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🌹 "A noite que destruímos" 🌹

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Acordo no dia seguinte sentindo um aperto extremo no peito e sinto como se fosse esmagar meu peito. Apoio a mão no peito e encaro o teto soltando um ruído gutural. Meu ar parece escasso e noto que estou ficando paralisado de medo.

A sensação de morrer todos os dias mesmo estando vivo retorna e penso um pouco sobre como isso sempre me afetou, já que estar vivo não quer dizer que estamos vivendo e acho que perdi o gosto pela vida a anos atrás e nem sei dizer em que etapa me perdi tanto.
Às vezes, só quero desaparecer e fingir que nada disso está acontecendo, que nada ao meu redor parece desmoronar, mas minha mente faz trampas perigosas onde posso simplesmente cair se não me policiar e parece que ela ama me manter nessas armadilhas argilosas.

Dói ter a constância de algo que ainda não tinha experimentado e de repente ver aquilo se afastando, porque eu mesmo não sou capaz de manter.

Me sento na cama respirando fundo e sei que a dor que irei sentir ao estar escolhendo meu próprio caminho, solitário e marcado apenas por vitórias pessoais e nada compartilhado com alguém, me trará arrependimentos horríveis.
Não sou o vilão daqui, mas sou aquele que vê uma Pearl diferente. Onde essa falsa sensação de paz não me convence, enquanto aqueles que não tem lugar continuam sendo mortos e torturados pelo simples fato de existirem, muitas vezes sem motivos ou com motivos que explicados não são compreensíveis.

Talvez eu vá fazer a pior escolha possível de todas, mas farei ainda assim, sabendo que será pesada e um fardo.
Aqueles que tem direito a luz, permitirão que a luz exista para a escuridão, não somente dentro do que acreditam ser justiça, mas sim daquilo que deve e é necessário.

Tem dias que desejo a morte, talvez ela chegue ainda antes de ver meu futuro incrível, mas não sei se quero chegar a vê-lo, quão vazio seria agora se Tuli morresse e quão vazio será quando ela descobrir que sou seu torturador, seu carcereiro e que posso prender ela a uma das mais dolorosas realidades, uma que ela não é só ninfa, mas também é gado.

Também é alimento.

Se pudessem me injetar algo que me fizesse esquecer quem sou... Esquecer o porquê nasci ou sequer entender o porquê nasci tão defeituoso.

Me levanto depois de várias vezes respirar fundo e acalmar a iminente sensação de morte que me assola imaginariamente sempre que penso no meu destino trágico. Caminho para fora do quarto e encho baldes de água para meu tão esperado banho. Me concentro  em tomar um banho rápido e me visto no automático como se as horas passando fossem invisíveis.

Saio de casa seguindo em direção a trilha de pérolas negras e é como se todo o caminho até chegar a trilha, eu estivesse entorpecido por sensações que não me pertenciam e essas confundem minha mente do que realmente quero que ela ofereça.

O dia passa como se eu estivesse entorpecido e acho que o tempo está servindo como amortecedor de tudo, já que não me sinto estável mentalmente. Nada adequado para nada.

A vontade de quebrar algo ou ter Tuli são dois extremos em minha mente e estou me perguntando se é o que está me afetando realmente ou estou começando a vacilar entre escolher ela e meu destino real.
O fim do dia chega sem que eu perceba direito, parece que foi tudo uma projeção da minha mente e nem vivi realmente.

Pouso na trilha de pérolas assim que ela está praticamente vazia e olho ao redor, a luz do dia já quase se foi e tudo ao redor parece mais amistoso aos meus olhos. Sorrio com amargura e me dou conta do ódio e toda a raiva acumulada em mim, as mágoas, as tristezas e os pesares se resumem em me consumir de dentro para fora, como se minha carne não sentisse queimaduras e dores por fora, mas estivesse sangrando aqui dentro.

Asas do Mal - Nova Geração Onde histórias criam vida. Descubra agora