8. Sensação

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- Eu já volto- digo lutando para tentar me livrar do sinto de segurança.

Por fim consigo soltar a coisa, com o coração ainda acelerado. A conversa acabou ficando pesada, me pegou desprevenida. Saber que ele quem tomou partido no princípio, que escolheu a mim doque seus amigos, isso mudava as coisas e me fez questionar oque mais precisava saber sobre aquela noite.

- Espera - ele vasculha o porta luvas ao seu lado e me entrega um óculos de sol com ares de aviador.

- Você é famosa agora, lembra?

- A minha bunda sim.

Ele quase sorriu.
Ele ajeita o boné e deixa o braço relaxado sobre o volante. A tatuagem do meu nome estava ali, com toda a sua glória. Estava rosada nas extremidades e algumas letras tinham casquinhas. Eu não era a única permanentemente marcada com aquilo.

- Até daqui a pouco, não demora. - diz ele

- Até

Abro a porta e desço com cuidado, tropeçar e cair diante dele deveria ser evitado a todo custo, ele já tinha visto coisa suficiente.

Cuidei das minhas necessidades e lavei as mãos. Joguei água no rosto e tentei controlar os danos nos meus cabelos. Que piada.

Aquela aventura na qual eu estava metida procurava impedir qualquer tentativa minha de controle. Eu, minha vida, tudo parecia estar seguindo a correnteza, é isso não devia ser tão estranhamente bom como parecia.

Quando voltei, me deparei com ele encostado do lado de fora do Jeep, autografando coisas aleatórias para um bando de rapazes. Dois deles, se entusiasmavam em realizar uma performance para Ret, rimando enquanto outro fazia BeatBox. Eles se divertem por alguns minutos.

Ele estava sorrindo, conversando até me perceber parada nas imediações.

- Obrigada rapazes, se puderem não comentar nada por uns dias, eu agradeço, ok? Precisamos nos afastar um pouco dessa confusão.

- Não esquenta, irmão. - um dos caras se vira e sorri pra mim.

- Parabéns, você é muito mais bonita pessoalmente doque nas fotos.

- Obrigada - respondo sem saber oque mais fazer

Ret pisca pra mim e abre a porta do passageiro para que eu entre.
Outro cara pega o celular e começa a tirar fotos. Ele ignora e corre até o outro lado do carro. Não fala nada até que voltamos a estrada.

- Não fica muito longe daqui - esclarece

Assenti.
Ouvir Filipe falando sobre nosso primeiro encontro colocou as coisas em outra ótica. Aquela conversa excitava minha curiosidade.
O fato de ele ter, de certa forma, escolhido a mim... não havia cogitado essa possibilidade antes.

Ao invés disso, imaginei que nós dois tivéssemos deixado a Tequila falar mais alto e, de algum modo, acabamos juntos naquela confusão.
Eu estava errada, havia muito mais por trás daquela história.

A relutância do Filipe a responder certas perguntas me fez parar pra pensar. Eu queria respostas, mas precisava agir com cautela.

- É sempre assim? - pergunto - Você é sempre reconhecido? As pessoas te abordam o tempo todo?

- Eu sou muito grato por todos eles, por causa deles que cheguei onde estou, significa muito pra mim. Um pouco de perda de privacidade está incluso no pacote - ele diz dando de ombros.

Uma sensação ruim se instaura em mim.

- Você me disse quem era aquela noite, disse?

- Sim, claro que sim. - Ele me lançava um olhar irritado.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora