🌹Capítulo 17🌹

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Cor Carmesim🌹

Olho para o corpo coberto por cetim vermelho e ao redor, as pessoas tristes e o olhar perdido de Mary, ela encara o cetim sem parar e é abraçada por Drake que parece ainda mais protetor em relação a ela. O olhar vago de Mary me lembra meu próprio olhar no passado, onde parecia que qualquer traço de luz ou vida tivesse sido arrancado de mim no dia que minha mãe morreu. É aquele olhar sem luz ali que acabei levando comigo por anos até ser substituído por outra expectativa ou vontade, mas novamente, ao perder Tuli, deve estar impregnado em mim.

Os gêmeos se aproximam dela e vejo ela desabar em um choro sentido e desesperado.
Mary se agarra aos dois e penso em Karma, de repente, a dor de perder alguns próximos me fazem refletir se essa dor deveria ser sentida por eles também, mas ao olhar ao redor e ver somente Pandora em meio aos outros, me confirmam novamente que sempre será assim. Eles e nós, nunca sendo todos. Nox se afasta primeiro e os olhos escuros parecem ainda mais profundos e obscuros. Não quero que esses dois estejam com a coroa. Qualquer coisa, menos a crueldade perpetua de viver com os guardiões mantendo a divisão entre luz e sombras. Afinal, o coração de cada um é que define o que deve ser luz ou sombra. Eu já estou perdido, mas não vão crescer mais bruxos sendo tratados como seres destinados a serem maus e viverem escondidos.

Ele me olha de relance e depois ao redor antes de sair caminhando e se perder entre os outros. Observo Mary ser consolada por Lux e não muito tempo depois, ele se afasta e observo os olhares inconformados. Procuro Drake e o vejo encostado perto do cetim e com a mão pairando perto, mas longe ao mesmo tempo. Os longos cabelos brancos em cascata cair e tampam a visão de seu rosto e apenas vejo ele relutar em tocar o cetim com a mão. Drake se afasta do cetim e levanta levemente a cabeça, é possível ver seus olhos em uma coloração escura profunda e ele caminha até Mary que se agarra a ele.

Engulo seco. Me canso de estar aqui observando e observando tudo. Encaro meus pés e a bota desgastada, mas deixo de fazer isso e saio lentamente em direção  a porta dupla do castelo. O vento que bate contra meu rosto e a aura pesada do clima ao redor me fazem perceber que não  tem absolutamente nada que possa me ajudar agora e creio que serei uma tragédia pior do que Faruk, mesmo que ele controle o maldito tempo. A diferença entre nós dois é simples... Eu nasci depois, muito tempo depois, mas ele envelheceu assim que Ada entrou em sua vida e eu comecei a viver agora.

Zur... Soa tão simples e talvez sem nenhum peso ainda.

Alço vôo e me distancio do castelo. Sigo para casa e pouso olhando para a casa de Drake, olho em direção a minha porta e vejo ela entreaberta. Franzo o cenho e entro segurando a maçaneta e olhando ao redor até meus olhos pararem no sofá. Karma. Ela tira o capuz e se levanta do sofá.

_ Foi você, não é? - ela pergunta e assinto. Ela me olha com pesar. _ Zur... Acabou, vamos para casa. - ela diz e estende a mão e penso em Tuli. A vida dela acabou e ela está dentro do lago. Não me permito parar enquanto não me pararem.

_ Eu nunca tive ninguém Karma, nem casa. - digo e ela me olha com lágrimas se formando nos olhos.

_ Isso só vai acabar de um jeito... Você vai ser morto. - ela diz. _ Não quero te enterrar também, então por favor... - me aproximo dela e Karma deixa de falar.

_ Eu sou amaldiçoado por nascer ... Eu sequer tive a chance de tentar ser feliz de verdade, então não me importa se eu serei morto, eu apenas não vou mais tolerar essa ordem atual, mas haverá uma revolução das bruxas e se eles quiserem, terão que lutar, porque Gigantes não serão mais contidos no Sul e essas duas florestas não serão mais divididas como águas por pérolas negras em um caminho com escuridão de um lado e flores de outro. - Ela fecha os olhos.

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