Capítulo 6

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Ayla passava os dias ensaiando para o novo espetáculo que seria exibido na Ópera de Paris. Era a ópera de Romeu e Julieta. E para sua infelicidade, Carlotta iria ser Julieta e Romeu o senhor Armand. A voz dele era belíssima. Um barítono encantador, com a voz encorpada. Envolvia as bailarinas, com seu modo brincalhão e gentil. E Carlotta tinha uma voz soprano, mas não era tão suave, não condizia em nada com Julieta. Sua forma de ser afetava e muito nos papéis. Ela acreditava que não precisava ensaiar para o papel, pois nascera pronta para ser Julieta. E isso irritava os atores, pois ela interrompia os ensaios, as vezes alegando que todos estavam ensaiando de forma errada. O gerente, Andrew, estava por um fio para sair do cargo, pois não aguentava mais as exigências de Carlotta. E Persa tentava equilibrar tudo. Com os inspetores da polícia, que rondavam o prédio, com Erik e agora com Carlotta.

- Eu não quero mais esse cargo, Erik – ele disse, suspirando, andando de um lado para o outro, nas catacumbas – Isso está estressante demais.

Erik riu.

- Preciso de você lá, Persa. Sem você, não poderei continuar seguro por aqui – Erik disse, observando seu amigo andando de um lado para o outro – Cuidado, vai cair no rio dessa maneira.

Persa o fitou com desagrado.

- Erik, você precisa ir embora. Vamos sair daqui, de uma vez por todas. Eu não nasci para administrar nada disso. E além do mais, você ainda pode ser acusado de assassinato. O conde de Chagny está desconfiado de você. Acredita que tenha matado Christine no incêndio.

Erik sentia a raiva borbulhar dentro de si.

- Eu não fiz isso. Você sabe disso, tanto quanto eu. Foi aquele maldito assassino de Paris. Se eu agia pelas sombras, parece que temos alguém parecido comigo, mas sanguinário e cruel. Sabe que faço tudo apenas para o bem do teatro. E apenas faço justiça.

Persa suspirou. Estava cansado do discurso de Erik quanto a manter a ópera viva dentro do teatro e de que apenas tirava do caminho aqueles que ousavam enfrentá-lo, ou faziam coisas erradas.

- Precisa parar de bancar Deus, Erik. Você não tem direito de interferir em certas coisas. Quem deve aplicar a justiça é a lei. E não você – Persa fitou o amigo com seriedade.

Erik deu de ombros.

- Eu sei o que estou fazendo, Persa. A justiça nunca é aplicada como deve ser. E se eu ver injustiça, pode saber que atuarei nas sombras. Quantos homens não tentaram fazer mal a essas bailarinas? Hum? E quantos se atreveram a descer nos meus domínios? Tentando me tirar da minha casa? É aqui que vivo Persa. Aqui é onde reino. E continuarei aqui, goste ou não – ele se aproximou de Persa e colocou a mão no ombro do amigo, encarando-o com seu olhar sério – Mas, preciso de ti, meu amigo. É tu que é porta-voz no teatro. Você cumpre com o que peço. E você, meu amigo, é que me ajuda a fazer projetos de arquitetura. Assim, não terei de lidar com nenhum ser humano.

Persa bufou.

- Erik, Erik – ele disse, em um lamento – Precisa encarar o mundo lá fora. Não se lembra que estava tranquilo em Londres? Como foi fácil andar por aquelas ruas e ninguém parecia lhe julgar por usar uma máscara? Acharam que você era um excêntrico. Por que não volta a fazer isso?

Erik se afastou e fitou a água que corria pelas catacumbas e o seu barco. Sentia-se cansado.

- Não posso desistir da ópera, Persa. Essa é minha vida. É o que sou. E prometi a Christine que manteria a chama acesa. Sabe muito bem meus motivos para ir a Londres.

- Aquele sonho, Erik? Só foi um sonho nostálgico. Apenas a saudade que sentia de Christine. Ela nunca lhe disse para encontrar essa dama - Persa era incrédulo. Não queria acreditar em sonhos. Apesar de ser uma grande coincidência, pensava.

Um assassino em Paris - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora