3. Ilusão

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Após uma parada que fizemos em São Paulo, eu e Daniel voltamos para o jatinho. Faltavam algumas horas de viagem, então decidi comprar um calmante na farmácia do aeroporto, que me causou um tipo de Blackout assim que me deitei, me fazendo dormir por quase todo o restante do voo de volta para o Rio.

A poltrona do jatinho particular era extremamente confortável, ao abrir, virou uma cama melhor do que qualquer outra onde já me deitei.

Se toda aquela merda fosse virar minha vida de cabeça pra baixo, pelo menos que eu aproveitasse cada detalhe desses luxos até que tudo se resolvesse.

Daniel nunca dormia, estava sempre alerta. Quando acordei, ele ainda estava lá, aceso como um robô. Ele me ofereceu uma taça de champanhe , mas recusei. Só a ideia de beber novamente revirava meu estômago.

Eu prometi a mim mesma que não colocaria mais um gole se quer na minha boca, ou Deus sabe o que poderia acontecer.

Minha vida profissional tinha sido jogada pelo ralo, mas pouco me importava, pois eu tinha um único plano: Me divorciar, simples assim, eu iria me divorciar e retomar as rédeas da minha vida.

Só de pensar em tudo aquilo acabando e eu voltando a minha vida normal e medíucre, longe nos holofotes, já me sentia aliviada. Por Deus que tive anseios de quando voltasse as aulas, meus colegas e professores nos corredores da fac sabendo e comentando sobre minha aventura... Deus me ajude.

Já estava convencida de que nunca mais teria uma vida normal. Inclusive, isso acabara com todas as minha chances de me casar com alguém descente.

Quem gostaria de se casar com alguém metida em escândalos? E principalmente, COM O NOME DE OUTRO HOMEM TATUADO NA PRÓPRIA BUNDA?

MALDIÇÃO.

Do lado de fora do AeroBoss outro carro de luxo nos esperava. A grande quantidade de pessoas na rua chama minha atenção por conta do horario.

Encaro o celular em meu colo e me dou conta de que em algum momento precisava de coragem para ligar, Sofia e Luiza deviam estar muito preocupadas porque não dei mais noticias desde que Daniel os deixou em suas casas e seguimos para a dos meus pais no dia anterior.

Pressiono o pequeno botão preto e a tela se ilumina voltando a vida e mostrando 186 mensagens não lidas. Leio e respondo rapidamente as de Sofia, ignorando as demais.

Já passava das três da manhã, quando chegamos na imensa casa. A estrutura era maravilhosa e me deixou deslumbrada com todo o seu tamanho.

Um grupo barulhento de garotas e alguns jornalistas chamam minha atenção. Pelo visto, o casamente andou agitando as coisas por aqui, ou talvez fosse de costume a presença delas ali, não sei.

Os grandes portões de ferro se abrem com nossa aproximação, palmeiras contornam toda a passagem de carros, o lugar parecia ter saído de um filme.

Eu sabia que o último álbum dele tinha estourado diversas faixas e estava no topo das paradas, Sofia viajou para Florianópolis e depois São Paulo assistindo 3 shows em uma semana e todos eles em grandes estádios. Mas ainda assim, nada explicava aquela casa.

O nervosismo voltou contudo. Quando desci do carro me analisei no reflexo, eu ainda vestia a mesma calça jeans e camisetão vomitado do outro dia.

Me vestir a altura tinha sequer passado pela minha cabeça. Agora, só o que me restava era tentar arrumar os cachos descontrolados nela e borrifar um pouco de perfume que levei na minha bolsa. Pode me faltar glamour que essa casa exige, mas meu cheiro seria agradável.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora