13. Êxtase

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A luz da manhã me acorda, rolo de costas e me espreguiço, alongando os músculos. Filipe está de costas ao meu lado, dormindo profundamente. Com um braço sobre o rosto, cobrindo os olhos. Com ele ali, tudo estava certo no meu mundinho. Mas também estava exposto.

Em algum momento da noite ele chutou os lençóis, todos estavam no chão, junto ao tapete branco.

Aaaah, o tapete branco.

Acordar ao lado dele com a minha aliança no dedo me fez sorrir como uma lunática. Claro que acordar ao lado do Ret nú faria qualquer uma sorrir.

Eu estava um pouco dolorida entre as pernas em razão dos esforços da noite anterior, mas nada ruim demais. Nada suficiente para me distrair da vista que era o meu marido. Desci um pouco na cama, observando-o ao meu bel-prazer só para variar. Ele quase não tinha umbigo. Era basicamente uma pequena incisão seguida por uma trilha de pelinhos que atravessavam o abdomem. Não era aquela coisa sarada, apesar de todo o resto ser muito bem malhado, ele tinha uma pequena pancinha digna da sua idade. Mas eu amava até isso.

Ficamos na banheira de aguá quente por um bom tempo na noite anterior, por insistência dele, só relaxando, conversando. Foi bom, esclarecedor. Não houve menção à mulher que obviamente o traiu e/ou o abandonou no passado, mas sentia sua presença pairando.

Bom, o tempo o chutaria para fora pela porta dos fundos, tive certeza disso. Mas saber que ele possuía trauma de um antigo amor, me fez imaginar o que restava para mim. A vida inteira só atraí trastes doentes que precisavam de cura, e acabava por me destruir junto com eles. E agora que achei que tinha me superado...

Mas no fim, confiava que ele seria diferente. Só precisava acreditar que essa mulher não tivesse num pódio junto comigo, que eu não tivesse que competir um espaço com ela algum dia. Que ela tivesse mesmo no lugar dela, o passado, como ele mesmo mencionou.

Maldito ciumes.

Calor não é algo que eu tenho registrado como tendo cheiro, mas esse era o cheiro dele. Calor, como se ele fosse a luz do sol líquida ou algo assim. Calor, conforto, lar. Espio o rosto dele. Os olhos ainda estavam fechados debaixo do braço, ainda bem.

O peito sobe e desce num ritmo constante. Eu não preciso que ele e me pegue avaliando seu corpo, pouco importando o quanto os meus pensamentos são poéticos.

Isso seria embaraçoso numa escala que eu preferia não experimentar. Sua pele parece suave, sinto vontade de traçar cada pequena linha do seu corpo.

Aproximo minha mão do seu rosto e contorno a linha proeminente do seu maxilar, um sorriso deixa seus lábios e quase pulo com o susto que levo.

- O que está fazendo? - ele diz com um pequeno sorriso em seus lábios

- Você me assustou - o respondo

- Foi mal - ele diz se sentando sem abandonar o sorriso no rosto. - Bom dia pra você também então. - ele me beija - Eai, está dolorida?

- Só um pouco mas vai melhorar. - ele me puxa para seus braços, me aninhando ali. - A gente vai embora quando?

- Amanha - ele responde enquanto visualiza a paisagem pela janela à frente da cama.

A verdade é que eu não queria ir embora daquele lugar, a calmaria da mata e da praia, eu tinha me acostumado com aquela visão, e eu tinha medo de quando voltássemos a nossa vida normal e monótona, tudo ficaria diferente.

- Fala - ouço ele dizer e fico confusa - Fala oque se passa nessa cabecinha.

- Eu não quero embora, eu me acostumei a ter essa calmaria daqui, e tenho medo de que quando voltarmos, tudo fique diferente.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora