🌹Capítulo 14🌹

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"Dor através do tempo"  🌹

Por um momento me pergunto o porquê tem cheiro sangue tão perto, mas o tempo que abro meus olhos não parece exatamente parado ou em câmera lenta. Na verdade, está?

Porque quando abro meus olhos tudo parece lento, minha voz parece abafada, minhas mãos parecem não alcançar o objetivo facilmente e me pergunto se já vi isso antes...

Talvez não... Talvez seja apenas minha amargura batendo forte e a ânsia surreal de deixar tudo e simplesmente destruir tudo! Me dou conta que uma faca atravessa o peito de Tuli e me pergunto se dormi demais, apesar da luz não atravessar o céu exatamente...

- AINDA NÃO AMANHECEU! - esbravejo e sinto meu peito apertar. Seus olhos me fitam com dor e me pergunto o porquê... Me iludi pensando em mil maneiras de desistir ou de prender ela, qualquer coisa... QUALQUER coisa e agora pago pelas minhas miseráveis palavras e me pergunto se o mundo me amaldiçoou... Fui colocado como um fantoche no mundo. Algo que deve ser sempre amaldiçoado até pela própria boca, já que minhas malditas palavras de morte ressoam na minha mente e só quero entender porquê alguém tem que morrer? Porque tenho que abdicar de viver ou matar tudo ao redor? Porquê?

Tuli deveria viver... Que destino cruel que prende uma ninfa a alguém destinado a matar assim? Sinto como se meu se fosse roubado, mas ainda respiro. E cada respiração parece uma facada contínua no meu peito. "FICA, FICA! FICA! FICA,FICA,FICA!" Pressiono a faca contra seu peito e seguro firme.

Queria que essa merda tivesse me atravessado, mas sinto que pedi para ela fazer isso depois da revelação que fiz. Meu peito arde e me pergunto o porquê me autosaboto e levo tudo ao redor junto!?

Que destino de merda que me faz sempre cair o mais baixo e só ter esperança em meus objetivos mais escuros... Sorrio amargamente e Tuli me encara inspirando até que seu corpo amolece junto ao meu. Encaro seu corpo sem vida e os olhos com pupilas escuras e distantes. A floresta verde parece mais calada e tudo ao meu redor parece congelado.

- Não... - sussurro e me pergunto porque sequer provei de Tuli uma vez? Porque não pude sequer ter tudo dela uma única vez sem que fôssemos unidos e acabasse matando ela no processo... Porque algo tem que morrer? E porque justo tudo que tenta me amar? Tudo que tento manter vai embora...

Me sento no chão e junto o corpo de Tuli trazendo a meu colo, a maldita faca cravada em seu peito me enfurecem, mas ela se foi. Encaro o céu ainda escuro e grito. Grito alto deixando toda a dor pulsante em meu ser sair para fora em forma de som.

A dor é latente e pior, é tudo tão tocavel que poderia explodir somente em estar sentindo cada célula do meu corpo em luto. Quero matar e gostaria de morrer.

Ascendo a forma divina e me contenho para não liberar poder na floresta verde e acabar criando uma grande zona de impacto e morte. Reprimir dentro de mim a dor, evocando tudo que sinto através de um grito intenso onde só consigo expressar minha dor e impotência.

Sim ... Impotente.

Me sinto o ser mais impotente do mundo diante da minha realidade. Eu a matei... Ela vai ao lago malditamente infernal por minha causa, ela vai sofrer, ficar perdida e vagando sem rumo para sempre por minha causa. Inspiro o ar com força e ofego reprimindo o ódio crescente de tudo.

Aperto o corpo de Tuli contra o meu e a faca acaba sendo mais pressionada contra ela e olho para seu corpo sem vida.

- Tuli... Porquê? ... Não... - Meus braços falham e apoio ela na grama me curvando sobre seu corpo e chorando com o mais brutal dos gemidos e urros de dor seguidos de cada soluço envolto em lágrimas.

Asas do Mal - Nova Geração Onde histórias criam vida. Descubra agora