5. Cláusula

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A luz do sol atravessava os freixos da cortina quando acordei na manhã seguinte. Alguém esmurrava a porta com toda força, girando a maçaneta na tentativa de entrar.

Eu resolvi o trancar depois da discussão com Ret na noite anterior. Para o caso de ele se sentir tentado a voltar para trocar mais uns rounds de insultos comido.

Levei horas para conseguir pegar no sono, por conta da musica reverberando pela casa toda, e das minhas emoções descontroladas.

-Emili! Oi! - uma voz feminina gritou no corredor - Você está aí?

Engatinhei em cima da cama gigantesca, puxando a bainha da camiseta que estava vestindo.

- Quem é? - perguntei, bocejando sonoramente.- Carmem. Sou a assistente pessoal do Ret.

Entreabri a porta e espiei do lado de fora.

A morena elegante da noite anterior me encarou, nem um pouco impressionada com meu cabelo desgrenhado ou por ter ficado esperando.

Será que todos naquela casa tinham a aparência saída da capa da Vogue? Os olhos dela se estreitaram ao ver a camisa do Filipe estendida ao lado da cama.

- Os representantes legais dele estão aqui para vê-la. Talvez você queira mexer seu traseiro logo. - A mulher girou sobre os calcanhares e se afastou pelo corredor, os saltos batendo furiosamente no piso.

- Obrigada - ela me ignora como se não tivesse me ouvido.

Essa parte do Rio é obviamente uma colônia de cretinos mal educados.

Me apressei no chuveiro, vesti uma calça jeans e uma camiseta limpa.

Era o melhor que eu podia fazer. A casa estava silenciosa enquanto eu percorria o corredor.

Não havia sinal de vida no segundo andar.

Passei um pouco de rímel, prendi o cabelo num rabo de cavalo, mas só. Ou fazia os caras esperarem ou ia sem maquiagem.

Os bons modos venceram, se um bom café tivesse em jogo, eu teria deixado os representantes legais de Ret esperando por mais pelo menos duas xícaras. Funcionar com cafeína zero no sistema parecia suicídio, dadas as circunstancias. Mas, tá!

- Senhorita Goellner- Um homem me chamou, saindo de uma sala á esquerda, vestindo jeans e polo.

No pescoço, ele trazia grossas corrente de ouro. Quem era ele? Mais um do círculo de Ret?

- Lamento, estou atrasada

- Tudo bem, segunda-feira né. - ele sorriu erguendo as sobrancelhas em sarcasmo.

Não sabia se queria confiar nele apesar dos grandes dentes brancos.Estava claro que a natureza não era responsável nem pelo sorriso, tampouco pelo bronzeado.

-Sou Adrian.

- Emili.

Ele me levou para dentro da sala.

Três homens de terno estavam sentados, esperando por mim, atrás de uma impressionante e longa mesa de jantar marmorizada.

Acima dela, outro candelabro de cristal refletia a luz da manhã. Nas paredes, estavam lindos quadros preto e branco. Originais, por sinal.

- Senhores, esta é a senhora Goellner- anunciou Adrian- Pedro Scoob, Paulo André e Douglas Silva são os representantes legais do Ret.

- Por que não se senta aqui, Emili? - Adrian puxa uma cadeira pra mim.

Me sento devagar, tentando não me sentir coagida pelos olhares do bando de águias legais. Para quê tudo aquilo?,quero dizer, todos aqueles colarinhos brancos. Não estava acostumada com o cargo de primeira dama.

Sra. RetOnde histórias criam vida. Descubra agora