Capítulo 8

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Lucien

Observo Emily saltar pelo quintal como uma louca fazendo estrelinha diversas vezes uma atrás da outra e respiro fundo, ela para o que está fazendo e coloca suas luvas de boxe roxas focada em seu treino.

Era a primeira vez que eu iria vê-la lutar desde que comecei a ser seu segurança, ouvi seu pai falar sobre o sequestro, que ela havia reagido e batido em três caras, o que, devo dizer, havia me surpreendido completamente.

Porque a garota que eu tinha visto no jardim chorando por uma planta, não parecia a mesma que reagiria à homens armados e ainda sim bateria neles.

Emily acordou diferente hoje, como se estivesse com raiva de alguma coisa e precisasse descontar em algo, percebo pela forma que bate no saco de pancadas com força, e algo mais.. como se fosse ódio, cru e palpável.

Ela rosna irritada e tira as luvas, as jogando no chão.

- O que aconteceu, Emily? - questiono.

- Nada - murmurou - Está tudo bem.

- Você está quase furando o saco de pancadas, Emily - falo, realmente impressionado com seu talento.

- Tive um sonho ruim.. - diz sem me olhar.

- Que tipo de sonho?

- Não é da sua conta - sua voz soa rude e ríspida - Você é pago para ser o segurança, seja um.

Arqueio as sobrancelhas surpreso em vê-la agir dessa forma e suspiro, ela não estava bem mesmo.

- Tudo bem - falo calmo - Lute comigo - Emily para de socar o saco de pancadas, me olhando com tanta raiva que eu me assustaria se já não tivesse visto de tudo nessa vida.

- Lutar com você? - sorriu de canto - Você está querendo apanhar, Sr. Martínez?

- Melhor lutar com algo que sabe se defender, não acha?

- Você não dá conta de mim, Lucien - rebateu.

Assenti caminhando até a cadeira próxima e retirei meu terno, ficando apenas com a camisa social e arregaçando as mangas.

- Vamos ver se é verdade mesmo essa sua valentia.. ou aqueles caras só eram bundas moles mesmo.

Emily sorriu ladino retirando suas luvas, a calça leggin e a blusa regata preta colando em seu corpo e o cabelo preso. As gotas de suor escorrendo em sua testa e as bochechas coradas pelo esforço que ela havia feito desde que acordara.

- Vamos lá, Emily, me mostre se você é mesmo capaz de alguma coisa - atiço, sabendo que ela já estava por um fio de explodir sua raiva, até porque a mesma estava bastante estressada com as semanas que estava passando resolvendo as papeladas da sua empresa.

Ela corre até mim tão rápido que não consigo captar seus movimentos, deslizando na grama do jardim e me atacando pelas costas com um chute, mas eu sou mais rápido, giro antes que sua perna me acerte e agarro ela no ar, a empurrando contra a parede e pressionando meu corpo nela.

Nossos corpos quentes e suados misturados um no outro, a respiração escassa de Emily me deixando desnorteado e um arfado baixo escapa dos seus lábios. Olho em seus olhos que me encarava com desafio e garras, me mostrando a outra face de Emily díaz, a que ficava escondida por trás dos sorrisos amorosos e da menina boba, pronta para te atacar se fosse preciso.

Quando mais a conheço, mais interessante ela fica.

- Você é boa, mas eu sou mais rápido, hermosos ojos.. - sussurro com meu rosto próximo ao seu.

Me afasto antes que eu tome alguma atitude idiota ou deixe que ela olhe demais para mim e pesco meu terno que está preso na cadeira.

- Mais calma?

- Não.

- Afinal, o que você sonhou que te deixou assim, tão irritada?

- Com o dia do meu sequestro - confessa, me deixando estagnado por ela falar sem se importar com nada.

- Aconteceu mais alguma coisa naquela noite que a gente não sabe, Emily? - pergunto, meu modo alerta ligado para todos os sinais que seu corpo poderiam me dar de um possível abuso.

Seu pai não entrou em detalhes, mas também sei os riscos que uma mulher pode correr nas mãos de marginais sedentos e asquerosos.

Emily ficou rígida, entregando para mim que havia algo mais que ela não havia dito sobre aquela noite e olhou para o canto, como se estivesse revivendo tudo.

- Não aconteceu nada - diz, por fim.

- Emily.. você sabe que tem que contar se alguma coisa grave aconteceu, não sabe? - questiono preocupado.

- Eu sei, Lucien, não foi nada, apenas fico com raiva quando lembro daquele dia.. - ela diz, porém, Emily é uma péssima mentirosa.

- Certo.

Opto por não tentar arrancar respostas dela, Emily está fechada para conversar sobre aquele dia e não é a enchendo de perguntas que eu vou conseguir arrancar algo dela.

A resposta que eu precisava, eu já tinha, aconteceu sim alguma coisa aquela noite que ela não contou para ninguém, algo que a atormenta o suficiente para ativar o pior lado dela.

e eu iria descobrir.

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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Onde histórias criam vida. Descubra agora