Capítulo 22 - Tudo ficará bem

31 3 0
                                    

— A dona do hospital não trabalha? — começou a falar, depois de entrar.

Assim que ouviu, Melissa revirou os olhos e continuou concentrada no celular. Então, Vanessa o puxou da mão dela.

— Você é louca? — Melissa gritou, ficando em pé de frente para a coreana.

— Você não teve aulas de etiqueta? Não sabe que uma moça educada não grita? — perguntou, cruzando os braços enquanto segurava o celular com força, assim podia ter no que se agarrar para manter o controle das emoções.

— Se tem tempo sobrando, use. Mas, como filha do dono desse hospital, eu tenho mais o que fazer. Me devolva o celular, agora!

Melissa tentou puxá-lo das mãos de Vanessa, mas não conseguiu.

— Olhando assim, parece uma criança mimada... Inclusive, falando em criança mimada, você não tem medo de que algo aconteça com sua preciosa Kézia?

— Você nem pense em fazer alguma coisa contra ela, sua cobra! — gritou, cerrando os punhos. — Agora me devolva meu celular!

Melissa estendeu os braços e foi mais rápida e finalmente conseguiu tirar o celular das mãos de Vanessa.

— Se eu fosse você, melzinha, teria medo, sabe? Vocês, brasileiros, tem uma lenda sobre um tal homem do saco, nee? — ela riu, tentando manter a provocação. — Talvez, melzinha... — falou, baixando o tom da voz. — O tal homem realmente exista e tente levar aquela pequena órfã. Se eu fosse você, teria mais cuidado.

Melissa cruzou os braços e soltou uma lufada de ar em seguida.

— Me poupe, Vanessa! Você está muito grandinha pra acreditar no homem do saco, não acha? Agora, se não tem nada pra fazer, aproveite, mas eu tenho, me dê licença — falou, dando as costas e saindo em seguida.

Vanessa soltou o ar que estava prendendo e jogou o corpo no sofá. Ela continuou sentada olhando para a parede branca em sua frente. Seus olhos começaram a lacrimejar e o ar sumiu assim que sua mente foi levada a imaginar o pior. Temeu pela vida de Kézia e apesar de estar em conflito com Melissa, não desejava o mal para ela. Então pensar que seu appa pudesse lhe fazer coisas ruins a fez estremecer. E seus pensamentos voaram longe quando também imaginou que Gustavo podia se machucar.

Às lágrimas escorreram pelas bochechas dela. E sem conseguir respirar direito, levou as mãos até os cabelos e os bagunçou.

— Por favor — sussurrou, cerrando os punhos. Seu peito subia e descia em uma velocidade rápida demais. — Por favor, dê certo. Por favor...

Ela puxou o ar pela boca, prendeu a respiração por alguns segundos e soltou em seguida. Depois de sentir que estava melhorando, viu o celular vibrar na bolsa. A coreana limpou o rosto com as costas da mão, abriu a bolsa de grife comprada no início daquele ano e atendeu a ligação, sem olhar o nome:

Annyeonghaseyo — disse, fechando a bolsa. Ainda sentada, soltou o ar pela boca e revirou os olhos porque não ouviu a resposta. — Annyeonghaseyo?

— Onde você está? — seu pai falou, tranquilamente.

— Isso importa agora? Por que o Yung-ji foi demitido?

Ela não teve paciência para terminar a chamada na sala de jogos, por isso, saiu. Vanessa andava a passos largos com a cabeça abaixada, pois não queria que os alunos de Gustavo a vissem saindo do hospital. Quando não a encontrasse na hora de ir embora, ele com certeza perguntaria a eles.

— Te devo satisfação agora? Apenas faça o que eu digo — Yeong-gi respondeu, em um tom firme.

A coreana respirou fundo. Depois tirou o celular da orelha e olhou para a tela, sussurrando:

Woori - Caminhos Novos - Série Médicos Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora