconde. Persa ficara inconsolável por meses. Parecia muito pior do que Erik, quando acreditou ter perdido Christine. Ele não se alimentava, não se banhava, não trabalhava e quase acabou com a farsa de Erik, ao não cuidar dos seus negócios no teatro. Como era administrador do local, exigia que ninguém fosse até os subterrâneos, assim, Erik estaria protegido de curiosos. Certo dia, enquanto Persa havia se descuidado dos seus deveres, um desavisado chegou a encontrar a passagem secreta e Erik precisou afugenta-lo, com sua máscara de caveira e capa. A primeira vista, alguém teria um ataque cardíaco, mas se a pessoa curiosa não tivesse medo, logo perceberia que era um homem comum. Erik teve a sorte de o desavisado retroceder e sair correndo. Ou infelizmente, ele teria que matá-lo, algo que não queria mais. Para ele, bastavam as mortes que causou, buscando justiça. Gostaria de viver em paz e quem sabe, encomendar sua alma para o céu. Ele sabe que nunca chegaria perto disso, quando morresse, mas não custava ser bom e altruísta, para conseguir o perdão de Deus por seus pecados.
Novamente, Erik e sua visão calculada sobre as coisas, tentou colocar ordem nos eventos seguintes. Mas, infelizmente, não conseguia controlar Ayla, muito menos Christine. As duas estavam confabulando seus próximos passos, em Paris. E trajavam roupas de homens. Apenas colocaram suas roupas, quando estavam no hotel Savoy, em Paris. Antes de chegar, é claro que usaram lenços nos cabelos, para que nenhum homem do conde de Changny as reconhecesse. Poderiam ter ficado assim, mas parecia que elas gostavam de um pouco de aventura e vestiram roupas de homens, sob medida, pago à custa de Erik. Não que ele estivesse reclamando, mas temia muito que alguém as descobrisse. Seria arruinar a reputação delas e se fosse um capanga de Philip, as duas estariam mortas. Então, ele as acompanhou até a sua casa, que dividia com Madame Giry, sua mãe.
Enquanto isso, Leon ficou em Londres, pelo fato de esperar mais notícias do caso de Philip. Até aquela altura, ele deveria estar preso, por estar negociando com o conde Cavendish. Erik esperava fervorosamente que sim. E já estava, aquela altura, deixando o secretário de Leon cuidar da questão da anulação do casamento de Ayla com Philip. Eles iriam alegar a não consumição do casamento. Erik agradecia aos céus por aquele homem nunca tê-la tocado. Ele poderia muito bem resolver as coisas no modo antigo, matando Philip, mas não queria que sua amada o fitasse com horror. Ela mesma havia dito que desejava que as coisas fossem feitas da forma correta. Que não dormiria com a consciência tranquila, sabendo que havia causado a morte de alguém, mesmo que essa pessoa fosse um crápula. Erik não conseguia compreender o coração bondoso de Ayla, mas acatava seu pedido. Faria tudo por ela.
Quando entraram na casa de Meg, foram recebidos por uma Madame Giry abatida. Ela parecia ter envelhecido dez anos e seus olhos estavam cobertos de olheiras. Erik a abraçou, pois eram velhos amigos.
- Obrigada por virem – ela disse, com a voz rouca. Parecia ter chorado antes de eles chegarem, devido à vermelhidão no rosto – Por favor, queiram se sentar.
Eles sentaram no sofá, expectantes. Madame Giry analisava os trajes das duas damas, com um olhar avaliativo. E foi isso que a fez sorrir e sair do seu ar melancólico e sombrio.
- Sinto muito, mas devo salientar que as duas damas ainda parecem mulheres. Mas, muito mais molecas – ela disse.
Christine e Ayla deram uma gargalhada. Elas optaram por calças, com suspensórios, camisa branca, paletó e chapéu no estilo fedora, tudo em tons negros. Até mesmo se arranjaram com um bigode falso. Amarram os cabelos em coques, colocando uma touca e o chapéu, para completar o disfarce.
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Um assassino em Paris - O Fantasma da Ópera
FanficAyla Brown buscava uma forma de ser reconhecida pelo seu talento. Sua voz de soprano era tudo que tinha e queria lutar por seu sonho: ser cantora de ópera. Com uma oportunidade irrecusável, se muda para Paris, mas descobre que apenas será uma bailar...