Capítulo 21

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Lucien

Eu praguejo quando a luz do sol cai em meus olhos e os aperto com mais força. Porra, por que diabos não fechei as cortinas ontem à noite?

Inalo o ar sentindo o cheiro doce de Emily entrar em meus pulmões e abro os olhos abruptamente. Olho para baixo, a coisinha pequena deitada junto a mim e apertando minha camisa com força, seu semblante sereno e calmo enquanto respira devagar, sua cabeça perfeitamente encaixada na curva do meu pescoço e nossas mãos entrelaçadas.

meu coração acelera.

Emily está aqui. Emily está comigo.

Mas o que diabos ela está fazendo aqui, deitada comigo?

Lembro-me de ter chegado em casa, de tomar banho e esperar que Hawk a trouxesse para casa, sei que desmaiei por estar... machucado. Meus olhos caem na minha barriga e só então sinto o curativo grudado nela.

Emily cuidou de mim? meu coração acelera outra vez, mas agora não era mais por algo bom, e sim, pavor. Ela com certeza viu como sou.

por que ela ainda continua aqui, tão agarrada em mim desse jeito? depois de ter visto o homem horrendo que sou..

Pisco várias vezes me afastando da cama lentamente sem fazer barulho e acabar acordando-a, caminho até o espelho com a dor em meu peito cada vez mais forte e presente, como se eu fosse ser esmagado por dentro.

Eu levanto a minha camisa apenas um pouco para ver meu ferimento e travo o maxilar. Por quanto tempo Emily me viu assim? tão vulnerável?

Ando até a escrivaninha pegando a jarra de água e me servindo no copo, minha garganta estava seca demais. Emily murmura baixo na cama, os dedos esfregam seus olhos e sua boca se abre um pouco, um movimento tão sutil mas também tão..

lindo.

Balanço a cabeça pronto para sair da cama, mas ao chegar na porta, ouço a rouquidão da sua voz suave e travo meus pés no chão.

- Lucien? - me chama, meu peito vibrando com as batidas rápidas do meu coração - Lucien? - me chama outra vez quando não a respondo, mas estou sentindo demais para fazer algo.

É como calafrios, que correm dos meus pés até a nuca a cada vez que ela chama meu nome, a cada vez que olho em seus olhos. Como se estivesse me guiando em meio à tanta escuridão.

Me viro para encará-la, Emily ofega saindo da cama nas pressas e caminhando até mim de forma desengonçada, seus pés tropicam no chão e ela quase cai, mas se mantém de pé mesmo com as pernas meio moles por ter acabado de acordar.

- Você está bem? - pergunta em um fio de voz e aceno em confirmação.

- Sí, estoy bién - contenho o sorriso para mim ao vê-la apertar as sobrancelhas confusa e reviro os olhos - Estou bem.

- V-você.. - ela hesita, ofegante como se eu estivesse puxando todo o ar para mim, por que ela continua me olhando assim?

- O que houve?

ela engole em seco limpando a garganta e inspira, para depois soltar todo o ar.

- Você se lembra de algo?

Arqueio as sobrancelhas.

- Me lembrar do quê?

- Bom.. - ela morde o lábio inferior me fazendo encarar sua boca e cora como um pimentão quando percebe meu olhar - Você disse algumas coisas..

- Que coisas? - Emily está corando, muito. Seu pescoço, ombros e até as orelhas estão vermelhas - Eu fiz alguma besteira?

- Não! - nega de imediato - Você não disse nada demais.

HERDEIROS #3 - TENTAÇÃO IRRESISTÍVEL Onde histórias criam vida. Descubra agora