Culpa do amor - Anthony Bridgerton - 1° Livro

A caminho do altar (I)

A noite já estava se aproximando e enquanto Lilyan observava o por do sol se lembrava do baile que teriam que ir em algumas horas, sendo realista ela não estava muito animada com isso, pensou em sugerir ao pai que ficasse mas a Rainha estaria lá, e como estava tendo lições com ela a alguns meses tudo que menos queria era parecer desrespeitosa. Ela estava pronta para entrar quando percebeu alguém se aproximar, seu pai parou ao seu lado, as mãos estavam atrás das costas e ele parecia mais quieto que o comum. Lilyan e Gilbert sempre tiveram uma boa relação, ocasionalmente os membros da alta sociedade diziam o quanto eles pareciam unidos.

- Tenho que lhe perguntar, - ele suspirou, enquanto olhava o sol se esconder - está mesmo tudo bem com você, filha?

- Sim, por favor, não se preocupe comigo, papai. - insistiu, mas mesmo que dissesse isso incontáveis vezes, conhecendo a filha, Gilbert nunca conseguiria não se preocupar.

- Me pergunto se nenhum de vocês dois terá a coragem de acabar com o que está acontecendo - a ruiva levantou os olhos para observar o pai, confusa com o que havia acabado de escutar. - eu não sou tão simplório ao ponto de não notar como você e Lorde Bridgerton gostam da companhia um do outro.

- Não imagino do que o senhor possa estar falando, papai - Lilyan suspirou, desviando os olhos para a paisagem a sua frente.

- No entanto, devo admitir que no começo não notei, afinal, ele me pediu permissão para cortejar Clarice e imaginei que talvez estivesse mesmo interessado nela. - ele resalatou, ponderando de vagar - todavia, não demorou muito para perceber que a atenção dele sempre esteve em você.

Lilyan não disse nada desta vez, manteve silêncio enquanto observava o sol que desaparecia ao longe.

— Eu não poderia... - ela suspirou - eu não poderia fazer isto com a minha irmã. Clarice nunca me perdoaria.

A ruiva virou-se para o pai, os olhos levemente marejados e o rosto com um semblante triste.

— Ela já me abomina por ter concordado em me tornar rainha. Pai, eu não posso...

Gilbert apenas abraçou a filha, acariciou seus cabelos enquando sussurrava palavras de afeto. Garantiu a mais nova que se não desejasse ir ao baile poderia ficar, a mesma questionou sobre a rainha mas ele a assegurou de que ela entenderia. Reconhecendo que era melhor ficar em casa, Lilyan concordou e seus irmãos partiram para o baile quando a noite já havia se instalado.

~

A

nthony estava cortejando uma moça, e por esta razão deveria estar em todos os bailes grandes e importantes da alta sociedade, era uma das coisas que lhe encomodava um pouco. Anteriormente, quando não cortejada nenhuma dama ele não era obrigado a cumprir com estes papéis sociais, ia a bailes no qual se interessava, e se desejasse ir.
Por agora, estava de braços dados com a viscondessa Bridgerton, sua mãe, nos cantos dos salões enquanto esperava a família Dragoner chegar. E assim que os viu entrar pelos portões suspirou agradecido, quanto mais cedo chegassem, mais cedo poderiam ir para casa.

Clarice se aproximou junto ao pai Anthony passou os olhos pelo salão, não viu Lady Dragoner, Lilyan não estava acompanhada deles. Não tinha vindo. Um tanto confuso com a situação Anthony se virou para a família que vinha em sua direção, cumprindo seu papel como noivo e beijando gentilmente as mãos de sua futura esposa após comprimentar o pai dela.
Em alguns longos minutos de festa e duas danças prestadas a Clarice Anthony pediu licença alegando que iria realizar suas necessidades e no entanto, desviou o caminho para a varanda da bela casa.

Ficou consideráveis minutos em devaneios, estava inquieto, saberia Deus porque, observando os cantos no salão a de tempos em tempos e tentando convencer a si mesmo de que não estava procurando por ela, pela bela senhorita de cabelos ruivos que sempre chamava a atenção mesmo sem dizer uma palavra.

— Lorde Bridgerton... - se virou, ao ouvir seu nome ser chamado e se assustar ao notar que quem estava ali era Clarice. - o senhor está bem?

— Senhorita Dragoner, eu estou bem, obrigado. Volte para dentro, em alguns instantes estarei lá para mais uma dança '- Anthony deu alguns passos a frente, mantendo a voz firme ao falar com cautela.

— O senhor nem ao menos fez algum esforço para esconder a carta que escreveu a ela... - Clarice sussurou, enquanto Anthony a observava confuso. - Você contou ao mundo inteiro, com os olhos, como trouxe está garota para nossa cama.

— Perdoe-me, do que a senhorita está falando? - Anthony perguntou, os olhos atentos e extremamente amedrontados.

— E ao limpar o vosso nome, arruinou as nossas vidas... - ela continuou - Deus nos livre se alguém cochichar, "ela faz parte de alguma trama", seus inimigos sussurram então você tem de gritar!

Anthony pensou no que poderia dizer, mas ainda estava tentando compreender o que ela poderia estar querendo dizer.
Estava visivelmente nervosa, ou chateada, ele não conseguia determinar nitidamente.

— Eu sei do que falam, eu vejo como olha para a minha irmã. 

Anthony sentiu seu corpo congelar aonde estava, aos mãos tremerem e seu coração palpitar mais forte.

— Senhorita Dragoner? - ele deu um passo a frente, tentando se aproximar mas ela se afastou, levantando os braços para longe.

— Nem ao menos tente! - ela ordenou para que ele não se aproximasse - eu não sou ingênua. Eu vejo mulheres perto do senhor.  Acha que não consigo perceber como elas caem aos seus encantos?

Clarice segurou a barra do vestido e Anthony pensou ter visto uma lágrima escorrer de seus olhos.

— Todos os seus encantos!

Clarice se virou e então caminhou para longe dele, Anthony não imaginou o que poderia fazer para amenizar aquela inteira e triste situação. Talvez ele não estivesse mesmo sendo honesto com ela, talvez devesse mesmo ter encerrado aquele noivado, entretanto, tudo que menos queria era um escândalo envolvendo a família Dragoner. Anteriormente ele disse a ela que não seria um casamento por amor, estava fazendo isso para cumprir com seus deveres como Visconde e não queria a "enganar" com isto. Mas Clarice se arriscou desta maneira sem ao menos se importar com isto.

Desejando ser amada pelo Visconde, que já havia lhe dito que não poderia oferecer isso a ela.
E neste momento precisava saber o que fazer...