Os dias se passaram rapidamente para Ayla, que tinha ensaios constantes com o maestro, além dos ensaios como bailarina. Sentia-se transportar toda as vezes que estava na presença dele. E sentia dentro do seu peito um sentimento muito diferente da amizade. Estava a suspirar pelos cantos e isso chamava a atenção de suas amigas. Amélie perguntava se ela tinha um pretendente, pois sempre estava sorrindo. E Ayla desconversava todas as vezes.
Ayla passou a ter visitas constantes do conde de Chagny, que parecia fascinado por ela. Ayla não lhe dava atenção, apenas conversavam sobre música ou o desempenho de cada ópera e peça que acontecia.
- Senhorita Ayla - ele disse, em uma tarde, observando as bailarinas girarem no palco - Poderia ceder um minuto da sua atenção?
Ayla suspirou e desceu do palco, indo de encontro ao conde. Estava cansada de ser rodeada por suas atenções. Apesar de ele sempre ser cavalheiro e nunca a tocar, requeria sua atenção o tempo inteiro.
- Sim, milorde, o que deseja? - ela perguntou.
Ele sorriu, tomando a mão dela e depositando um beijo no dorso. Ela segurou a irritação, tentando não revirar os olhos. As bailarinas observavam com atenção cada movimento deles. Inclusive Ana, que se remoía de ciúme. Meg e Amélie riam, em um canto, torcendo para que o conde a pedisse em casamento, pois já estava dando atenções a Ayla há pelo menos uma semana e meia.
- Queria de perguntar a senhorita se gostaria de ir conosco a um evento que sempre promovo. Todos aqueles que trabalham na Ópera de Paris são convidados. E desejo que seja minha acompanhante.
Ayla deixou escapar um muxoxo. Sabia do evento e tinha a vontade intensa de se manter longe do conde. Ele era tão bonito quanto Raoul e talvez, ela pensou, muito mais perigoso. Contudo, resolveu dar o benefício da dúvida e fitou os olhos do conde. Ele parecia ser diferente do visconde. Com um olhar mais sério e compenetrado. A bailarina não se sentiu insegura em sua presença. E pensou: Que mal faria aceitar ir em um evento? Estou presa nesse lugar há tantos dias. Nada poderá dar errado, eu presumo.
- Muito bem, é claro que irei participar - ela disse, por fim, interrompendo o silêncio - Afinal, todos da companhia estarão e é claro que eu irei. Mas, não aceito ser sua acompanhante, milorde.
O conde arqueou as sobrancelhas claras, desconsertado.
- Insisto em saber o motivo, senhorita. Não gostaria de ser minha acompanhante? - ele perguntou, surpreso.
Ela engoliu seco. O olhar do conde de Chagny era penetrante e demonstrava que não admitiria ser contrariado. A bailarina não sabia como se portar diante daquela situação. Contudo, não iria ceder a ele, somente pelo fato de ser um conde.
- O motivo é por não ser correto, milorde. Não somos conhecidos e não seria de bom tom - Era a melhor resposta que a Ayla poderia ter, sem ofendê-lo. Já tinha problemas demais com um Chagny. Fazer com que outro se voltasse contra ela não seria sensato. Ela precisava permanecer em Paris e visar no seu futuro. E não arranjar inimigos.
Ela imaginou que com essa resposta, ele a deixaria em paz, mas isso apenas provocou um sorriso dele. Seu rosto estava iluminado, como se o que ela disse não tivesse o contrariado, mas o divertido.
- Senhorita Ayla, não está recusando por não me conhecer. Afinal, estou a quase duas semanas conversando com a senhorita. Por favor, aceite meu convite, eu lhe imploro - Ele tomou a mão dela, acariciando o dorso, com um sorriso suave.
Ela estudou a fisionomia do conde, tentando encontrar qualquer sinal de malicia ou presunção. Não havia nada, o menor sinal de prepotência. Algo que encontrava sempre ao fitar Raoul. O conde de Chagny era enigmático. Sua fisionomia não transparecia nada, a não ser cavalheirismo.
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Um assassino em Paris - O Fantasma da Ópera
FanficAyla Brown buscava uma forma de ser reconhecida pelo seu talento. Sua voz de soprano era tudo que tinha e queria lutar por seu sonho: ser cantora de ópera. Com uma oportunidade irrecusável, se muda para Paris, mas descobre que apenas será uma bailar...