Culpa do amor - Anthony Bridgerton - 1° Livro

Os segredos de Anthony Bridgerton (III)

O gramado do quintal da casa Bridgerton ficava exatamente de frente para porta grande dos fundos. E Anthony se divertia ao ver alguns empregados atrapalhados passarem pela porta trazendo algo desajeitadamente. Esperando os outros chegarem para o jogo. Quando Lilyan Dragoner passou por ela, ergueu os olhos para adiante da paissagem e inclinou a cabeça de maneira muito semelhante à que fizera ao descer da carruagem mais cedo. A luz dos candeeiros, de ambos os lados da porta, banhou sua pele com um brilho reluzente.

Neste momento, Anthony perdeu imediatamente o fôlego.

Clarice não estava com ela.

Apoiou as mãos no pequeno muro da estrutura, com um baque surdo. Aquilo estava ficando ridículo. Ele não enganaria a si mesmo dizendo que a tensão em seus músculos não tinha nada a ver com desejo.

Droga. Ele nem se quer gostava daquela mulher. Ela era muito misteriosa, muito teimosa, desconfiada, e tirava conclusões rápido até demais.
E não era nem bonita. Não era... Ao menos quando comparada com outras damas dentro do padrão de Londres para a temporada, principalmente a própria irmã. Dos olhos castanhos e cabelos da mesma cor vibrante. É claro que era muito difícil ver uma mulher ruiva na sociedade, e...

O rosto era vermelho demais, o queixo, bem pontudo, os olhos eram... Grandes e inexpressivos, o cabelo vermelho demais. Tudo nela era excessivo. Até a boca, que o matara de constrangimento com seu fluxo de boas maneiras e postura mesmo que não tão perfeita quanto a de Clarice, ou sua irmã Daphne que ligavam muito pra isso. Era carnuda demais. Nas raras ocasiões em que ela ficava parada, sem sorrir ou ser gentil com alguém e o proporcionava um abençoado instante de silêncio, tudo que viam era os lábios, ou o cabelo, mas os lábios, cheios, carnudos, mal desenhados e beijáveis.

Beijáveis?

Anthony extremeceu. A ideia de beijar Lilyan Dragoner era assustadora. Na verdade, o simples fato de sequer pensar nisso deveria ser o suficiente para mandá-lo para o manicômio.

Ainda sim...

Anthony se deixou cair numa cadeira daquele jardim... Ainda sim, sonhara com ela.

~

Elas se aproximaram, Daphne falava com elas. Sarah, não Clarice. Estava acompanhando a irmã mais velha. E Anthony achou aquilo plasivelmente estranho... Se levantou, enquanto Colin também se aproximava dos arcos no chão, preparados para o jogo.

Ele fez o mesmo, sem questionar do porque a dama dos cabelos castanhos não estava ali. Talvez não quisesse jogar, de fato.

- Vocês decerto gastaram todo o tempo que podiam vindo pra cá. E você - observou Benedict, apontando o dedo para a irmã. Daphne - explicando cada mínimo detalhe pra elas.

- como queriam que elas jogassem sem saber as regras do jogo? - rebateu a irmã, cruzando os braços na altura no peito.

- não achei que contar nossas estratégias de jogo fosse parte da explicação de como se joga - disse ele, estreitando os olhos na direção da mais nova.

- Você... Como você?

Ele apenas piscou, pegando um taco pra si. Sem olhar muito.

- vamos logo com isso, já enrolaram demais - falou Collin - Anthony, você fica com o cor-de-rosa, e Sarah com o azul.

- eu fico com o cor-de-rosa enquanto ela - apontou para Lilyan - fica com o taco da morte.