os segredos de Anthony Bridgerton (I)

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Se tem uma coisa que Anthony detesta mais do que barulho e lhe contradizerem, é ficar confuso sem saber o que fazer e não tomar a decisão rápido o suficiente quanto seu corpo a andar.
Se ele queria alguma coisa, ele tinha que se decidir na hora! Indecisão era inadmissível, qual era a maldita dificuldade de decidir e fazer?

Ia casar com Clarice! Estavam todos cientes disso. Não tinha o menor desejo por ela, era uma moça bonita, educada, gentil amigável. Mas era só divertido e confortável conversar com ela. E isso era ótimo! Não ter todos aqueles sentimentos ridículos de gostar de alguém, isso aconteceu uma vez, e era suficiente pra que ele desistisse completamente.

Eram sempre puras e incompetentes e ponto.
A parte da consumação seria fácil, ele a trataria muito bem, como merecia ser tratada.
Ele bem... Só não amaria ela, de fato.
Uma das coisas que temia, era ela amar a ele, se quer saber, ele já achava que ela estava começando a sentir isso. Era apavorante, talvez fosse esse o motivo da sua indecisão.

Mas já tinha cedido, querendo ou não, estava cortejando ela. Com isso, casariam.

Porque ele precisava cumprir seu papel, precisava se casar porque já tinha passado do tempo e esse era o seu dever. Ele querendo ou não, e ela era perfeita pra isso, seria uma amiga, ele não queria se casar por amor.

Precisava se casar porque jamais alcançaria seu pai, jamais passaria da idade e do que ele foi. Então era isso, ia se casar com Clarice dragoner. E a faria feliz como tinha que ser. Sem amor.

~

- Eloise Bridgerton! Me devolve isso aqui agora! - gritou Colin para a irmã. Enquanto ela andava para a cozinha em passos largos.

- Colin, você tem que parar de comer esse doce de chocolate. Está parecendo um bolo de casamento grande. - rebateu a irmã mais nova, subindo os braços.

- Está me chamando de gordo? - perguntou ele, os olhos cerrados - e você sabe que eu consigo alcançar seus braços né?

- Quem disse? - disfarçou ela

- Eu disse! - rebateu ele, erguendo as mãos e pegando doce de chocolate com facilidade.

- Desse jeito Lady Dragoner não vai querer nada com você! - disse Eloise, cruzando os braços e sorrindo amargamente.

- Lilyan Dragoner? - perguntou uma voz da porta entrando na cozinha - achei que Benedict quem a estava cortejando.

Sua voz era meio indiferente, seca, e amarga. Eloise percebeu ao ver Anthony parado ao encosto da porta.

- O que? - gemeu ele - não! Vocês ficaram loucos?

- Estava falando de Sarah. - Corrigiu a irmã - Sarah Dragoner aquela dama gentil que toca piano.

Disse ela com clareza, e um tanto de exagero na voz.

- Olha só irmãozinho. Está é nova, não acabou se sair das fraldas? - perguntou Anthony, em tom zombeteiro.

- Já chega! - Colin gritou, com estresse se virando pra Eloise - eu não estou gordo, e eu como o que eu quiser. - Deixou claro, e se virou pra Anthony - e eu não estou cortejando Sarah Dragoner, e muito menos a senhorita Lilyan!

- Quem está cortejando lilyan? - perguntou outra voz, entrando pelos fundos a cozinha.

Colin bufou, revirando os olhos.

- Não sou eu - falou Colin, com impaciência - agora se me derem licença, tenho coisas a fazer.

Anunciou e saiu pela porta, rapidamente. Eloise olhou para os dois irmãos, e revirou os olhos também.

- Estou saindo.

Anunciou e logo já estava atravessando o batente da porta. Benedict olhou para Anthony, depois apenas fechou o caderno que estava em mãos e se dirigiu para fora do lugar.

- Fiquei sabendo que levou a senhorita Dragoner pra casa ontem - murmurou Anthony, antes que ele saísse - Lilyan.

Disse o nome dela, pra certa identificação.
Benedict parou, suspirou, mas não se virou, apenas bateu os braços ao lado do corpo quando foi responder.

- sim, ela não estava bem. - falou ele, com uma calma assustadora - ela só não me contou porque. Ainda.

Anthony franziu a testa, confuso de verdade, a forma como ele disse deu a entender que ele tinha culpa naquilo. Mas mal tinha falado com Lilyan naquele jantar, só um comprimento e...

Deus, será que ela?

- Espero que descubra - foi o que Anthony disse, se desleixado da porta para sair.

- Sim - disse Benedict, se virando para o irmão mais velho - mas e você, não sabe de nada?

O rosto de Benedict representava uma máscara fria, congelante e indiferente, talvez irritada.

- Não, não sei. Se não teria lhe dito - respondeu Anthony, de imediato, ainda que calmo.

- Anthony... Se eu souber que você, fez qualquer-

- Que eu fiz o que? - perguntou o mais velho, os olhos cerrados - acha que eu a comprometi? Que eu forcei ela a algo?

- Eu espero que não. - foi a resposta dele.

- Eu vou me casar, Benedict. E você sabe - disse Anthony, entre dentes

- Eu sei, e sei também o irmão que tenho. - respondeu ele, as mãos mechendo levemente - e me parece, que eu sei mais dos seus próprios sentimentos do que você.

Anthony não entendeu o que ele quis dizer com aquilo, e também não conseguiu perguntar. Ficou quieto, parado perto da porta.

- Então não faça uma besteira maior do que você já está fazendo ao se casar com Clarice.

Dito isso, ele saiu daquele cómodo. Anthony ainda ficou parado por alguns minutos, os olhos correndo a sala a volta. Por um momento ele não conseguiu pensar em nada.

Anthony passou o resto do dia com a mãe, preparando a lista de convidados para Aubrey Hall, a semana que eles faziam todo o ano com bailes e todo resto.

A última pessoa da lista não o impressionou, tinha certeza que iam. Ainda sim, ainda sim. Seu coração deu um salto, e ele sentiu que poderia sair pela boca.

Lilyan Dragoner.

Culpa do amor - Anthony Bridgerton - 1° Livro  Onde histórias criam vida. Descubra agora