1. Aliança

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Minhas costas e pernas doíam como se tivesse malhado freneticamente, mal conseguia me mexer.

Lutava para abrir os olhos, tentando organizar meus pensamentos perante a forte dor de cabeça. Ela só piorou drasticamente quando tentei levantar minhas pálpebras, lutando contra a maldita luz. A mesma, encandecia bem na minha cara como se o quarto simplesmente não tivesse teto, deixando entrar diretamente a luz do sol da manhã.

Como se não bastasse, o peso do braço de Sofia sobre mim me causava angústia, um calor sufocante. Ela nunca conseguia dormir sem que tomasse todo o espaço da cama.

Soltei um grunhido, tentando o alertar do meu incomodo e aguardando que ela, de uma vez por todas, me livrasse do peso em meu abdômen, que por sinal, se revertia em enjoos provavelmente causados por alguns drinks que ingeri na noite passada.

Sem sucesso.

Joguei o braço, batendo e arrastando a mão pela cama, até que finalmente apalpei um travesseiro ou almofada reserva que estava por ali. Levei-o rapidamente aos olhos, com a intenção de abri-los sem maiores danos pela luz. Funcionou.

Tentava retomar a funcionalidade ocular, observando o feixo de visão por baixo da almofada para costumar minhas pupilas. De repente, em um momento, levei os olhos ao braço que estava sobre mim.

Pelos e tatuagens cobriam toda a extensão.

Gelei.
Definitivamente não era a Sofia.

Pulei em um susto, me obrigando a arregalar os olhos e visualizando, sem muita clareza, o belo homem sem camisa, esparramado de bruços do meu lado.

Sentei na cama o observando, cuidando para que ele não acordasse enquanto eu ainda estava em choque.

O homem familiar aparentava beirar os 30 e poucos anos. Braços fortes, pele clara e várias tatuagens na qual mal conseguia identificar os desenhos, cobriam todo seu braço. Os olhos eram de ares asiáticos e sua boca exibia uma curvatura perfeita. Seu cabelo platinado como neve me chamou atenção.

Eu o conheci na noite passada, mas não o suficiente para desejar acordar ao seu lado.

"Mas que porra é..."

Levei a mão na boca quando o desespero tomou conta.

Me deu um estalo em revisar meu próprio corpo, e foi oque fiz, passando a mão no tronco e pernas que estavam cobertas por um camisetão gigante que, provavelmente, não pertencia a mim. Mas pelo menos estava vestida. Suspirei com um certo alívio.

Maldita hora que fui nas pilhas das minhas amigas, juntando todas as nossas economias para vir comemorar meu aniversário no Rio de Janeiro!  A gente podia ter ido no boteco do Jarbas lá na minha cidade mesmo, como sempre!!!
E de repente, lá estava eu, acordando do lado de um cara que mal conhecia. Já pensou se meus pais soubessem disso!!? Eu seria uma mulher morta!

Tentava realinhar meus pensamentos enquanto beliscava meu braço incessantemente com intuito de acordar daquele pesadelo terrível.

Me mexo na cama, jogando levemente meu corpo para o lado, me livrando aos poucos do braço que ainda estava em meu colo.
Dando 2 ou 3 jogadas de quadris consegui resvalar para fora da cama.
O balanço do colchão fez com que ele se atentasse brevemente, mas muito sonolento, apenas murmurou algumas palavras ilegíveis e soltou um ronco novamente.

Me apressei banheiro a dentro e bati a porta praticamente me jogando ao chão. Me sentei no piso gelado e comecei procurar na memória oque diabos eu pude ter aprontado para merecer aquilo.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora