Capítulo 15 - O que ela não sabia...

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Era sexta-feira, por volta das seis horas da tarde, o sol estava se pondo e Vanessa estava no estacionamento quando viu Gustavo destravando o carro. Ela pensou em não falar com ele, mas quando viu o curativo em sua testa, mudou de ideia e fez uma reverência de cabeça. O médico sorriu largo e acenou de leve, e foi nesse instante que a coreana se ateve ao pôr-do-sol que acontecia atrás dele.

O viu abrir a porta do carro, colocar a bolsa no banco do carona e fazer menção de entrar no automóvel. Porém, pareceu sentir que alguém o observava, por isso movimentou a cabeça para o lado e deu de cara com Vanessa a cinco metros, observando-o sem piscar.

Na visão da coreana, Gustavo parecia fofo, atraente e um bom partido. Ela nunca reparava na beleza de alguém, na verdade, isso era a última coisa que analisava em um pretendente. Mas com ele, era diferente. Vanessa conseguia ver o caráter, a personalidade e até a beleza; tudo se complementava de tal maneira que ele, aos seus olhos, parecia mesmo alguém bom para namorar. E foi por isso que parou no tempo e ficou fitando-o no estacionamento, porque por um instante, tentou se imaginar de mãos dadas com o grande médico Gustavo Mark.

Porém, assim que percebeu que foi descoberta, ela virou o rosto rapidamente entrando no carro do seu guarda-costas. Gustavo pressionou os lábios um contra o outro, deu um sorriso largo, balançou a cabeça e entrou no carro.

As bochechas de Vanessa ficaram vermelhas e ela colocou as mãos nelas para se acalmar. Yung-ji deu uma olhada no banco de trás pelo retrovisor e riu de canto, mas não perguntou nada.

Os dois carros deram partida, mas ambos sentiram — ao mesmo tempo — o celular vibrar. Eles desbloquearam o aparelho e se depararam com a notícia que um de seus pacientes que foi operado naquele mesmo dia, estava tendo uma crise repentina. Os carros pararam, eles saíram e começaram a correr em direção a entrada do hospital.

— Você também viu? — Gustavo perguntou o óbvio e colocou o celular no bolso da calça.

Nee! — confirmando com a cabeça.

Quando eles chegaram em frente às portas da entrada, pararam imediatamente, esperando-as abrirem. No instante em que passaram pela entrada do hospital, correram em direção ao elevador mais próximo e por sorte, estava vazio. Juntos, atravessaram a porta do elevador e clicaram no número seis. Enquanto esperavam, não trocaram nenhuma palavra e Vanessa andava em círculos ao mesmo tempo que Gustavo atendia o telefone.

— Sim. Estamos a caminho — falou, para a enfermeira que estava do outro lado da linha.

O paciente era um senhor de idade, pai de um herdeiro de lojas de móveis internacionais. Antes da cirurgia começar naquela manhã, tudo estava bem. Porém, o tumor estava em uma parte de difícil acesso e ambos — Gustava e Vanessa — sabiam que no pior cenário, o paciente podia ter convulsões e sangramento cerebral. E foi isso que aconteceu. Eles tinham que voltar para a sala cirúrgica o mais rápido possível para tentar parar o sangramento. Mas sempre trabalhavam com a pior hipótese, já que o paciente era idoso.

As portas do elevador abriram. Vanessa voltou a correr na frente e Gustavo, depois de desligar o celular e o colocou no bolso, correu com ela. Passaram pela sala preparatória e trocaram de roupa. Antes de entrar na sala cirúrgica, lavaram as mãos com cuidado e cautela. Por fim, com as mãos levemente erguidas, seguiram para a operação.

— Mantenha a calma — ele disse para Vanessa, depois que a enfermeira o ajudou a colocar as luvas descartáveis.

Eles fizeram por volta de sete cirurgias juntos e sempre que algum paciente não sobrevivia, Vanessa ia para um lugar secreto — que ele descobriu onde era depois da segunda perda — e chorava como uma criança. Em muitos casos, tentou confortá-la, mas não conseguia atravessar a porta vermelha porque parecia não ser um bom momento e outros, porque era enxotado para fora de lá.

Woori - Caminhos Novos - Série Médicos Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora