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É estranho como vejo a cena, ela parece passar em câmera lenta até eu notar uma expressão não tão alegre entre os convidados. E lá está outra vez o olhar peculiar e enigmático de Nox. A falta de brilho impressionante é curiosa, como se ele raramente fosse capaz de estar genuinamente feliz.

Todos se sentam e observo um pouco mais ao gêmeo intrigante.

Hoje a pequena Hemetis está na sala de jantar, ela se senta ao lado de Lux que brinca com ela animadamente enquanto comem... A pequena órfã é outra peça do quebra-cabeça que me deixa intrigado.

Ela é filha de dois alados fortes e tem um nível baixo, mas já consegue gelar a água de um copo, o que me traduz que a cena que vejo de Lux aplaudindo enquanto ela admira o copo com água gelada é um incentivo para ela melhorar a habilidade adquirida tão cedo.

Então a pequena é possível prodígio? Como o pai?
Me pergunto se realmente será uma prodígio.

Ela se levanta levando o copo de água gelada até a cadeira de Nox e lhe entrega, ele solta um breve sorriso e pega o copo sem demostrar grandes expressões, a pequena parece chateada, mas sai em seguida sorrindo para Lux.

Não faria diferença alguma influenciar na vida dela, já que ela não afetaria demais ao nosso instável jovem Nox, mas me pergunto se ele seria afetado se alguém mais próximo fosse acometido.

Me levanto da mesa e me retiro da sala de jantar, antes de sair, sinto-me observado e me retiro cautelosamente. Devo ter olhos mais discretos já que não sou o único capaz de analisar situações e mesmo estando entre eles, alados por si só, são extremamente desconfiados.

Me retiro do castelo e termino meu dia de trabalho, sigo para casa e acabo passando o anoitecer sentado na entrada de casa, olhando o céu.

Me pego lembrando algumas vezes do rosto de Tuli e isso me incomoda, mas não vou simplesmente assumir que me afeta. Devo me policiar mais, já que esse sentimento é novo e não sei direito o que pode significar ou me levar a fazer.
Agir irracionalmente não combina comigo e não será dessa vez que irei.

A semana passa tranquilamente e me certifico de não me aproximar muito de Tuli, apenas mantenho contato mínimo e o suficiente para que ela não invente alguma maneira que acabemos sozinhos no mesmo lugar.

Passo os dias da semana em casa durante a parte noturna observando a movimentação de Petrus.

Por algum motivo, ele saí bastante depois que chega do lado humano e me pergunto o que o pirralho faz, mas não sigo ele, apenas sei que sempre vai em direção a floresta verde pelo menos três vezes nessa semana, decido apenas ver se ele faz a mesma coisa na próxima semana para depois talvez seguir o garoto.

Certamente não é nada que me empolgue, então sou indiferente a seguir os passos dele tão avidamente, ao invés disso, prefiro ficar aproveitando a vista noturna.
Mary tem o costume de aguar as flores todos os dias depois que o sol se põe e sempre tem um brinco junto a ela ajudando.

Como de costume, acordo no dia seguinte cedo o suficiente para tomar um banho relaxante e sigo para o castelo, mas dessa vez acabo parando na ponte de ossos.

Olho para a água escura e fecho os olhos por instantes, consigo ouvir as súplicas por ajuda e meu coração parece dilacerado ao ouvir a voz de minha mãe. Os pedidos de socorro e o choro melancólico dela apenas me fazem lembrar dos bons dias que vivi junto a ela.

Por algum motivo, ela sempre me dizia que sair da floresta era bom para mim, mas perigoso, já que eu usava magia, então não deveria nunca dizer que minha mãe era uma bruxa.

Algo que infelizmente jamais poderei cumprir a ela, foi o pedido frequente que me fazia... Se algo acontece a ela, eu não deveria nunca dizer que ela era minha mãe e tinha me criado, deveria mentir e ir para o orfanato no vilarejo, deveria esconder a magia e jamais usar ela, jamais dizer que precisava consumir um coração puro por ano se não, morreria.

Asas do Mal - Nova Geração Onde histórias criam vida. Descubra agora