Uma semana passou desde que Vanessa chegou ao Brasil. Mesmo sendo filha de um médico renomado, e ainda que tenha viajado boa parte do mundo, nunca visitou o Brasil. Quando conheceu Melissa e seus amigos descobriram que eram brasileiros, mas usava o bom e velho inglês para conversar. Sabia falar em chines, japonês, inglês e coreano, mas nunca passou pela sua cabeça que um dia moraria no país do futebol por tempo indeterminado. Por isso, nos primeiros dias, decidiu aprender o idioma.
Além do mais, como havia poucos assuntos para organizar com relação ao novo hospital de Seul, teve a aprovação de Rafael Caller para conhecer a cidade. No entanto, embora fosse curiosa e gostasse de aprender coisas novas, perdeu o ânimo que lhe restava após ouvir que Fernando ainda amava Melissa.
Preferiu não conhecer a cidade e ficou em casa por uma semana inteira, saindo apenas para caminhar no jardim do condomínio. Precisava pensar no que fazer; Ou deixava a situação seguir adiante, ou acabava com tudo! Porém, diferente de outras vezes, não orou para saber a resposta. Vanessa temia ouvir o NÃO de Deus, por isso, não desejou nem perguntar qual era Sua opinião.
Ao amanhecer, depois de uma péssima noite de sono, Vanessa levantou e preparou o café da manhã. Era seu primeiro dia de trabalho no hospital Caller e bem, ainda não tinha encontrado a resposta que queria. Ao menos, não quis aceitá-la. Enquanto fritava um ovo para pôr no pão, sentiu o corpo ficar muito pesado por causa da noite mal dormida, mas balançou o tronco na tentativa de se manter em pé até o final do plantão.
Assim que o café da manhã ficou pronto, ela foi até a varanda do apartamento apreciar o nascer do sol. Quando sentou na cadeira acolchoada, levantou a cabeça e viu o sol aparecer bem longe. Lembrou de Jeju, uma ilha que pertencia à Coreia do Sul e que era muito bonita. O nascer do sol do lugar era de tirar o fôlego, principalmente se fosse visto de frente para a praia.
— Bom dia, Appa... — disse, dando um sorriso de canto. Estava com um pouco de frio, por isso puxou o casaco que usava contra o corpo. Em seguida, pegou o copo de suco, ergueu-o em direção ao nascer do sol e disse: — Que o dia seja tão belo quanto esse nascer do sol, Appa.
Vanessa pegou a bíblia e começou a ler o livro de Jeremias, capítulo 6. No momento em que terminou, fez uma breve oração e levantou para lavar a louça que acabou de usar. Dez minutos depois, fechou as portas da varanda, calçou a bota que Jeong-ho lhe deu e pegou a bolsa que também ganhou do amigo. Antes de sair, parou subitamente em frente a porta e sorriu. Não estava com Jeong-ho por perto, mas ele sempre sabia dar bons presentes e a bota, sem dúvida, tinha sido uma das suas melhores escolhas.
— Caminhos novos, pedem botas novas... Use-a para andar com a cabeça erguida... — ela sorriu depois de repetir a frase que ele lhe disse há seis anos. — Você é o melhor, oppa.
Assim que abriu a porta caminhou até o elevador, mas quando percebeu que ele estava aberto, correu. Infelizmente não conseguiu alcançá-lo a tempo e depois que o outro elevador chegou, resmungou sozinha sobre a falta de gentileza da pessoa que estava no anterior. Podia ter o impedido de fechar a tempo, mas não fez, mesmo ouvindo seus gritos. Não sabia quem era a tal pessoa mal educada e mal humorada, mas se a visse, pensou, com certeza saberia dizer quem era.
— Bom dia, senhorita Kim. Está tudo bem? — Yung-ji perguntou, abrindo a porta do carro para que ela entrasse. Em seguida, deu a volta no mesmo, entrou e sentou no banco, colocando o cinto de segurança em seguida.
— Você viu alguém sair do prédio? — ela disse, depois de ajustar o cinto.
— Um rapaz passou por aqui antes da senhorita, mas parecia apressado. Por que a pergunta? — ele deu partida e olhou-a pelo espelho do carro esperando uma resposta.
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Woori - Caminhos Novos - Série Médicos Do Fim
SpiritualitéVanessa Kim é uma estudante Sul Coreana que está quase se formando na escola. Ela é a única herdeira de um império de conglomerados coreano, mas, por ser filha única, carrega o peso da perfeição. Por essa razão, a coreana passa metade da infância mo...