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🌹A gentileza que não tenho 🌹

Karma se senta em uma das cadeiras e olho para seu cabelo mal penteado. Ela insiste que um verdadeiro bruxo deve parecer um verdadeiro bruxo.

E claro que alimenta a falsa imagem de um bruxo nada sedutor.

- Como está sua mãe? - pergunto e ela sorri.

- Voltou a caçar como fazia antes do seu negócio existir, mas não nego que algumas vezes ela parece sentir sua falta. - ela diz e rio.

- Achei que ela odiasse meu jeito de viver. - digo e Karma ri.

- Ela ainda odeia Zur! - ela diz e dá de ombros. - Mas apesar de dona Florence não admitir, ela teve bons oito anos com você, graças ao negócio de Mister A, ela pôde parar de caçar e se arriscar para viver somente na floresta enquanto me criava. - ela diz. Karma é quatro anos mais nova que eu, sua mãe quase foi capturada uma vez e a salvei, naquele ano, os corações que Karma e a mãe dela consumiram vieram de mim e prometi a elas que não iam mais precisar sair por pelo menos meia década. Karma tinha oito anos e talvez por ser a mesma idade na qual perdi minha mãe, temi que ela perdesse a dela e tivesse que se guiar sozinha assim como eu.

Não podia permitir que a mãe dela morresse antes que Karma chegasse a entrar na pré adolescência.

- E você? Tem caçado? - pergunto e Karma assente.

- Confesso que sou bem inexperiente, mas sempre caço com minha mãe, ela disse que seria imprudência caçar sozinha, já que comecei a caçar com dezessete anos. - assinto.

- Ela está certa. - digo. Karma me olha com desprezo.

- Você fez uma geração de preguiçosos, seu infeliz convencido. - olho para ela com o mesmo desprezo.

- E você não reclamou e até mesmo está sentada aqui. - digo e ela revira os olhos.

- Bem... - ela dá de ombros. - Quem não gosta de viver com facilidades, não é? - assinto. Me levanto e estico as asas.

- Apenas passei para rever... Tenho que ir. - digo e Karma me olha com seriedade.

- Tudo bem que tenha dado errado sobre seus negócios... Não iria funcionar por muito tempo mesmo, mas Zur... Ainda pensa em tentar aquela loucura? - ela indaga.

- Não é loucura, eles nem sabem que sou metade bruxo, sou forte Karma. - digo e ela assente.

- Mesmo que seja forte, mesmo que esteja buscando algum tipo de igualdade, sabe que isso não vai funcionar, certo? Nunca seremos aceitos pelas leis dos outros, sempre seremos pária. - ela diz e suspiro. Fecho as mãos em punho e sinto o sabor amargo de suas palavras.

- Isso me enfurece, aliás, eu cresci aqui com vocês... Vocês não são menos que eles, vocês amam, odeiam, desejam reconhecimento assim como matam aqueles que traem como eles matam fora da floresta, então porque somente eles podem estar sob a luz? - Karma me olha com pesar.

- Somos diferentes Zur... Você sabe e por mais que Faruk viva sobre a luz, ele é diferente e sabemos disso, porque sabemos que ele reinou durante os anos escuros em Pearl... Ele também sabe que por mais que seja guardião, ele apenas é um dos soldados da verdadeira rainha que é Ada. - ela diz. - Ele escolheu amar ela e escolheu perdoar aqueles que mataram seus pais por amor. - Karma diz e seus olhos marejam. - E você também perdoaria por amor Zur... Seu sangue é metade alado. - ela diz e nego.

- Não me compare a ele, meu objetivo é diferente e isso me diferencia dele. - digo.

- Ok... Mas não lute por nenhum bruxo, lute porque deseja realizar seus feitos, mas não acredite em vão que um dia bruxos vão viver sob a luz, não podemos porque não suportamos olhares de ódio, matamos apenas por sentir a repulsa.

Asas do Mal - Nova Geração Onde histórias criam vida. Descubra agora