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🌹  Bons momentos  🌹

"O que devo fazer?" Vasculho a cozinha inteira e acho algumas cenouras, carne congelada e água. Suspiro. "Definitivamente não dá..."

Caminho para a saída e tento me apressar, passarei em algum lugar que tenha comida fresca, vôo sobre o vilarejo e baixo em um pequeno estabelecimento, entro e olho ao redor. Me aproximo do mortal responsável e ele me sorri, me curvo levemente.

- Olá... - digo.

- O que posso fazer por você? - ele pergunta.

- Quero queijos, frutas e carne fresca. - ele busca meus pedidos e suspiro. Geralmente uso arco e flecha para caçar na floresta verde e vivo do que tem na floresta, mas viver no vilarejo é mais fácil que consiga os alimentos em pequenos lugares com mercadorias.
Pego o necessário e pago com moedas de prata ao sair.

Retorno a casa de Zur e me pergunto o porquê sou tão benevolente, já que ele é meramente educado comigo, penso um pouco sobre isso enquanto caminho de volta para a casa dele, mas mesmo que eu pense, já sei a resposta para minha pergunta.

Acabo desviando de alguns seres místicos e uma fadinha corre entre os maiores e acaba trombando em mim, deixo cair as coisas no chão e agradeço ao fato da carne estar bem guardada envolta em folhas para conserva-la.

- Desculpe! - ela pede e me ajuda a recolher as coisas. Sorrio.

- Tudo bem pequena. - digo e ela me olha por alguns segundos até abrir um sorriso gentil apesar da arcada dentaria ameaçadora.

- Uma ninfa da floresta... - ela aponta minhas roupas. Assinto. Os detalhes do vestido devem me denunciar, aliás, ninfas da floresta tem mais adornos e os vestidos não são sempre brancos até os pés. Olho para a barra avermelhada em meu vestido.

- Bom, até mais. - ela assente e volta a correr. Olho ela se distanciar por um tempo e entrar em uma casa do vilarejo. Suponho que ela more ali. Termino meu percurso e abro o portão da frente da casa de Zur. Entro e sigo para a porta da frente.

Abro a porta e vejo Zur debruçado no balcão com os cabelos molhados, como sempre, vestido adequadamente, algo que me surpreende sempre, já que ele não usa roupas casuais como a maioria dos alados aprende justamente pelo contato com o outro lado. A maioria acaba usando camisetas com estampas e estilos diferentes as habituais e formais daqui.

Ele se vira em minha direção e encara meus braços. Literalmente estou segurando muitas coisas.

- Quantas moedas pagou? - ele pergunta e ignoro a pergunta. Me aproximo da cozinha e deixo tudo na mesa. Separo algumas travessas e uma das panelas pesadas de ferro que Zur tem.
Ele acaba me deixando na cozinha e saindo depois de observar por um tempo.

Algo que não consigo entender nesse alado, é a expressão vazia e solitária de sempre, como se não conseguisse encontrar seu lugar. Isso me parte o coração, já que todos somos família, mas nada parece causar essa sensação nele.

Zur parece perdido e gostaria de ajudar ele a encontrar seu lugar, mas acho que não está em minhas mãos conseguir isso, aliás, parece completamente impossível fazer isso.

Termino de preparar tudo e coloco em tijelas diferentes. Uso as frutas para preparar um suco e levo tudo para o exterior, deixo tudo em cima da cadeira de balanço e olho para Zur sentado na parte granada do quintal. Ele encara o céu e algumas vezes olha para a rua deserta. Queria poder invadir seus pensamentos. Olho para a direção de seus olhos e encaro uma casa grande do outro lado da rua. As luzes do interior estão acessas e o jardim no quintal me confirmam que ali vive alguém que é muito apegado a flores.

Asas do Mal - Nova Geração Onde histórias criam vida. Descubra agora