21. Santo Forte

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CINCO DIAS DEPOIS...

Acordei pelada sobre os lençóis de fios Egípcios. Maravilhosa, revigorada, mas com uma terrível dor de cabeça.

Na noite anterior, Ret decidiu fazer um churrasco. Lennon, Orochi e Papatinho se empolgaram e desceram até o HelloBeer, voltando de lá com fardos de cerveja e algumas garrafas de vinho.

Samuel não mostrou sequer mínimo interesse em beber. E na verdade, mesmo que ele parecesse do grupo de amigos, ele estava sempre em trabalho. Por vez, nunca o vi ingerindo nada alcoólico.

Gabriel, me contara a pouco sobre o seu processo de tratamento. Disse que quando se trata de drogas, uma coisa chamava outra. Se bebesse, iriam querer fumar. Bebendo e fumando o cérebro pediriam mais dopamina, logo estaria com a cara fincada em outra carreira de pó, e assim vai... Reabilitação, certamente é doloroso, por isso, decidi distraí-lo, ficando junto a ele no terrásso, conversando por horas a fio, enquanto Lennon se encarregava de subir e descer com a tábua de aperitivos com farofa. Uma pena Alyssa estar viajando a trabalho.

Lá pelas quantas, quando nos acomodamos, Filipe subiu para o quarto com duas taças e uma garrafa de vinho, só para nós dois. Não tive como recusar, afinal, dessa vez, estava segura com ele. E venhamos, não foi uma má ideia. Foram alguns goles, muitas risadas, carinhos e o indispensável sexo no final.

Faziam alguns dias que não aparecia no café. Depois da noite com meus pais, Roberta me ligou e me ofereceu os dias de folga os quais me devia, desde o Natal do ano anterior, eu nem mais os lembrava.

Sua voz estava estranha e fraca, senti que algo errado estava acontecendo. Ao questioná-lo, ela disse que estava resfriada. Tinha certeza de que havia algo cabeludo pairando por ali, e ela, por ser reservada demais, não se opos a me preocupar. Várias vezes, quando algo lhe atordoava, ela batia cabeça e sofria em silencio. De repente, estava tudo resolvido, e só aí, ela juntasse a nós e contava tudo. Era uma mulher responsável, forte e decidida por essência.


Aproveitei meus dias de folga para organizar a mudança para o apartamento. Filipe me pressionara sem parar, dizendo que essa era a oportunidade de fazer tudo com calma. E ele tinha razão. Por vez, consegui carregar todas as poucas tranqueiras que mantinha no apartamento de Sofia em uma única tarde. Choramos juntas enquanto empacotávamos meus pertences, relembrando de todos os nossos momentos morando juntas.

Por outro lado, era necessário me desvincular do compartilhamento com ela e deixar que ela vivesse com Marcos em paz. Sim, eu fiz a coisa certa, por mim, por Filipe, por Sofia, e principalmente pelo meu irmão, que não aguentava mais morar com meus pais. Já era a idade de bater suas asas, assim como eu. E não era o fim do mundo. A final, moraríamos a menos de um bairro de distancia.

Filipe dava pulos de alegria quando minhas coisas chegaram ao Triplex. Basicamente, não tive que mover se quer um braço. Ele e os meninos, subiam e desciam com as poucas caixas. Em uma única noite, acomodei minhas coisas em seus devidos lugares. A pobres e velhas roupas de brechó até pareciam grife dentro do luxuoso closet.

No mais, fiquei feliz por passar um tempo com Filipe. Com tudo resolvido, com a mudança feita, e muitas noites de sexo, tudo parecia estar no seu devido lugar. Era como se o maior plano que nunca fiz tivesse sido concluído.

Nós nos acomodamos a correria excessiva dos finais de gravação. Estúdio, restaurante, estúdio, casa, estúdio, restaurante, estúdio, casa... Em menos de dois dias, consegui sentir o peso da carreira que ele levava nas costas. E vai por mim, não é nada leve, como todos pensam.

Mas era hora de voltar para minhas amadas xícaras e pratos. Se dependesse de mim, nunca me desvincularia do Café. Minha mãe podia pensar que eu estava ficando louca o quanto quisesse. Mas eu amava aquele lugar e a paz que ele me oferecia.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora