— Ele gosta de mim! — falou, dando alguns pulinhos, ainda na sacada. — Ahhhh, Appa! — deu um sorriso largo e depois que percebeu que estava gritando, mordeu o lábio inferior. Então, virou para a parede que dividia a sacada, inclinou a cabeça um pouco para o lado e suspirou. — Ele realmente gosta de mim, Appa!
Antes de entrar em casa, Gustavo a ouviu dar o gritinho de animação. Ele sorriu com ela e teve uma ótima ideia para o dia seguinte. Depois entrou em casa e fechou a porta da sacada, deixando a coreana sozinha, revivendo cada palavra que ouviu.
Vanessa permaneceu ali por um tempo, apoiando os braços na barra de proteção, encarando o céu, enquanto sorria como uma adolescente apaixonada. Naquela noite, não conseguiu pegar no sono. Ela assistiu muitos K-dramas onde a mocinha ouve a confissão do amado, mas entendia como elas se sentiam ao descobrir os verdadeiros sentimentos da outra pessoa. Nos K-dramas, as mocinhas sempre davam pulinhos, usavam almofadas para abafar o grito de animação ou faziam uma dancinha da comemoração ao mesmo tempo que sorriam como boba. Bem, agora, ela mesma fazia exatamente essas coisas e conseguia entender o que as protagonistas sentiam; elas se sentiam amadas.
Por volta das duas da manhã, quando foi finalmente se deitar para dormir, fez uma pequena oração de joelhos:
— Appa... o Senhor realmente não esqueceu do que me prometeu e eu só posso dizer: gomapseumnida! — assim como as protagonistas dos K-dramas, Vanessa usou a almofada que estava abraçada para abafar o gritinho de animação. — Gomapseumnida, gomapseumnida, gomapseumnida!
Ela terminou de orar e foi dormir tranquilamente, sentindo a paz que só o Espírito Santo pode dar quando realiza algo que veio dEle.
[...]
Vanessa ouvia a campainha tocar sem parar, mas a ignorou e virou para o lado, colocando o travesseiro em cima da cabeça. Mas a pessoa não ia desistir tão fácil e continuou tocando até que ela, irritada demais, levantou para atender a porta. Do jeito que estava, abriu-a, bocejando.
— Bom dia, senhorita Kim... — Gustavo falou, acenando.
A coreana ainda estava sonolenta demais para raciocinar, mas acenou de volta.
— Tem um lugar que eu quero te levar...
— Que horas são? — falou, enquanto bocejava de novo. Em seguida, passou as mãos pelos cabelos que estavam bem bagunçados e soltou um suspiro.
Ele olhou para o relógio no pulso e disse:
— São exatamente onze horas da manhã de um domingo ensolarado... Parece que alguém madrugou ontem.
Assim que ouviu a frase, Vanessa se deu conta de que tinha dormido tarde e que levantou do jeito que estava; com um pijama de moletom, cabelos bagunçados e com o rosto amassado. Se deu conta de que abriu a porta nesse estado; abriu a porta para a pessoa que gostava naquele estado!
Sim, ela surtou. Sem pensar duas vezes, bateu a porta na cara dele e gritou:
— Ahhhh! Ottokeee? — disse, correndo em direção ao banheiro mais próximo para se olhar. Ela gritou de novo, se sentindo envergonhada.
— Vanessa? — Gustavo a chamou, do outro lado da porta. — Está tudo bem?
— Nee! — gritou de volta, enquanto pegava a escova de dentes. — Só aguarde alguns segundos.
Ele riu alto e disse:
— Você ainda está bonita assim.
— Ahhh! — gritou de novo, e ele riu mais uma vez.
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Woori - Caminhos Novos - Série Médicos Do Fim
SpiritualO ano é 2028, e Vanessa Kim, com 17 anos e meio, vive como herdeira de um poderoso conglomerado na Coreia do Sul. Para quem vê de fora, sua vida parece perfeita, mas para Vanessa é um verdadeiro inferno. Sob a fachada de perfeição, ela enfrenta agre...