Capítulo 2

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Emily

Aperto meus dedos um no outro vendo minha chefe, Laila, analisar toda a coleção de verão que eu havia passado semanas fazendo - em meio à surtos, mas a gente releva isso - e engulo em seco.

Ela era uma mulher com seus 29 anos, alta, loira e a pele alva, Laila era bonita, porém era uma chefe rude e rígida demais, e é por isso que muitos dos funcionários não a suportavam.

Por mais que muitos se questionam porquê não abro a minha própria empresa de moda, é mais difícil do que pensam, eu, particularmente, não me acho capaz de conseguir administrar uma empresa sozinha.

é isso aí, Emily díaz tem medo do desconhecido.

Qualquer coisa que me faça sair da minha zona de conforto me assusta e me causa ansiedade, não me acho altamente capaz de ser alguém tão grande na vida.

- O que é isso, Emily? - Laila pergunta e aperto meu colar, nervosa.

- Bom, hum.. a coleção de verão que você me pediu..

- Essa coisa horrível é o que você tem para mim? - diz rude, sua voz me fazendo estremecer e me deixando triste.

A coleção não estava feia, eu havia trabalhado até mesmo nos mínimos detalhes para que Laila aprovasse, mesclando cores vivas com cores neutras para não ficar algo chamativo demais.

- Se você der uma olhada melhor.. - insisto.

- Isso está horrível, Emily!

- Mas..

- Eu pensei que você fosse talentosa, menina.. mas desde que entrou aqui você só mostra que é mais uma no meio da multidão.

Bingo.

Obrigada, Laila, por dizer à Emily díaz o que ela sempre tem ouvido desde pequena.

- Desculpa, senhora.

- Vou dar mais uma chance para você - diz sem me olhar e ofego eufórica.

- Jura? você vai mes-

- Vou, agora saia da minha frente e vai trabalhar!

- Não vou desapontar você - recolho as folhas e saio da sala, por mais que eu quisesse ficar brava com Laila, eu me conhecia o suficiente para saber que já havia a perdoado.

mais uma chance, Emily - pensei.

Me sento em minha mesa, estralando os dedos e voltando ao trabalho para tentar esquecer a dor em meu peito de não ter sido capaz de agradá-la com o que eu fiz.

Ao anoitecer, saio da empresa as pressas sentindo uma enorme vontade de chorar, meus olhos ardendo à medida que as lágrimas rolam em minhas bochechas, com as palavras de Laila martelando em minha mente.

Lucien salta do carro com a mão na arma presa em seu coldre e corre até mim assim que me vê, agarrando meus ombros com delicadeza.

O toque áspero as suas mãos me fez estremecer, como se estivesse me queimando por dentro de uma forma boa, franzo o cenho olhando para as suas elas que me causam uma sensação de conforto e ele rapidamente as tira, como se estivesse arrependido por ter me tocado.

- Por qué lloras? - pergunta rápido, para depois se corrigir - Por que está chorando?

- Me leva para casa, Lucien - peço, entrando no carro de uma vez por todas e deixando-o confuso para trás.

- Emily..

- Lucien, por favor, me leva embora.. - peço enxugando as lágrimas.

- Está bien - diz, para depois entrar no carro e dirigir em silêncio, não fazendo mais nenhuma pergunta para mim, e agradeci internamente por isso.

Corro para o meu quarto e me jogo na cama, o cheiro das diversas plantas que tem na minha varanda me acalmando aos poucos e suspiro baixo.

- Emily? - Lucien me chama atrás da porta.

- O que você quer? já está dispensado por hoje.

- Alguém mexeu com você?

- Só tive um dia ruim, Lucien, não se preocupe.

- Foi a sua chefe de novo? - pergunta, me deixando em silêncio e analisando se responderia ou não - Pelo silêncio, suponho que sim..

- Vai embora!

- Eu vou, mas primeiro tenho algo para lhe entregar, se você parar de chorar por pelo menos dois segundos e abrir essa por-

A abro, os olhos cinzas me encarando com intensidade e uma sobrancelha arqueada, fazendo meus pulmões pararem de trabalhar.

- Seu pai me disse que para dias tristes eu tinha que comprar isso - diz, entregando uma sacola com doces em minhas mãos.

sorri - Meu pai é sempre tão exagerado, obrigada, Lucien.

- Tanto faz - diz rude - Só estou fazendo o meu trabalho, sendo sua babá.

Ele se vira de costas indo embora e bufo, nunca ia entender essa mudança rápida de humor que ele sempre tinha, como se fosse outro Lucien tomando conta do lugar.

Deito na cama puxando meu celular e digito uma mensagem para papai.

"doces em dias tristes? você é dez, pai, obrigada."

Não demora nem dois minutos até que eu receba a sua resposta, que me deixou completamente confusa.

"do que você está falando, meu amor?"

"os doces que você mandou que entregasse, pai"

"filha, eu não fiz nada disso.. você está bem?"

desligo a tela do celular olhando para a sacola na minha frente e não consigo evitar o sorriso que escapa dos meus lábios.

Lucien.

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Boa leitura! ❤

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Onde histórias criam vida. Descubra agora