12. Tapete Branco

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ATENÇÃO

Esse capítulo contem conteúdo violento e sexual (novamente). Caso seja sensível ou não goste de tais assuntos, não é indicado que leia.

Espero que gostem, boa leitura.


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Passamos a tarde no estúdio de gravação com Orochi e Lennon. Quando Ret não estava gravando, ele me puxava para seu colo. Quando estava ocupado com o microfone, eu ouvia de longe, maravilhada. Ele não toca no assunto das musicas novas oque me deixa cada vez mais ansiosa sobre elas.

Lennon parece satisfeito com um novo beat que Orochi e Ret criaram na noite anterior, balançando a cabeça com o ritmo. Orochi estava radiante atrás da esplêndida mesa de botões e indicadores.

- Manda essa estrofe de novo, Ret. Só que tenta em Lá Menor.

Meu marido assente e seus dedos se movem pela tela do celular em sua mão, acompanhando a letra enquanto produzia uma escala de tons até achar oque precisava.

Era incrível como o tempo passava para eles. Quando Ret estava diante do microfone, ele se perdia, nada mais existia.

Alyssa se manteve ocupada nesse meio-tempo no andar de cima, tendo começado a desembalar algumas das caixas.

Quando ela faz menção de voltar ao trabalho no começo da noite, a acompanho. Não era justo que ela acabasse cuidando de tudo sozinha. Sem falar que isso satisfazia o meu senso de organização interior.

De vez em quando escapava para o porão para roubar um beijo, antes de voltar a subir para ajuda-la de novo. Ret e os amigos permaneciam imersos na música. Vez ou outra, subiam atrás de comida ou bebida, mas logo voltavam ao estúdio.

- É sempre assim quando estão gravando. Perdem a noção do tempo. Orochi já perdeu muitos jantares porque simplesmente se esquece de tudo, da vida em sua volta. - diz Alyssa, com as mão ocupadas numa das caixas. - É o trabalho deles né, mas também seu primeiro amor. Sabe aquela ex-namorada que sempre fica pairando pelos cantos, ligando embriagada no meio da noite pedindo pra voltar? Tipo isso.

Gargalho

- Como consegue lidar com essa coisa de nunca vir em primeiro lugar?

- Você tem que encontrar um equilíbrio. A musica é uma parte deles que você tem que aceitar, querida. Lutar contra isso não adianta. Você já se sentiu verdadeiramente apaixonada por alguma coisa?

- Não - respondo com toda honestidade.

- Tudo bem, ás vezes leva tempo para descobrir do que gostamos. Eu fui nascida e criada como fotografa. Mas nem todo mundo tem a satisfação de se identificar com o seu propósito logo cedo.

- Que legal.

Alyssa sorri, o olhar se perdendo ao longe.

- Foi assim que eu e Orochi nos conhecemos. Saí fotografar um festival de Rap em Porto Alegre, tinha que fazer cobertura completa. Lembro que foi meu primeiro cachê descente. A gente se esbarrou no camarim, tirei umas fotos dele em palco. Depois ele me propôs fazer outras fotos para álbuns, nos apaixonamos aos poucos, e estamos juntos desde então.

- Que historia linda.

- É, sim - Aly suspira - Foi uma época maravilhosa.

- E você estudou fotografia?

- Não, meu avô me ensinou. Ele trabalhava para National Geographic. Colocou uma camera nas minha mãos quando eu tinha apenas sete anos e me recusei a o devolver. Eu carregava para onde quer que fosse. Tudo o que eu via era atravez das lentes. Bom, entende o que eu quero dizer? O mundo fazia sentido quando eu o enxergava assim. Melhor ainda, aquilo tornava tudo mais lindo, especial.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora