Capítulo 20

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Emily

O peito de Lucien sacode com força me acordando em um susto e levanto. Ficando assustada quando ele começa a sacudir em cima da cama, ele leva seu punho fechado batendo com força em seu peito e ofego com o som bruto do atrito, Lucien estava machucando a si mesmo.

Arregalo meus olhos quando ele se senta na cama com falta de ar e agarro sua mão entrelaçando nossos dedos, impedindo que ele continuasse a se bater.

– Não – ele choraminga – Por favor.. por favor.. não!

– Lucien.. Lucien.. – o chamo, mas seus olhos estão fechados e ele reluta em abri-los, como se estivesse com medo do que pudesse ver.

O vento frio acompanhado da chuva faz as janelas sacudirem e corro até elas fechando-as, alcanço uma camisa de mangas compridas e mais dois edredons para aquecê-lo e volto para a cama, Lucien continuava se esmurrando.

Sua mão aperta seu peito com força e puxo seus braços para passar a camisa em seu pescoço com pressa.

– Eu não consigo... não consigo.. – ele diz ofegante.

Lucien não estava respirando.

Subo na cama sentando em seu colo, uma perna de cada lado do seu quadril e o faço vestir a camisa. Minha mão pousa em seu peito e a outra sobe até seus cabelos em um carinho suave.

– Lucien, olha para mim – peço cautelosa, ele nega com a cabeça diversas vezes não querendo abrir seus olhos por nenhum motivo e beijo sua testa demoradamente – Lucien, olha para mim, querido.. – mantenho a voz calma, afim de acalmá-lo também.

– Não faz isso comigo – ele murmura – Por favor..

O cerco com meu braço envolta do seu pescoço, a mão ainda pousada em seu peito sentindo seus batimentos cardíacos acelerados e colo nossas testas uma na outra.

Os pingos da chuva que agora começavam a engrossar batiam contra as janelas do meu quarto, o silêncio da madrugada se tornando tortuoso com a agonia de Lucien alcançando meus ouvidos e deixando-me de coração partido.

– Querido, por favor.. – sussurrei, Lucien prendeu seu ar, suas mãos agarram a minha cintura com tanta força que me machuca, mas estou concentrada demais em fazê-lo respirar agora – Olha para mim..

Aos poucos, sua respiração vai voltando, ainda difícil, mas agora ele respirava e isso já era o suficiente, Lucien abriu seus olhos com relutância, as lágrimas quentes rolavam em minhas bochechas com tremenda agonia por vê-lo assim.

Seus olhos cinzas e confusos encaram os meus em silêncio, sua mão se fecha em cima da minha que ainda está em seu peito sentindo suas palpitações que se tornarem regulares à medida que os segundos se passam.

– Emily.. – sussurra e confirmo com um aceno.

– Sou eu, querido.. sou eu..

– Emily? – ele pergunta piscando outra vez, como se não estivesse mesmo me enxergando.

– Eu tô aqui, Lucien, eu ainda estou aqui – seus olhos ficam marejados, mas nenhuma lágrima escorre pelo seu rosto.

– Estou com medo.. – ele confessa, minha mão toca o lado direito do seu rosto e beijo sua testa com delicadeza.

– Você está tendo uma crise, querido.. eu estou aqui, estou aqui.. – sussurro outras vezes.

Lucien enfia seu rosto em meu pescoço e inspira todo meu cheiro para ele, seus braços me apertam com força contra seu corpo e continuo chorando, ainda assustada em vê-lo assim, nesse estado, tão desesperado, tão vulnerável..

Ele se afasta me encarando dentro dos olhos e seguro seu rosto com as duas mãos, a ponta do meu nariz tocando a sua e roçando de forma suave enquanto o tranquilizo com palavras.

– Olhos lindos.. – ele sorri de forma cansada e não consigo me conter, acabo sorrindo também.

– Está melhor?

– Acho que sim.. – Lucien franze o cenho em confusão e tento sair do seu colo, mas ele me mantém no lugar – Para onde vai?

– Vou sentar-me no banco e tenho que cobrir você, está frio.

– Não – Lucien nega – Fica aqui.

– Eu vou ficar, Lucien – me solto dos seus braços com dificuldade, já que o mesmo não queria me soltar e o obrigo a deitar-se na cama, para depois cobri-lo – Quente?

– Deita comigo, Emily – meu coração erra uma batida com seu pedido repentino e sorri constrangida.

– Melhor não, amanhã você pode acabar não gostan...

Lucien me puxa pela mão, fazendo-me deitar na cama e solto um gritinho assustada. Ele me cobre com os lençóis e viramos de frente um para o outro, apenas nos olhando em completo silêncio, o barulho da chuva lá fora como o complemento do nosso momento.

Seus dedos fazem uma carícia em minha bochecha e sorri para ele, vendo seus olhos brilharem quando outro sorriso alcançou seus lábios.

um sorriso verdadeiro.

– Seus olhos são como o nascer do sol.. sabia? – ele murmura sonolento e faço carinho em seu cabelo.

– É mesmo?

– Sim. Eu gosto deles – Lucien suspira exausto antes de cair no sono, mas acorda de repente – Não sai de perto de mim.

Entrelaço nossas mãos e me aproximo mais dele, ainda virada de frente para ele, minha cabeça encaixa abaixo do seu queixo e seu braço pesado passa pela minha cintura. Espalmo minha mão em seu peito sentindo seu coração batendo em sincronização com o meu.

tum tum tum.

Inalo o cheiro de Lucien e adormeço em seus braços.

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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Onde histórias criam vida. Descubra agora