Jeong-ho ficou sem palavras. Viu a melhor amiga deixar o choro livre e percebeu como ela passou por muitas situações difíceis. O coreano se sentiu culpado por não ter tempo, apesar de não possuir o controle sobre o tempo que trabalhava. Mas ainda assim, se envergonhou por estar tão preocupado com o trabalho, pacientes e ONG quando não estava conseguindo cuidar de quem deveria ser prioridade.
Antes de salvar os pacientes, podia ter pensado em salvar a melhor amiga, que dizia amar.
- Miane... - sussurrou, a puxando para um abraço.
Vanessa repousou a cabeça no colo do amigo e segurou as mãos dele. Jeong-ho, com a mão livre, começou a fazer carinho na cabeça da coreana e escolheu se manter em silêncio. Sabia que ela estava segurando aquelas lágrimas por muito tempo, e entendeu que era necessário deixá-la chorar, afinal, todo mundo precisa de um momento para despejar o que guardou por muito tempo.
- Vai passar, vai passar - ele repetia, tentando acreditar no que dizia.
Demorou meia hora para Vanessa se recuperar. Ela sentou e limpou o rosto, o nariz fino estava avermelhado e os olhos inchados. O brilho que Jeong-ho viu nela quando chegou, sumiu. Era muito difícil para o coreano vê-la tão deprimida, porque por um momento pensou que ela estava melhor, mas se enganou. Apenas porque uma pessoa não discute seus problemas e preocupações, não significa que eles desapareceram. Pode ser que ela esteja cansada de revisitar o mesmo assunto. Além disso, mesmo que alguém aparente ser forte, feliz e emocionalmente estável, não significa que não precise de ajuda.
O silêncio perdurou por alguns minutos, até que decidiram falar.
- Então... - eles falaram juntos.
Jeong-ho sorriu e se encostou no sofá, depois olhou para a amiga e disse:
- Fale primeiro.
Vanessa fungou e olhou para o amigo. Ele imediatamente arregalou os olhos, como se conseguisse ler sua mente.
- Vanessa, espero que não esteja pensando no que eu estou imaginando.
Ela sorriu de canto. Jeong-ho passou as mãos pelo rosto e chegou mais perto dela.
- Você está pensando nisso mesmo?
- Oppa - começou a falar - Uma criança inocente morreu, e só de pensar que o appa está envolvido, sinto um arrepio na espinha. Não posso cruzar os braços sabendo que meu appa pode matar mais pessoas. Quando cheguei na Coreia, ele já sabia sobre mim e o Gustavo, e se eu não tivesse terminado com ele daquele jeito...
- Seu pai ia matá-lo... - completou, soltando o ar pela boca.
Vanessa engoliu em seco e buscou controlar a respiração.
- Pretende continuar enganando seu pai?
- Nee - ela virou para pegar um copo com água que Eun-ji deixou na mesa. - Eu sei que tem alguma coisa errada aqui. O appa matou uma criança inocente, alguém que nem tinha poder pra machucá-lo. Ele me pediu pra dar um fim na Melissa também, mas nós somos mil vezes mais ricos do que a família Caller, por que ele faria isso?
- Não consigo entender...
- Eu também não, - ela bebeu a água e colocou o copo de volta. Depois, virou para o amigo. - Mas o senhor Park conversou comigo e eu descobri que nossa empresa pode entrar em uma crise por desvio de dinheiro. Tudo está muito confuso, mas preciso continuar fingindo que não sei de nada até ter mais informações.
- Espere - Jeong-ho franziu o cenho. - Você está pensando no Gustavo? O que pretende fazer com ele?
A coreana encostou no sofá e cruzou os braços. Seu coração ficou apertado e os olhos encheram de lágrimas.
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Woori - Caminhos Novos - Série Médicos Do Fim
EspiritualVanessa Kim é uma estudante Sul Coreana que está quase se formando na escola. Ela é a única herdeira de um império de conglomerados coreano, mas, por ser filha única, carrega o peso da perfeição. Por essa razão, a coreana passa metade da infância mo...