Ayla passou o mês seguinte em uma situação totalmente nova. Era uma condessa. E como condessa, deveria promover jantares, bailes e cuidar da sua residência. Philip pacientemente explicava para ela suas atribuições.
- São apenas formalidades – ele dissera, com um sorriso – Não há nada que irá atrapalhar seus ensaios no teatro, que farei questão de acompanhar. Desejo que continue sua rotina como sempre fez.
Ayla passou a se esforçar para atender suas expectativas. Afinal, fazia parte do acordo. E compreendia que precisava ser uma esposa exemplar. Para que a imagem de Philip não fosse manchada. Já bastavam os boatos e as pessoas especulando sobre a vida deles. Principalmente por ela ser órfã e não ter um nome. Não que ela se preocupasse com sua reputação. Apenas, se preocupava com a imagem que seu esposo teria diante de todos. Ela gostava de Philip. Não como um homem, mas como um amigo. Ele se mostrara paciente e não a forçara a nada. Não impôs sua presença. Aquele primeiro mês passara como se nada tivesse mudado para ela. Tudo transcorria com a maior naturalidade. Apesar do desconforto, é claro e dos olhares estranhos que recebia das matronas e das damas que vinham fazer visitas. E alguns comentários mordazes.
E por mais que estivesse ocupada, um par de olhos verdes se infiltravam em seus pensamentos, apesar da sua vida nova. Erik era constante em sua mente. Pensava no que ele estaria fazendo em Londres. Será que ele estava feliz? Será que as pessoas o julgavam pela sua máscara? Será que sentia falta dela? Eram tantas conjecturas que não conseguia dormir a noite.
- Senhora? – chamou alguém da porta do seu camarim.
Ela olhou para o lado, vendo um rapaz carregando um buque de rosas vermelho. Ela não se espantou por receber um presente desses. Na realidade era comum sempre ser presentada, desde que se tornara a prima donna. E o mais estranho era que Philip, naquele primeiro mês de casado, começara a especular que eram os homens que a presenteavam.
- Eu não sei – ela respondera – Alguns pedem para entregadores deixarem para mim. Outros veem até o camarim. Eu quase nem lembro os nomes – Ela dera de ombros.
Ele apertara os olhos, como se não tivesse apreciado aquilo.
- Pois, não deveria mais receber, Ayla. Afinal, é uma mulher casada e isso poderia passar a impressão errada – ele usara um tom aconselhador e seu olhar era estranho. Diferente do usual.
- Ora, me diga como fazer isso de forma que eu não seja rude. E, aliás, gosto de receber presentes – ela dissera, rindo. Mas, ele não parecia humorado.
- Se deseja presentes, eu enviarei a você sempre que desejar – ele dissera, saindo do quarto dela, indo direito para o seu, pela porta de ligação entre os dois cômodos.
- Está com ciúme, Philip? Pois, não deveria – ela provocara – Afinal, sou casada com você.
Ele não respondera nada e ela deixara isso de lado. O assunto estava encerrado. Por que deveria se preocupar? E agora, em frente ao espelho do camarim, depois de outro espetáculo, havia recebia um buque de rosas. Pegou o papel amarrado a base do buque e leu as seguintes palavras:
É tão bela quando está no palco. Parece um anjo, pela candura da sua voz. Quem me dera ter a chance de ser abençoado com sua presença. Uma pena ser tão inalcançável.
Do seu admirador secreto.
Ayla riu do cartão, que estava perfumado com um aroma adocicado. Ela não acreditava na tamanha tolice que eles escreviam. Largou o cartão sobre a mesa e estava prestes a retirar seu robe quando a porta se abriu, de repente. Quase teve um ataque do coração e levou a mão ao peito, assustada. Viu seu esposo entrar, com outro buque de rosas e estreitou o olhar para as flores que ela tinha recebido, em cima da mesa.
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Um assassino em Paris - O Fantasma da Ópera
Hayran KurguAyla Brown buscava uma forma de ser reconhecida pelo seu talento. Sua voz de soprano era tudo que tinha e queria lutar por seu sonho: ser cantora de ópera. Com uma oportunidade irrecusável, se muda para Paris, mas descobre que apenas será uma bailar...